Satélite Brasil-China poderá ser lançado em 2012
Projeto de colaboração entre os dois países está atrasado; e chineses cobraram uma definição de cronograma
O Brasil assumiu na segunda-feira o compromisso de lançar em novembro de 2012 a nova versão do satélite que desenvolve em conjunto com a China, afirmou o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp. “Temos de cumprir nosso cronograma porque estamos cinco anos atrasados”, declarou Raupp. “E um atraso poderá ‘implodir’ o relacionamento com o país asiático”, emendou, depois de reunião, em Pequim, do grupo bilateral responsável pela cooperação espacial.
Iniciado em 1988, o programa é o mais sólido pilar da relação Brasil-China e levou ao lançamento de três Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres, chamados de Cbers (sigla em inglês) e numerados como 1, 2 e 2-B. O quarto, o Cbers-3, deveria ter entrado em órbita em 2007, mas o Brasil não cumpriu os prazos de entrega de equipamentos previstos no acordo.
Os brasileiros ouviram dos chineses cobranças para definição de um cronograma detalhado que permita o lançamento do Cbers-3 em novembro de 2012 e do Cbers-4 em 2013. Segundo o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, uma das razões para o atraso é a dificuldade da indústria nacional em desenvolver e produzir os equipamentos que deverão ser entregues pelo Brasil. Nos três primeiros satélites, a China era responsável por 70% dos componentes. Agora, a divisão é de 50% para cada país. “Aumentou a complexidade e a parcela que cabe ao Brasil”, disse.
O principal desafio brasileiro é de pessoal. A montagem do satélite começará em novembro e exigirá a contratação pelo Inpe de 60 funcionários para trabalharem na China pelo período de um ano, em esquema de rodízio. Na semana passada, Câmara anunciou que deixará o cargo em dezembro, dois anos antes do término de seu mandato. “Estou frustrado porque o Inpe não recebeu do ministério os recursos humanos necessários para renovar sua equipe”, disse. Segundo ele, um eventual novo atraso no cronograma colocará em xeque não só o programa, mas a capacidade do País de cumprir acordos internacionais.
(Com Agência Estado)