Pesquisadores aprisionam antimatéria por 16 minutos
Experiência realizada pela Organização Europeia de Pesquisa Nuclear ajudará a entender melhor o funcionamento das partículas e até a origem do universo
Pesquisadores da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN), com sede na Suíça, conseguiram aprisionar átomos de antimatéria (correspondentes da matéria, mas com carga elétrica oposta) por mais de 16 minutos – tempo suficiente para que possam ser estudados em detalhes. A façanha pode levar a um entendimento mais aprofundado das partículas e dar pistas sobre a própria origem do universo.
O mundo que nos cerca é aparentemente feito todo de matéria: algo que tem massa, ocupa lugar no espaço e está sujeito a leis da física como inércia e gravidade. Teoricamente, para toda matéria, há um correspondente com carga oposta. Por exemplo, um átomo de anti-hidrogênio – elemento usado na experiência do CERN – é o inverso completo do átomo de hidrogênio. Enquanto o átomo de hidrogênio é composto de um próton circundado por um elétron (que tem carga negativa), o anti-hidrogênio tem um pósitron (que tem carga positiva) circulando em torno de um antipróton.
Ocorre que a natureza parece ter uma preferência pela matéria, o que permitiu que matéria e antimatéria no Big Bang não se aniquilassem e que houvesse a brecha necessária para a constituição de quase tudo o que existe. Além disso, até hoje ninguém conseguiu encontrar resquícios de antimatéria proveniente desta explosão primordial, o que abre as portas para diversas especulações.
A melhor forma de estudar esta tendência da natureza pela matéria atualmente é comparar o hidrogênio com o seu “espelhos”: o anti-hidrogênio. Em novembro do ano passado, cientistas conseguiram aprisionar antimatéria em laboratório pela primeira vez.
O problema é que, em novembro passado, os átomos foram aprisionados por apenas 172 milissegundos, tempo insuficiente para estudos mais detalhados. Desta vez, de acordo com o artigo, publicado na versão online da Nature Physics, cerca de 300 antiátomos foram capturados por 16 minutos. Isso permitirá aos cientistas mapear de forma precisa os átomos de anti-hidrogênio e compará-los aos de hidrogênio – o primeiro elemento da tabela periódica e um dos mais conhecidos pela física atualmente. Além disso, os pesquisadores podem utilizar o método para estudar os efeitos da gravidade sobre a antimatéria e fazer medições necessárias para analisar o comportamento de partículas no universo.
O próximo passo é começar as medições dos átomos de anti-hidrogênios para determinar se eles absorvem exatamente as mesmas frequências – ou energia – que seus correspondentes “visíveis”.