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Seis meses antes do Oscar, ‘12 Years a Slave’ vira favorito

Em vez de apostar no estilo visual e narrativo mais rebuscado e ousado de seus filmes anteriores, 'Hunger' e 'Shame', McQueen opta por um estilo seco, quase documental, e controla as doses de sofrimento até a cena em a emoção explode

Por Mariane Morisawa, de Toronto
10 set 2013, 19h06

Steve McQueen é um artista visual respeitado e premiado que dirige seu terceiro longa apenas, mas mostra ter domínio sobre o meio. O elenco também é impressionante, com destaque para Ejiofor e Fassbender, que não precisa dizer muito para dizer tudo

Dá para comparar 12 Years a Slave, o aguardado terceiro filme do diretor inglês Steve McQueen, com uma corrida de Usain Bolt, que muitas vezes larga mal, administra a vantagem no meio e no final simplesmente arrasa qualquer com possibilidade dos adversários. Filme mais esperado do Festival de Toronto deste ano, a sessão de imprensa e indústria na manhã desta terça-feira teve formação de fila mais de uma hora antes, apesar de começar bem cedo (8h30) para os cansados participantes do evento. Quase teve confusão, mas valeu a pena. A seis meses do Oscar 2014, o longa já desponta como favorito à estatueta dourada.

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O filme produzido pela Plan B de Brad Pitt é baseado em uma inacreditável história verídica ocorrida nos Estados Unidos pré-Guerra da Secessão. Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um músico e homem livre que, após um “boa-noite Cinderela” trágico, é aprisionado e vendido como escravo por Theophilus Freeman (Paul Giamatti, em pequena participação) para William Ford (Benedict Cumberbatch), um fazendeiro do sul. Ford não é dos piores, mas Solomon, educado e culto, logo entra em conflito com o seu capataz, John Tibeats (Paul Dano). Incapaz de protegê-lo, Ford vende Solomon para o violento Edwin Epps (Michael Fassbender), em cuja fazenda se desenrola a maior parte da ação do filme.

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Não há grandes acontecimentos à moda de Hollywood. Qualquer tentativa de fuga ou de alerta de sua condição é rapidamente desmotivada pela violência e vigilância ao redor. Os acontecimentos são mais corriqueiros e chocam justamente por serem corriqueiros. E vão se acumulando. Um dia é a chibata, no outro dia, um tapa. Num dia, a humilhação de ser despido, no outro, a perda do nome. Ou a obrigação de tocar para os outros escravos dançarem. Entre os brancos, quase todos são escravocratas e 99% pensam da mesma maneira: os negros não são gente. Portanto, não há problema em tratá-los daquela maneira. Mas há nuances entre os comportamentos de cada branco. Por exemplo, a mulher de Edwin Epps, Mary (Sarah Paulson), oferece pãezinhos aos escravos. Mas por trás do aparente gesto de bondade há maldade: ela os obriga a comer enquanto nega o pão a Patsey (Lupita Nyong’o), enciumada pela atração de seu marido pela escrava.

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Em vez de apostar no estilo visual e narrativo mais rebuscado e ousado de seus dois filmes anteriores, Hunger e Shame, Steve McQueen opta por um estilo mais seco, quase documental, a não ser pelo uso de uma trilha solene de Hans Zimmer e do desenho de som cheio de sons metálicos misturados a barulhos da natureza. A narrativa é um pouco mais próxima de uma narrativa comum do que de um mergulho tão sensorial na experiência do personagem, como em Shame. Seria doloroso demais. O texto é dito de forma quase teatral. Até o terceiro ato, há violência, há humilhação, há discriminação, mas de alguma forma tudo é suportável. McQueen controla as doses de sofrimento. Mas aí vem uma cena que resume toda a situação, em que a emoção é liberada de uma vez. E, pouco depois, o final, igualmente de dar nó na garganta.

Steve McQueen é um artista visual respeitado e premiado que dirige seu terceiro longa-metragem apenas, mas mostra ter domínio sobre o meio. O elenco também é impressionante, com destaque para Ejiofor e Fassbender, que não precisa dizer muito para dizer tudo. A verdade é que com um dos filmes mais fortes dos últimos tempos, sobre um assunto ainda tão atual, McQueen parece estar muito à frente de qualquer concorrente na corrida pelo Oscar.

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