“David Bowie” e outras oito espécies de briozoários são descobertas no litoral brasileiro
Pesquisa foi conduzida por cientistas da USP, que batizaram um dos invertebrados marinhos com o nome do cantor britânico
Nove novas espécies de briozoários que vivem no litoral brasileiro foram descobertas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Entre elas está uma que foi batizada em homenagem ao cantor britânico David Bowie. A descoberta foi publicada em julho no periódico científico PLoS One, e divulgada nesta semana pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
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BRIOZOÁRIOS
Briozoários são pequenos animais invertebrados milimétricos que formam colônias que lembram corais ou plantas no fundo do mar.
Os animais, que são do gênero Bugula, foram encontrados nos litorais de São Paulo, do Rio Janeiro e do Espirito Santo.
A bióloga Karin Fehlauer-Ale, que participou da descoberta e atua como pesquisadora do Laboratório de Sistemática e Evolução de Bryozoa do Centro de Biologia Marinha da USP (Cebimar), disse a VEJA que a área dos briozoários é tão pouco estudada no Brasil que as nove espécies recém-descobertas já correspondem a 60% dos briozoários conhecidos no litoral brasileiro. “Se procurarmos mais, com certeza vamos achar novas espécies”, disse Fehlauer-Ale.
Erro de classificação – Entre o tempo de coleta dos primeiros exemplares e a conclusão da pesquisa, que sofreu interrupções, se passaram quase oito anos. O estudo também realizou uma revisão taxonômica (classificação de organismos vivos) do gênero Bugula.
Algumas dessas novas espécies eram confundidas com animais encontrados no Atlântico Norte, e equivocadamente chegaram a ser consideradas espécies invasoras do litoral brasileiro que teriam sido trazidas no casco de navios.
“Em alguns casos não se tratava de espécies invasoras, mas apenas de um problema taxonômico. É importante fazer essa revisão, porque, se uma espécie, gênero ou família forem identificados de forma errônea, isso pode resultar em medidas inadequadas contra invasores que não o são, ou pode levar a subestimar a diversidade de uma costa ao considerar várias espécies como uma só”, disse Fehlauer-Ale.
Bugula bowiei – As novas espécies foram denominadas Bugula foliolatan, Bugula guara, Bugula biota, Bugula ingens, Bugula gnoma, Bugula alba, Bugula rochae, Bugula migottoi e Bugula bowiei.
A maioria desses nomes foi escolhida por outros pesquisadores do projeto, que quiseram homenagear professores – entre eles o vice-diretor do Cebimar, Álvaro Migotto, que virou Bugula migottoi.
Já o briozoário Bugula bowiei recebeu esse nome em homenagem ao músico britânico David Bowie. Fehlauer-Ale, responsável pela escolha do nome, disse ser uma grande fã do cantor, autor do álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars. “Sou fã dele. Cheguei a escrever na conta do Facebook dele para avisar sobre a homenagem, mas não vi se ele respondeu”, disse.
O estudo também contou com a participação do departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da USP e do Museu de História Natural da Virginia, nos EUA.