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‘Homo naledi’: saiba por que a descoberta é importante

A nova espécie de um ancestral do gênero humano pode modificar a visão de nossa evolução

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h01 - Publicado em 10 set 2015, 16h28

Um grupo de cientistas anunciou o que seria uma antiga espécie do gênero humano, nesta quinta-feira (10). A partir de 1 550 ossos de 15 indivíduos recolhidos de uma caverna de difícil acesso perto de Johannesburgo, África do Sul, os pesquisadores caracterizaram o novo Homo naledi (em uma das 11 línguas oficiais da África do Sul, “naledi” significa “estrela”), que poderia ser uma “ponte” entre os primatas bípedes e os humanos modernos.

“Estamos descobrindo mais e mais espécies de criaturas, o que sugere que a natureza estava ‘experimentando’ qual seria a melhor forma de evoluir os seres humanos, dando assim origem a vários tipos diferentes de criaturas ‘humanoides’ em diferentes partes da África”, disse o paleantropólogo Lee Berger, professor da Universidade de Witwatersrand, em Johannesburgo, e líder da equipe responsável pela descoberta, à rede inglesa BBC.

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Como é a nova espécie – De acordo com a descrição publicada em dois artigos na publicação científica eLife, os resquícios do que seria o Homo naledi são de homens, mulheres e crianças de várias idades, o que vai ajudar em análises futuras do grupo. Eles seriam uma mistura curiosa entre homens e macacos, com um cérebro pequeno, como o de um gorila, pélvis e ombros parecidos com o dos símios. Sua classificação no gênero Homo se daria porque eles têm um formato do crânio apontado para a frente, dentes pequenos e pernas longas. As mãos são mais modernas, com um formato adequado para a fabricação de ferramentas. Os pés, que permitem a caminhada ereta, têm dedos curvos, uma característica de macacos que passam grande parte do tempo em árvores.

Os ossos ainda não foram datados, de acordo com os cientistas porque eles não estavam incrustrados em rochas, o que dificulta o trabalho, e a técnica de datação por carbono, mais utilizada para estimar a idade de fósseis, iria destruí-los. Assim, o que seria a nova espécie poderia ter 3 milhões de anos ou ser muito mais recente, com apenas milhares de anos. No entanto, segundo os pesquisadores, o Homo naledi provavelmente faz parte das origens de seu gênero.

“A nova espécie está nos dizendo que a história de nossa evolução é, provavelmente, diferente do que imaginamos”, afirmou o antropólogo John Hawks, um dos cientistas que participou da descoberta.

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Por todas essas características, os pesquisadores estão sendo cuidadosos ao referir a descoberta como de um “humano”. Deixaram os ossos acessíveis em uma sala da Universidade de Witwatersrand e tornaram o artigo público para a análise dos demais cientistas, que irão confirmar a descoberta.

Rituais – Os ossos foram encontrados na área arqueológica conhecida como “Berço da Humanidade”, considerada patrimônio mundial pela Unesco. Por causa da passagem estreita, eles foram recolhidos com cuidado pelas mulheres da equipe, que se arrastaram por 20 minutos por um túnel, até chegarem a um espaço repleto de esqueletos. O formato da caverna e a disposição dos ossos levou os pesquisadores a acreditar que encontraram uma tumba. Os indivíduos teriam carregarado seus mortos no que os cientistas sugerem que poderia ser um ritual. Se essa hipótese realmente se confirmar (dispor os mortos em um mesmo lugar e desenvolver rituais funerários são coisas bastante diferentes para os cientistas) isso pode significar que os Homo naledi eram possivelmente capazes de um pensamento simbólico – algo associado a humanos bastante evoluídos, há cerca de 200 000 anos.

“Será que herdamos esse comportamento de tempos muito antigos? Ou é algo que nossos ancestrais sempre foram capazes de fazer? Vamos ter que contemplar algumas coisas muito profundas sobre o que é o ser humano nessa pesquisa”, disse Berger à BBC.

(Da redação)

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