Nasa: montanha em Marte pode ter surgido de sedimentos de um lago
Observações feitas pelo robô Curiosity indicam que a Cratera Gale, onde hoje fica o Monte Sharp, já esteve coberta por água
Observações feitas pelo robô Curiosity, da Nasa, indicam que a cratera onde hoje fica o Monte Sharp, em Marte, já foi um lago. A montanha, de cinco quilômetros de altura, teria sido formada pelo acúmulo de sedimentos depositados durante milhares de anos, informou a Nasa na segunda-feira.
Essa descoberta indica que o planeta vermelho já teve um clima menos quente do que o atual, que permitiu que houvesse sistemas de água e lagos durante um longo período de tempo. “Se a nossa hipótese sobre o Monte Sharp for verdadeira, ela desafia a noção de que essas condições menos quentes no planeta teriam sido passageiras ou ocorrido apenas no subsolo de Marte”, afirma Ashwin Vasavada, cientista do projeto Curiosity, no Jet Propulsion Laboratory da Nasa, na Califórnia.
Esse clima menos quente que permitia a presença de água líquida na superfície durou o “suficiente para que os sedimentos formassem o monte”, indicou Michael Meyer, diretor científico do programa de exploração de Marte da Nasa. A razão pela qual uma montanha se encontrava no centro da Cratera Gale intrigava os pesquisadores.
Leia mais:
Em evento raro, cometa ‘passa raspando’ por Marte
MIT: missão para colonizar Marte acabaria em 68 dias
O Curiosity está investigando as camadas de sedimentos mais baixas da montanha – uma seção de rochas de 150 metros na chamada formação Murray -, que podem ser sedimentos sobrepostos transportados por rios e moldados pelo vento depois da evaporação da água.
A outra pergunta a ser respondida é se essa água existiu por tempo suficiente para que surgisse vida microbiana. Em descobertas anteriores, o Curiosity detectou elementos como enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono, alguns dos ingredientes químicos essenciais para a vida.
Histórico – O veículo explorador partiu em 26 de novembro de 2011 em um foguete Atlas do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, e desceu em 6 de agosto de 2012 na cratera Gale. Nos primeiros 12 meses, o robô descobriu um antigo leito de curso de água e recolheu amostras de solo e de atmosfera suficientes para que os cientistas concluíssem que pode ter havido vida ali há bilhões de anos.
Em julho de 2013, o Curiosity concluiu sua pesquisa na área conhecida como Bahia de Yellowknife e viajou rumo ao sudoeste da base do Monte Sharp, aonde chegou em setembro de 2014.
O Curiosity tem o tamanho de um carrinho de golfe e é cinco vezes mais pesado que seus antecessores, os robôs Spirit e Opportunity, lançados em 2003. Trata-se do robô mais bem equipado, com dez instrumentos de tecnologia de ponta, como o instrumento de difração de raios X (CheMin), que analisa quimicamente os minerais recolhidos com o braço robótico, ou a estação ambiental REMS, projetada e construída na Espanha.
(Com Agência France-Presse e EFE)