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Nove mitos e verdades sobre os neandertais

Pesquisas recentes sugerem que o homem de Neandertal era "gente como a gente". Mas o que isso quer dizer? Quais eram as semelhanças e diferenças entre eles e o homem moderno? Em entrevista ao site de VEJA, especialistas esclarecem as principais descobertas sobre nosso primo pré-histórico

Por Marco Túlio Pires
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h58 - Publicado em 30 set 2011, 22h27

Gente como a gente. É assim que os principais pesquisadores atualmente descrevem os neandertais, homens pré-históricos que viveram entre 130.000 e 30.000 anos atrás na Europa e em partes da Ásia. “Eles enterravam seus mortos, usavam objetos de adorno pessoal e desenvolveram uma sofisticada tecnologia do fogo”, disse em entrevista ao site de VEJA o arqueólogo português João Zilhão, um dos maiores especialistas em neandertais. “Do ponto de vista arqueológico, não existe diferença cultural significativa entre neandertais e humanos modernos”, afirmou Vanessa Paixão-Côrtes, doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Vanessa faz parte de um grupo coordenado pela pós-doutora em biologia, Maria Cátira Bortolini, que estuda o genoma do neandertal.

Especialistas

JOÃO ZILHÃO

João Zilhão é um arqueólogo português e um dos maiores especialistas em neandertais do mundo. Foi professor da Universidade de Bristol (Inglaterra) entre os anos de 2005 e 2010 e atualmente é pesquisador da Universidade de Barcelona.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Aqui no Brasil, a pós-doutora em biologia Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, coordena uma linha de pesquisa sobre a evolução molecular de genes relacionados com características físicas. O grupo, formado pela doutoranda Vanessa Rodrigues Paixão-Cortês e pelo graduando Lucas Viscardi (aluno da Universidade Federal do Rio Grande), estuda o genoma do neandertal.

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Não só o comportamento dos neandertais era semelhante ao dos homens contemporâneos: de acordo com Zilhão, os neandertais era tão parecidos fisicamente com os nossos antepassados que se andassem nas ruas de hoje ninguém notaria a diferença. Aliás, a experiência já foi feita. “Certa vez maquiaram atores como neandertais e os colocaram para passear pelas ruas de cidades ocidentais, como Nova York”, contou Zilhão. E ninguém notou as diferenças, como formato do queixo, robustez das têmporas e corpo avantajado.

Desaparecimento – Apesar das semelhanças, restam ainda muitos mistérios sobre os “primos” dos homens modernos. Por exemplo, não se sabe muito bem por que os neandertais simplesmente desapareceram da Terra há 50.000 anos na Ásia e há 30.000 anos na Europa. Um dos artigos mais recentes defende que os neandertais não teriam resistido à invasão em massa de homens modernos na Europa há 40.000 anos.

De acordo com Zilhão, por meio de cruzamentos, os neandertais foram assimilados pelas populações de homens modernos originárias da África e que ocuparam gradativamente a Europa e Ásia a partir de 50.000 anos atrás. (continue a leitura da matéria).

Os neandertais receberam este nome porque os primeiros ossos foram encontrados em uma caverna no Vale de Neander, na Alemanha. “Tal” significa vale em alemão. ()

Herança genética – A assimilação de neandertais pelos humanos modernos, segundo Zilhão, está provada pela anatomia de fósseis dos primeiros europeus que tiveram o primeiro contato com os neandertais e pela comparação do genoma com indivíduos de vários continentes. “Os neandertais contribuíram para o genoma humano e esses traços genéticos persistem até hoje em porcentagem significativa”, disse.

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De acordo com Vanessa, entre 1% e 4% do DNA de humanos modernos é de neandertais e outros homens arcaicos.

Mas a pesquisadora lembra que, além da assimilação, existem outras hipóteses não excludentes que também podem explicar o desaparecimento dos neandertais, como o extermínio, epidemias e até catástrofes naturais. “Os motivos para o sucesso humano e a extinção dos neandertais ainda são amplamente debatidos”, disse Vanessa.

Humanos – Uma das questões mais debatidas entre os pesquisadores é se o neandertal era uma subespécie de Homo sapiens – ou seja, uma população de humanos eventualmente isolada – ou uma espécie completamente diferente, a do Homo neandethalensis.

Na opinião de Zilhão, trata-se de uma subespécie. “Se houve miscigenação importante entre os dois grupos, isso significa que eram subespécies ou populações de uma só espécie biológica, não duas espécies distintas”, ponderou o arqueólogo.

Os cientistas já descobriram que o cruzamento de humanos com neandertais gerou híbridos férteis. Isso significa que, em um dado momento, rompeu-se qualquer tipo de isolamento reprodutivo entre o homem moderno e o neandertal. “Mas a tarefa de categorizar espécies é muito difícil”, disse Vanessa. “No fim das contas, são todos considerados humanos”.

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