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“Animais marinhos de regiões tropicais correm maior risco de extinção”

É o que concluiu estudo da Universidade de Berkeley feito com base em registros fósseis dos últimos 23 milhões de anos. Confira entrevista com Seth Finnegan, autor da pesquisa

Por Raquel Beer Atualizado em 9 Maio 2016, 14h46 - Publicado em 7 Maio 2015, 14h31

Uma pesquisa da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, se propôs a estimar quais animais correriam mais risco de extinção no futuro. A resposta mostra que os principais prejudicados serão de espécies marinhas que habitam pontos dos trópicos, como o Caribe e a região Indo-Pacífico.

Para chegar a essa conclusão, os estudiosos analisaram registros fósseis dos últimos 23 milhões de anos para estabelecer uma “taxa natural de extinção” e então acrescentaram à equação o fator humano, em especial o aquecimento global que acometeu o planeta em consequência das ações do homem. Autor do estudo e professor de biologia da Universidade de Berkeley, Seth Finnegan conversou com o site de VEJA sobre o trabalho.

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O senhor analisou milhões de anos de idas e vindas de espécies, por meio de registros fósseis, para estabelecer a “taxa natural de extinção”. Quais fatores eram os mais influentes para determinar quais sobreviveriam, e quais desapareceriam? Nós estudamos fósseis marinhos justamente para determinar quais eram as características dos animais que tinham maior risco de extinção no passado. Acabamos descobrindo que os melhores indicadores eram a distribuição geográfica das espécies e também a qual grupo taxonômico pertenciam. Na prática, em condições idênticas de habitat, um animal que tenha um menor alcance geográfico terá riscos maiores. Assim percebemos que grupos como baleias, golfinhos e focas estão mais ameaçados que, por exemplo, caramujos e mariscos.

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Mas como descobriram que os fatores que determinavam a “taxa natural de extinção” continuavam os mesmos? Uma de nossas descobertas-chave foi constatar que, se você souber o padrão de extinção em um intervalo de tempo, é possível fazer uma previsão razoavelmente boa sobre quais grupos desapareceriam depois. A maior parte de nossas projeções feitas com essa estratégia, usando dados do passado, mostraram-se corretas. Isso não significa que não há variação desse risco ao longo do tempo. Existem diferenças, que são interessantes e informativas. Mas, de modo geral, o processo se mostrou confiável. O que é muito importante: se não fosse verdade, se os padrões de extinção fossem completamente imprevisíveis, as lições do passado seriam irrelevantes para nos ajudar a remediar a nossa crise atual de biodiversidade.

Como o fator humano foi somado à equação? Pela análise dos registros fósseis, já tínhamos elaborado o “risco natural de extinção” dos descendentes desses animais antigos que vivem hoje nos oceanos. Então somamos a essa projeção o que nos mostraram alguns estudos já feitos sobre a pressão humana no ambiente marinho, como a pesca e as mudanças climáticas. Esse processo revelou algumas áreas, como o Caribe e a região Indo-Pacífica, que podem ser mais sensíveis e assim requerem um esforço extra de conservação.

Por que os animais marinhos dos trópicos são os mais ameaçados? Geralmente, porque têm pouco alcance geográfico e possuem entre seus ancestrais animais que experimentaram uma alta taxa de extinção durante o período geológico. Outra região vulnerável é a Antártica, por abrigar muitos animais endêmicos, ou seja, que só podem ser encontrados lá.

De que forma acontece a interação entre os fatores do “risco natural de extinção”, ao qual se soma a distribuição geográfica e o grupo taxonômico, com o fator humano? Nós ainda não sabemos como o risco natural e as ameaças atuais vão interagir e, essencialmente, é essa relação que controlará o risco real de extinção no futuro. Um dos nossos objetivos ao escrever esse artigo é colocar essa questão em destaque com esperança de que consigamos encontrar uma resposta.

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