A emissão de dióxido de carbono per capita no Brasil é uma das menores do mundo: 2,01 toneladas, segundo dados da Agência de Energia dos Estados Unidos relativos a 2006. Isso nos coloca atrás de nações como Argentina, Belize e até Jamaica. O país também possui uma das matrizes energéticas mais limpas do globo, alimentada principalmente por hidrelétricas e biomassa (lenha e biocombustíveis), enquanto em potências industrializadas predominam termoelétricas, mais poluentes.
Mesmo assim, o Brasil figura na lista dos dez maiores emissores de gases de efeito estufa. A principal fonte de CO2 são o desmatamento na Amazônia e as queimadas no cerrado, responsáveis por mais de 75% das emissões brasileiras, segundo dados do IBGE relativos a 2008. Boa parte do desmatamento e das queimadas é provocada pela expansão da atividade agropecuária naquelas regiões.
Contudo, essas informações não devem ser analisadas isoladamente. Ao mesmo tempo em que é preciso preservar a Amazônia e os demais biomas brasileiros, é necessário reconhecer que essas regiões têm papeis importantes a cumprir no desenvolvimento do país. Há um desafio pela frente: planejar uma exploração racional da Amazônia, com os objetivos de garantir a preservação de suas riquezas naturais e, simultaneamente, oferecer melhores condições de vida a seus moradores e também aos demais brasileiros. As hidrelétricas em construção ou projeto ali, que vão gerar energia a todo o país, são exemplo do potencial amazônico.
Para equacionar essas variáveis, o país terá de lidar com questões espinhosas no futuro próximo. Uma delas é a criação de um novo Código Florestal. Pelo atual, as propriedades rurais deveriam reservar uma parcela de suas áreas para a cobertura florestal (80% na Amazônia, 35% no cerrado e 20% no restante do território). Isso jogou milhares de produtores na ilegalidade. Se cumprida à risca, a lei traria redução da produção de alimentos e prejuízo para a economia estimado em bilhões de reais. Além disso, a norma funciona como um impulso da fronteira agrícola em direção às terras do cerrado e da Amazônia – mais baratas e menos fiscalizadas -, provocando mais desmatamento e mais queimadas.
Uma nova proposta de Código Florestal, de autoria do deputado Aldo Rebelo, tenta conciliar o desenvolvimento agropecuário com a preservação do ambiente, retirando da ilegalidade a maior parte das propriedades rurais que não consegue cumprir o aspecto da lei que não é razoável. Para se ter ideia, atualmente, 90% dos produtores rurais descumprem o código. Ao mesmo tempo, o projeto de Rebelo garante áreas de preservação permanente e multas para o desmatamento ilegal.
Além da poluição, a degradação do meio ambiente no Brasil ameaça milhões de pessoas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Nordeste possui uma área equivalente a 180.000 km2, onde vivem 7 milhões de pessoas, que está em processo de desertificação. No Sul, o maior problema é a erosão de terras que poderiam ser usadas para a agricultura. O prejuízo é ambiental e econômico. A fauna brasileira também está em risco. A última lista atualizada com espécies ameaçadas de extinção contava com 627 espécies – 229 a mais do que a lista anterior.
Esses são alguns dos desafios que ligam dois temas delicados ao país: preservação ambiental e desenvolvimento econômico. Durante esta semana, VEJA.com vai analisá-lo ouvindo especialistas e as campanhas presidenciais, para saber, afinal, que Brasil os candidatos pretendem construir nos próximos quatro anos.
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