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Silvio de Abreu confirma em ‘Passione’ que é o mestre brasileiro do suspense

Rede de intrigas envolve 13 suspeitos e, finalmente, leva a audiência da novela para o patamar dos 40 pontos, considerado digno do horário pela TV Globo

Por Leo Pinheiro
15 out 2010, 23h16

Silvio é mestre em lançar pistas falsas e construir personagens de personalidade dúbia, que confundem o público. Ao mesmo tempo, cativa os fãs do gênero policial com uma atuação externa à trama. Avisa o que vai acontecer, aguçando o espírito de detetive que vive em todo aficcionado de romances policiais. “Preste atenção aos detalhes”, costuma recomendar

A morte do vilão Saulo (Werner Schünemann) fez a novela Passione, daTV Globo, alcançar a marca de 42 pontos de audiência – em plena segunda-feira enforcada pelo feriadão de 12 de outubro. No sábado anterior, o Ibope registrara míseros 32,5 pontos. Desde então, a rede de intrigas que envolve os treze suspeitos de terem cometido o crime monopoliza a trama. Todos teriam motivo para matar Saulo, nenhum tem álibi consistente, todos desconfiam de todos, todos mentem. Nos capítulos que foram ao ar até esta sexta-feira, houve pouquíssimas brechas para outro assunto que não fosse o assassinato do primogênito da empresária Bete Gouveia (Fernanda Montenegro). A rede capturou o público. No restante da semana, a audiência do folhetim finalmente firmou-se no patamar de 40 pontos, que a TV Globo considera digno para o horário.

Passione é mais uma empreitada bem sucedida do paulistano Silvio de Abreu, que já foi ator, roteirista e diretor de pornochanchadas antes de se tornar um dos principais nomes da telenovela brasileira. Embora todo noveleiro conheça o valor de um crime misterioso para apimentar uma história, Silvio é o grande especialista quando o assunto é trama policial. Ele foi o primeiro a ter a ousadia de construir uma novela inteiramente calcada em um enredo policial, e não numa história de amor. Em A Próxima Vítima, de 1995, houve onze assassinatos, sendo o primeiro logo no primeiro capítulo. Para Belíssima, de 2006, ele urdiu outra trama, que não girava exclusivamente em torno de crimes. O mote era descobrir quem estava por trás de um plano diabólico que envolvia praticamente todos os personagens. Suas tramas engenhosas lhe conferem um lugar único: o de mais bem-sucedido autor brasileiro de tramas policiais, num país em que o gênero é pouco representativo na literatura.

Silvio é mestre em lançar pistas falsas e construir personagens de personalidade dúbia, que confundem o público. Ao mesmo tempo, cativa os fãs do gênero policial com uma atuação externa à trama. Avisa o que vai acontecer, aguçando o espírito de detetive que vive em todo aficcionado de romances policiais. “Preste atenção aos detalhes”, costuma recomendar. O autor informou no início da novela que, a partir do capítulo 100, a história ganharia contornos policiais. No final de setembro, estourou a notícia de que o patriarca Eugenio Gouveia (Mauro Mendonça), que morreu logo no começo da trama, não sofrera um infarto, mas fora assassinado. A autópsia confirmou morte por envenenamento e disparou a primeira bateria de suspeições. Na sequência, o autor anunciou que um de doze personagens seria morto no dia 11 de outubro. E mandou gravar cinco cenas de assassinato, além da de Saulo. No site da novela, foi criada uma lista dos possíveis assassinados, e Silvio foi “salvando” um por dia. O próprio Werner Schunemann só ficou sabendo que sua morte era para valer em cima da hora.

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Receita – A receita de Silvio de Abreu foi seguida com particular clareza ao longo da última semana. No enredo da novela, blocos inteiros se sucederam com embates entre suspeitos pela morte de Saulo e álibis impiedosamente destruídos. Bete Gouveia desconfia de seu filho Gerson (Marcello Antony), que mentiu sobre a sessão de terapia. Totó (Tony Ramos) quase espanca seu filho Agnello, enrolado até o pescoço nessa história por ser simultaneamente amante da viúva Stella (Maitê Proença) e namorado da filha Lorena (Tammy di Calafiori) do morto, com quem teve uma briga horrorosa. Agnello acha que Stella é a assassina, e ela teme que seu filho Danilo (Cauã Reymond), viciado em crack, tenha matado o pai depois de ser expulso de casa. Candê desespera-se porque tem certeza absoluta de que seu filho Fred (Reinaldo Gianecchini) é o assassino. No front externo, Silvio deu uma entrevista coletiva na qual avisou aos quatro ventos que haverá mais um morto. E a colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, publicou em seu blog que a vítima será Noronha (Rodrigo dos Santos), advogado da Metalúrgica Gouveia, cúmplice do falecido Saulo em uma grande operação de desvio de dinheiro e suspeito, por esse motivo, de ser o assassino. A morte, aliás, será acidental e sem ligação direta com a de Saulo.

O recurso da lista extensa de personagens com motivos para desejar a morte de alguém foi utilizado em clássicos policiais como Assassinato no Expresso do Oriente, de Agatha Christie. Em uma telenovela, esse recurso é extremamente conveniente, e Silvio o usa com muita segurança. Doutor em Teledramaturgia e autor de vários livros sobre telenovelas, Mauro Alencar diz que essa estrutura permite que o autor mude a escolha do assassino sem causar prejuízo ao enredo. Ele lembra que em A Próxima Vítima, houve um assassino na versão original, que foi Adalberto (Cecil Thiré) e outro na versão portuguesa – Ulisses (Otávio Augusto). Silvio afirma que não muda de ideia. O destino de Saulo, segundo ele, estava selado desde o primeiro capítulo de Passione. Ao mesmo tempo, em entrevista ao site de VEJA, diz que, “se der na telha”, pode matar mais um personagem além do que já está anunciado. Resta saber se é pista ou despiste. Afinal, trata-se de um mestre do mistério.

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