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Sem estampas de banana, moda brasileira tenta se firmar no exterior

Apesar dos preços pouco competitivos, grifes nacionais apostam em mercado estrangeiro para reforçar vendas e disseminar suas criações fora do país

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 mar 2013, 17h44

Mesmo no meio de uma crise atribuída por representantes do setor à falta de incentivo econômico e político, a moda nacional continua a fazer seus esforços para competir com as marcas estrangeiras no país — e também fora dele. O desafio dos estilistas brasileiros para se infiltrar no mercado internacional é desfazer o imaginário de que a moda do país só tem a oferecer produtos com estampas de banana, Havaianas, biquínis e modelos lindas. Aos poucos, alguns nomes como Carlos Miele, presente em Nova York, Alexandre Herchcovitch, que possui uma loja-conceito em Tóquio, e Pedro Lourenço, aplaudido na semana de moda Paris, conseguiram ultrapassar a fronteira do Brasil com coleções bem distantes do sofisma da moda tropical.

“O Brasil está na moda. Estamos cansados de saber disso. Então, o estrangeiro quer consumir produto brasileiro, mas longe dessa imagem da banana, da arara, do papagaio. Ele quer uma identidade brasileira mais cool. Como os irmãos Campana fizeram na cenografia do São Paulo Fashion Week este ano”, diz Rafael Prado, gestor de projetos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). “Os estrangeiros querem um brazilian lifestyle representado de uma forma mais artística, com identidade. Os designers devem pensar nisso, já que nosso custo não é tão competitivo.”

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Fatores favoráveis – Se o turismo pode ser visto como rival, já que muitos brasileiros fazem compras fora do país, ele também traz consumidores e ajuda a moda nacional a circular lá fora. É o que explica Lazaro Eli, coordenador do curso de moda no Centro Universitário Senac. “Recebemos mais turistas e viajamos mais, então somos mais vistos. Vamos e levamos bagagem ao mesmo tempo que compramos, é um caminho de troca”, comenta Eli, que também diz perceber, ao longo dos anos, um respeito maior pelo que o Brasil faz, principalmente aos olhos da imprensa internacional.

A São Paulo Fashion Week também cumpre há anos um bom papel. Quinta maior semana de moda do mundo e também uma importante plataforma de negócios, ela recebe compradores internacionais e jornalistas estrangeiros, tratados como verdadeiras celebridades durante o evento. Na edição deste ano, diretores da loja de luxo francesa Galeries Lafayette, Geraldine Florin e Pascale Camart estão na lista de convidados VIPs da SPFW, que merecem atenção especial e que podem fechar acordos interessante para marcas brasileiras.

O criador e organizador da SPFW, Paulo Borges, assume que o interesse da imprensa e do mercado estrangeiro pelo Brasil tem aumentado com os anos, e que a cultura nacional é hoje mais bem assimilada — e por isso pode ser mais bem consumida — no exterior. “Nos dez anos iniciais do evento, a imprensa tinha um interesse quase curioso pela SPFW, pela moda brasileira. Que país é este? Que lugar é esse? Que música é essa? Não se entendia ainda direito o que era São Paulo. E isso foi sendo construído, obviamente”, conta Borges.

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Ações – Além de repensar suas coleções e aderir e apoiar a SPFW, outra atitude tomada pelas marcas nacionais com a intenção de fortalecer a exportação foi a formação da Associação Brasileira de Estilistas (Abest), que hoje conta com 74 grifes associadas com o intuito de auxiliar o crescimento da moda brasileira no exterior. Segundo dados da associação, no ano passado o setor exportou para 66 países o valor total de 18,3 milhões de dólares, cerca de 37 milhões de reais. Quando a associação iniciou as atividades, em 2003, este valor não passava de 3 milhões de dólares. O principal alvo dos produtores brasileiros são a Europa, os Estados Unidos e a China. Pensando nisso, o site da Abest está disponível em mandarim, francês e inglês.

Juntamente com a Abest, mais cinco associações voltadas para moda, calçados e joias fazem parte do complexo de moda da Apex-Brasil, o Brazil Fashion System (BFS). Segundo o gestor de projetos Rafael Prado, a partir de 2012 um total de 42 milhões de reais passaram a ser investidos por ano em projetos de incentivo e marketing para melhorar a imagem da moda brasileira e comercializá-la fora do Brasil. O retorno foi de quase 3 bilhões de reais em produtos exportados no mesmo período.

Pegando carona na Copa do Mundo no Brasil, a associação já tem um planejamento de atrair compradores e comercializar as grifes nacionais aos turistas através de espaços próximos aos estádios chamados de “hospitalities”. “Vamos trazer compradores para assistir aos jogos e aproveitamos depois para realizar uma agenda de negócios”, explicou Prado.

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