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Chimpanzés também têm senso de justiça

Pesquisa mostra que, assim como os humanos, macacos são capazes de dividir suas recompensas se dependerem de outros para consegui-las

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h23 - Publicado em 15 jan 2013, 21h31

Algumas das decisões dos seres humanos podem soar irracionais de um ponto de vista estritamente egoísta. Não faz sentido, por exemplo, abrir mão de parte de uma recompensa para dividi-la com parceiros, mesmo que eles tenham ajudado a alcançar o prêmio. Mesmo assim, esse tipo de atitude é comum entre diversas culturas humanas. Uma nova pesquisa, publicada no periódico científico PNAS, da Academia Nacional de Ciências Americana, nesta segunda-feira, mostra que esse senso de justiça também é compartilhado por nossos parentes evolutivos mais próximos: os chimpanzés.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Chimpanzees play the ultimatum game

Onde foi divulgada: revista PNAS

Quem fez:Darby Proctora, Rebecca A. Williamson, Frans B. M. de Waal e Sarah F. Brosnana

Instituição: Universidade Emory, Estados Unidos

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Dados de amostragem: Seis chimpanzés, separados em duplas, que participaram do jogo do ultimato. Nele, um dos macacos deveria decidir como dividiria uma recompensa.

Resultado: Quando o segundo macaco podia recusar a distribuição da recompensa, as divisões costumavam ser mais igualitárias. O resultado foi semelhante ao teste realizado com bebês humanos – e semelhante a pesquisa anteriores com adultos.

Para analisar como as pessoas se comportam na divisão de recompensas, cientistas e economistas costumam usar dois experimentos: o jogo do ultimato e o jogo do ditador. Ambos precisam de dois participantes, que têm de decidir como vão dividir certa quantia de dinheiro. No jogo do ultimato, o primeiro participante tem de escolher como a recompensa será compartilhada, e o outro pode aceitar ou não a divisão. Se ele recusar, ninguém ganha valor nenhum. O jogo do ditador funciona de modo parecido, mas o segundo jogador não tem poder para recusar a oferta do primeiro.

As respostas variam de cultura para cultura, mas, no geral, os participantes dos dois jogos costumam abrir mão de seus interesses próprios para realizar uma divisão mais igualitária do dinheiro. Nas sociedades ocidentais, por exemplo, os participantes dos jogos do ultimato costumam oferecer 50% da quantia ao parceiro. No jogo do ditador, a quantia oferecida não é tão grande, mas ainda assim é maior do que se a decisão tivesse sido guiada por interesses puramente egoístas.

Segundo os pesquisadores, dois fatores poderiam explicar esse comportamento. Primeiro, os humanos podem estar preocupados com o bem-estar dos outros e são capazes de agir de maneira altruísta. Em segundo lugar, eles são capazes de antecipar a recusa de distribuições desiguais, e fazem ofertas maiores para garantir que serão aceitas. O que permanecia em aberto, até agora, era como outros primatas respondiam a esse tipo de situação.

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Justiça primata – Para saber se os chimpanzés seriam capazes de dividir um prêmio de maneira justa, uma equipe de pesquisadores coordenada pelo famoso primatologista Frans de Waal, da Universidade Emory, em Atlanta, no estado da Geórgia (EUA), adaptou o jogo do ultimato para ser realizado nessa espécie de animal. Na nova versão, dois macacos são colocados em jaulas separadas. O primeiro deve escolher entre duas fichas, que funcionam como dinheiro e podem ser trocadas por seis bananas. Para receber a recompensa, ele deve entregar a ficha para o segundo macaco, que escolhe se a repassa para o pesquisador. Uma das fichas representa um recipiente onde as bananas estão divididas de modo igualitário. Na outra, elas estão dividas em uma proporção de 5 para 1, favorecendo o primeiro macaco.

A pesquisa foi realizada com seis chimpanzés especialmente treinados para participar do jogo. Em nenhuma das vezes o segundo macaco se recusou a entregar a ficha para os pesquisadores. Mesmo assim, na maioria dos experimentos, os chimpanzés escolheram uma distribuição igualitária das bananas. Quando realizaram uma adaptação do jogo do ditador, onde o segundo participante não pode recusar a ficha, as decisões do primeiro macaco foram mais egoístas. Segundo os pesquisadores, isso prova que os macacos haviam compreendido a dinâmica do jogo.

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Em seguida, os pesquisadores repetiram o teste em vinte crianças que tinham entre dois e sete anos. O resultado foi semelhante ao dos macacos, com as divisões justas sendo escolhidas mais vezes no jogo do ultimato. Segundo os pesquisadores, isso é muito semelhante ao comportamento visto nos humanos adultos. Apesar de o mecanismo por trás dessas decisões ainda não estar claro, os chimpanzés mostraram a mesma sensibilidade dos seres humanos à distribuição de recompensas. Para os cientistas isso mostra que o senso justiça não é exclusivo da espécie humana, e pode ter uma antiga origem evolutiva.

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