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Cientistas desvendam estrutura do zika, passo fundamental para o combate ao vírus

Pela primeira vez, pesquisadores fazem o "retrato completo" do vírus zika, mostrando que ele é bastante parecido com a dengue. Descoberta pode ajudar a prevenir e tratar infecções

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 15h57 - Publicado em 31 mar 2016, 17h16

Pela primeira vez, pesquisadores americanos conseguiram revelar a estrutura exata do zika, um passo fundamental para o combate ao vírus que está associado ao surto de microcefalia em recém-nascidos no Brasil. De acordo com estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science, a estrutura do zika é muito parecida com a de outros microrganismos da família Flavivírus (à qual pertencem zika, dengue e febre amarela). Ele é bastante semelhante à dengue, mas apresenta pequenas diferenças em uma região que, no vírus da dengue, facilita a ligação aos anticorpos e aos receptores do organismo humano. Segundo os cientistas, isso pode explicar as características incomuns para a entrada do vírus zika nas células e o desenvolvimento da doença.

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O desconhecimento em relação à estrutura e aos mecanismos de ação do vírus é um grande entrave para combater a epidemia de zika. O estudo, feito por pesquisadores da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, e dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), deve ser utilizado por cientistas de todo o globo para a criação de tratamentos, vacinas e para o exame de diagnóstico do vírus – até o momento, a única maneira de saber se alguém teve zika é pelos testes de biologia molecular (PCR), que detecta o vírus só até cinco dias depois do início dos sintomas.

“Essa estrutura oferece um mapa que mostra quais regiões do vírus têm potencial para serem alvo de tratamentos terapêuticos, quais podem ser usadas para a criação de uma vacina efetiva ou para melhorar nossa habilidade para diagnosticar e distinguir a infecção do zika de outras causadas por vírus semelhantes”, afirmou Richard Kuhn, da Universidade Purdue e um dos um dos autores do estudo. “Determinar a estrutura é um avanço imenso em nosso conhecimento do zika, um vírus sobre o qual pouco se sabe.”

‘Retrato’ do zika – Para determinar a estrutura do vírus, os cientistas analisaram uma cepa do vírus isolada de um paciente infectado durante a epidemia na Polinésia Francesa, entre 2013 e 2014. O “retrato” do microrganismo, feito por meio de uma técnica chamada microscopia crio-eletrônica, que revela detalhes próximos ao nível atômico, mostrou que o zika é formado por uma molécula de RNA recoberta por uma membrana repleta de lipídios e envolvida por uma estrutura de glicoproteínas em forma de um icosaedro (figura tridimensional de 20 faces). Essas glicoproteínas são diferentes em todos os flavivírus e, em cada um deles, têm papel essencial na ligação às células humanas.

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Segundo os cientistas, a superfície do vírus zika tem uma protuberância única, feita por uma molécula de carboidrato formada por diferentes açúcares. De acordo com estudo de outros flavivírus, é essa molécula que deve ser reconhecida por uma célula humana (o receptor) para que o vírus possa entrar em seu interior, infectando-a. Identificar exatamente como ocorre essa ligação e quais são as variações na superfície de glicoproteínas poderia explicar a capacidade do vírus para atacar células nervosas e também para causar síndrome de Guillain-Barré.

“A maior parte dos vírus não invade o sistema nervoso ou o feto em desenvolvimento devido a barreiras do organismo, mas a associação com a má-formação cerebral de recém-nascidos sugere que o zika atravessa essas barreiras. Ainda não está claro como o vírus ganha acesso a essas células e as infecta, mas essas áreas que apresentam diferenças fundamentais podem estar envolvidas. Elas são cruciais e devem ser investigadas a fundo”, disse Devika Sirohi, um dos autores do estudo.

Os detalhes do funcionamento dessas proteínas e açúcares deve ser o alvo de pesquisas futuras. “Se essa região funcionar da mesma maneira que na dengue, ela pode ser um excelente alvo para um composto antiviral”, disse Michael Rossman, um dos autores do estudo. “Se esse for o caso, talvez um inibidor possa ser desenvolvido para bloquear essa função e impedir o vírus de se ligar a células humanas e infectá-las.”

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(Da redação)

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