Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Ryan Gosling: vexame em sua estreia na direção

‘Lost River’ é uma mistureba sem nexo que foi arrasada pelos críticos e vaiada na primeira exibição no Festival de Cannes

Por Mariane Morisawa, de Cannes
21 Maio 2014, 08h47

Fãs de Ryan Gosling, a notícia não é boa: a estreia do galã na direção é uma decepção, para não dizer um equívoco completo. Lost River foi exibido em duas sessões lotadas na mostra paralela oficial Um Certo Olhar no 67º Festival de Cannes, na terça-feira (20), acompanhadas de muitos gritinhos e uma certa histeria coletiva especialmente na apresentação noturna, que contou com a presença do ator e agora cineasta – e, provavelmente por isso, nenhuma vaia, ao contrário da exibição da tarde. O máximo que dá para dizer é que Ryan Gosling é corajoso ou sem noção mesmo, dependendo do ponto de vista.

Na trama, Billy (Christina Hendricks, da série Mad Men) é uma mãe solteira de um jovem rapaz, Bones (Iain de Caestecker, do seriado Agents of S.H.I.E.L.D.), e de um bebê. Ela tem dificuldades de manter a casa que herdou da família. Tentando sobreviver, aceita a proposta de seu gerente da hipoteca, Dave (Ben Mendelsohn), de trabalhar num clube noturno excêntrico, gerenciado por Cat (Eva Mendes). Já Bones encanta-se pela vizinha, Rat (Saoirse Ronan), enquanto é perseguido por Bully (Matt Smith, ex-Dr. Who).

Essas são as linhas gerais da história também escrita por Gosling, mas ele resolveu “ousar” nos detalhes, a começar pelos nomes bobos dos personagens: – Bones é “ossos”, Cat é “gata”, Rat é “rata” e o cara que pratica bullying na vizinhança, vejam só que sacada, chama-se Bully. Rat tem esse nome porque é dona de um rato. Bully usa uma jaqueta de lantejoulas e enquanto corta fora os lábios de um capanga, Billy simula cortar seu rosto fora de um dos shows da tal casa noturna.

Leia também:

Irmãos Dardenne e japonesa são favoritos em Cannes

Pattinson surpreende com dois filmes em cartaz em Cannes

Continua após a publicidade

O problema principal do filme é sua falta de personalidade. Gosling toma emprestado de diversos diretores, numa mistureba que não dá certo. A história se passa numa Detroit desolada e ao mesmo tempo mística que parece a Nova Orleans de Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin, usando inclusive personagens locais em passagens aparentemente improvisadas. As cenas iniciais, com o bebê, lembram um pouco A Árvore da Vida, de Terrence Malick. As cores lembram Drive e Apenas Deus Perdoa, ambos estrelados por Ryan Gosling e dirigidos por Nicolas Winding Refn, que faz parte do júri da competição oficial e estava na sessão oficial de Lost River. A atmosfera mistura um pouco de Refn e Gaspar Noe, um tanto daquele mundo de sonho-pesadelo David Lynch – a casa noturna parece bastante o clube Silêncio, de Cidade dos Sonhos – e até uma certa dose de bizarrice à David Cronenberg e Leos Carax. Conforme o filme avança, mais ridículo fica.

Pobre Ryan Gosling. Ele já não é um ator de muitos recursos – dá para fazer uma montagem no melhor estilo Kristen Stewart com sua única expressão em todos os papéis que faz – e agora se arrisca como diretor e dá com a cara no chão. O melhor a fazer é voltar a ser o astro cool que ele pode ser.

Leia também:

Filme com Channing Tatum é forte candidato ao Oscar

Tommy Lee Jones surpreende com western feminista

Continua após a publicidade

Recepção – As críticas a Lost River (Rio Perdido, em tradução literal) foram arrasadoras. No jornal inglês The Guardian, Peter Bradshaw começa o texto assim, fazendo trocadilho com o título do filme: “No lugar de ‘rio’, leia-se ‘oportunidade’ ou ‘qualquer senso de noção ou humildade’ ou talvez simplesmente ‘juízo'”.

Justin Chang, da Variety, escreveu: “Se Terrence Malick e David Lynch de alguma maneira concebessem um filho artístico que fosse sequestrado, estrangulado e repetidamente socado no rosto por Nicolas Winding Refn, os resultados poderiam ser parecidos com Lost River“. Ele ainda chamou o longa de “risível”.

Robbie Collin, do jornal inglês The Daily Telegraph, brinca que a semana inteira o festival esperava um cavaleiro em cavalo branco para resgatar Nicole Kidman da avalanche de críticas negativas recebidas por Grace de Mônaco. “Bem, ele chegou na forma de Ryan Gosling”, escreveu.

Para Richard Corliss, da revista Time, disse que o filme “navega entre a estupefação e o obscuro, entre o LOL (expressão que no português significa ‘ri alto’) e o WTF (ou ‘mas que diabos’)”.

Continua após a publicidade
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.