Obama altera a política espacial de Bush
Nova postura enfatiza a cooperação internacional, incluindo a possibilidade de um tratado para limitar o desenvolvimento de armas espaciais
A administração Obama revelou nesta segunda-feira sua política espacial, que renuncia à postura unilateral do governo de George W. Bush e enfatiza a cooperação internacional, incluindo a possibilidade de um tratado para limitar o desenvolvimento de armas espaciais. Em anos recentes, Estados Unidos e China destruíram satélites em órbita, levantando temores sobre o início de uma dispendiosa corrida armamentista que, em última instância, poderia prejudicar os americanos, que dominam o uso militar do espaço. A China destruiu um satélite em janeiro de 2007 e os Estados Unidos fizeram a mesma coisa em fevereiro de 2008.
A nova política espacial diz explicitamente que Washington irá “considerar propostas para medidas de controle de armas se forem equitativas, verificáveis e reforçarem a segurança nacional dos Estados Unidos e seus aliados”.
A administração Bush, na política espacial divulgada em agosto de 2006, afirmava que “rejeitaria qualquer limitação no direito fundamental dos Estados Unidos em operar e obter dados sobre o espaço”, uma frase interpretada como sinal verde para desenvolver e usar armas anti-satélites. A política também definia que Washington poderia “se opor ao desenvolvimento de novos regimes legais ou restrições que busquem proibir ou limitar o acesso americano ao espaço”, uma frase que exclui efetivamente o controle de armas.
Em segredo, a administração Bush se envolveu em pesquisas que os críticos afirmam poderiam produzir um poderoso sistema de laser, além de outras armas potenciais para destruir satélites inimigos em órbita. Em contraste, a política de Obama enfatiza a necessidade de cooperação internacional. “É interesse comum a todas as nações agir com responsabilidade no espaço para ajudar a evitar acidentes, mal-entendidos e desconfiança”, diz a nova política em suas linhas de abertura. “Operações espaciais devem ser conduzidas de modo a enfatizar a abertura e transparência.”
Jeff Abramson, analista da Associação de Controle de Armas, um grupo privado em Washington, afirmou que a nova política “prepara o palco para o progresso no controle de armas no espaço, sem entrar em detalhes”. Há vários anos, diplomatas de todo o mundo tentam buscar, em Genebra, um tratado sobre a “prevenção de uma corrida armamentista no espaço sideral”, que pode proibir o uso de armas no espaço. Defensores do controle afirmam que China e Rússia aprovam o processo, mas que os Estados Unidos, durante o governo Bussh, empurrou a decisão com a barriga.
“Em 2006, John Mohanco, do departamento de Estado americano, disse a diplomatas em Genebra que, enquanto os ataques a satélites continuarem a ser uma ameaça, o governo americano continuaria analisando o possível papel que as armas espaciais podem desempenhar na proteção do país. Agora, a administração Obama trocou o discurso belicista e começou a esboçar um novo acordo pacífico, embora com muitas ressalvas e condições vagas.