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Gelo e metano podem explicar aparência inusitada do planeta anão ‘Branca de Neve’

Novas observações mostram que resquícios de uma antiga atmosfera podem ser responsáveis pela tonalidade avermelhada do objeto celeste

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h02 - Publicado em 23 ago 2011, 20h13

Pode parecer estranho que apenas agora astrônomos tenham descoberto que o planeta anão 2007 OR10, apelidado de Branca de Neve, seja de fato um mundo gelado. Quando foi detectado, em 2007, por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos EUA, ele recebeu a alcunha por brilhar intensamente – presumindo-se que fosse branco, em função de uma provável cobertura de gelo. Mas quando o objeto foi estudado com mais profundidade, uma surpresa: Branca de Neve não era branco, mas vermelho. Mais vermelho do que muitos dos objetos vizinhos também localizados no Cinturão de Kuiper (veja glossário), na borda do Sistema Solar. Sem nome oficial e sem glamour, o planeta anão foi deixado de lado, até a observação de um brilho mais intenso. Novas medições mostram agora que cerca de metade de sua superfície é coberta por gelo, formado provavelmente por água expelida de vulcões no passado. Além disso, o objeto ainda mantém uma fina camada de metano da atmosfera que está sendo perdida para o espaço.

Glossário

  1. Planeta anão – Geralmente menores que o planeta Mercúrio, são corpos celestiais com massa suficiente para que sua gravidade os molde com uma forma definida (aproximadamente arredondada), que não sejam o satélite (lua) de outro planeta e que compartilhe a órbita do Sol com outros objetos, como asteroides (os planetas, ao contrário, têm uma ‘órbita limpa’ e não a compartilham com corpos similares).
  2. Cinturão de Kuiper – Área que se estende até 50 unidades astronômicas (cerca de 7,5 bilhões de quilômetros) a partir da órbita de Netuno, praticamente na borda do Sistema Solar, onde devem existir mais de 70.000 asteroides com mais de 100 quilômetros de diâmetro.

“Você começa a ver essa bela imagem do que uma vez foi um pequeno planeta ativo com vulcões de água e atmosfera e agora está simplesmente congelado, morto, com uma atmosfera que está lentamente desvanecendo”, diz o pesquisador da Caltech Mike Brown, autor de um artigo sobre as descobertas recentes publicado no periódico científico especializado Astrophysical Journal Letters. “Mesmo com tantos planetas anões tão grandes quanto esse (Branca de Neve tem cerca de 1.100 quilômetros de diâmetro, aproximadamente a metade do tamanho de Plutão), há sempre alguma coisa interessante – eles sempre nos dizem algo. Esse nos frustrou durante anos porque não sabíamos o que ele estava dizendo.”

Para obter os dados necessários, os pesquisadores precisaram de equipamentos especiais. Os estudos começaram com a ajuda do instrumento Near Infrared Camera (Nirc), instalado no Observatório Keck, no Havaí. Mas ele foi aposentado e, enquanto a próxima ferramenta – o Folded-port Infrared Echellete (Fire) – não era desenvolvida para uma próxima observação no Chile, astrônomos tiveram que estacionar suas pesquisas com corpos celestes que ficam além do planeta Netuno.

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Esperar valeu a pena: ao retomar as pesquisas, os astrônomos ficaram surpresos ao descobrir que Branca de Neve, apesar de vermelha, era envolta por muito gelo. “Gelo não é vermelho”, explica Brown. “Embora o gelo seja comum no Sistema Solar, é quase sempre branco.” Mas outro planeta anão, chamado Quaoar, descoberto em 2002, também era vermelho. Por seu tamanho, este corpo celetes foi capaz de reter atmosfera no passado, apesar de não conseguir segurar compostos voláteis como metano, monóxido de carbono e nitrogênio. O metano remanescente exposto à radiação se torna vermelho e irradia, dando a aparência avermelhada ao que na verdade é branco. Da mesma maneira, o planeta anão 2007 OR10 deve reter metano.

“A combinação vermelho e água diz ‘metano’ para mim”, ressalta Brown. “Nós estamos basicamente olhando para o último suspiro do Branca de Neve.” Se a presença de metano ao redor for confirmada, o objeto se tornará o segundo planeta anão a conseguir segurar parte da atmosfera temporariamente (a trajetória moribunda de Branca de Neve começou há 4,5 bilhões de anos). Mostrando-se interessante, o planeta anão também pode ser finalmente batizado com um nome apropriado.

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