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ONU e EUA dizem que Brasil não fornece dados suficientes sobre o zika

De acordo com OMS, é provável que o país tenha oferecido menos de 20 amostras para que institutos de pesquisa estrangeiros determinem se o zika está ligado ao aumento nos casos de microcefalia

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 15h59 - Publicado em 4 fev 2016, 15h29

O Brasil não está compartilhando amostras e dados suficientes relativos ao vírus zika para pesquisadores estrangeiros, disseram autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos Estados Unidos nesta quinta-feira (2). As amostras são necessárias para que os cientistas façam análises e determinem se o zika está ligado ao aumento do número de bebês nascidos com microcefalia nos países da América do Sul. O surto do vírus fez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarasse estado de emergência internacional na última segunda-feira.

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A falta de dados está forçando os laboratórios nos Estados Unidos e na Europa a trabalharem com amostras de surtos anteriores, o que é frustrante para os esforços de desenvolver testes de diagnóstico, medicamentos e vacinas. Os cientistas disseram à agência Associated Press que possuem poucas informações para trabalhar e que isto está prejudicando a capacidade de rastrear a evolução do vírus.

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Um grande problema para o compartilhamento de amostras é a legislação brasileira. Neste momento, é tecnicamente ilegal que pesquisadores e institutos compartilhem material genético de brasileiros, incluindo amostras de sangue contendo zika e outros vírus.

“A partilha de amostras é uma questão muito delicada. Advogados precisam ser envolvidos”, disse Marcos Espinal, diretor de doenças transmissíveis do escritório regional da Organização Mundial da Saúde, em Washington. De acordo com o diretor, é provável que o Brasil tenha fornecido menos de vinte amostras a outros países para o estudo.

Entraves da legislação – Em maio do ano passado, quando os primeiros casos de zika começaram a surgir no Brasil, a presidente Dilma Rousseff assinou uma lei para regular o uso de material genético do país. No entanto, o quadro regulamentar ainda não foi elaborado e, até que ele seja feito e aprovado, os pesquisadores não podem enviar as amostras para outros países.

“Até que a lei entre em vigor, nós estamos proibidos de enviar as amostras para o exterior. Mesmo que quiséssemos, isto ainda seria considerado um crime”, disse o presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Paulo Gadelha.

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As amostras que chegam aos Estados Unidos, geralmente por meio de pessoas que possuem meios particulares para enviá-las, ainda são insuficientes para o avanço nos testes. “É praticamente impossível ter acesso às amostras do país. Elas não chegam por vias oficiais. Nossas fontes são, basicamente, pessoas ricas que procuram um diagnóstico”, disse Jonas Schmidt-Chanasit, especialista em crescimento de mosquitos da Nocht Institute for Tropical Medicine, na Alemanha.

Milhares, ou no mínimo centenas, de amostras deveriam ser fornecidas para que os pesquisadores estrangeiros conseguissem rastrear o vírus e determinar como ele está mudando, disse Bem Neuman, um virologista da Reading University, na Inglaterra.

Um oficial dos Estados Unidos informou que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) está dependendo de amostras de um surto ocorrido em 2013 na Polinésia Francesa para realizar os testes do zika vírus. Os pesquisadores americanos que estão tentando sequenciar o código genético do zika também estão tendo que contar com amostras de Porto Rico pelo mesmo motivo. Na Inglaterra, as amostras utilizadas para as pesquisas vêm de um surto ocorrido em 2007 na Micronésia, e os franceses estão realizando pesquisas com amostras da Polinésia e em Martinica. Na Espanha, cientistas dependem de amostras vindas de Uganda, cedidas pelo governo dos Estados Unidos.

Marcos Espinal disse que espera que o problema seja resolvido após conversas entre o presidente americano Barack Obama e Dilma Rousseff.

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(Com Associated Press)

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