O cantor e compositor pernambucano Reginaldo Rossi, 69 anos, tem um tipo de câncer de pulmão com grande possibilidade de metástase, mas que ao mesmo tempo oferece boa resposta aos medicamentos. A informação foi dada nesta quinta-feira pela equipe médica que o atende no hospital Memorial São José, no Recife, onde ele está internado desde o dia 27.
Rossi continua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde se submeteu à segunda sessão de quimioterapia. Ele apresentou melhora depois da primeira sessão, realizada nesta quarta-feira, quando passou mal e seu estado foi considerado “crítico” pelos médicos. Nesta sexta, ele terá a terceira sessão, encerrando o primeiro ciclo do tratamento. Depois de um intervalo de 21 dias, terá início o segundo ciclo.
O cantor tem insuficiência renal e se submete a hemodiálise desde o dia 3 de dezembro. O pneumologista Murilo Guimarães, que integra uma equipe de seis profissionais, disse que há expectativa de que ele continue reagindo bem. Observou, no entanto, que o cantor corre risco de vida. “Ninguém que está na UTI está fora de risco de vida”, disse.
O cantor deu entrada no hospital com dores torácicas, hipertensão e infecção renal. No dia 4, foi retirado um nódulo da sua axila direita e o resultado da biópsia confirmou o diagnóstico de câncer no pulmão. Na segunda-feira, foram retirados dois litros de líquido acumulados entre a pleura e o pulmão, num procedimento chamado toracocentese.
Inicialmente influenciado pela Jovem Guarda e o iê-iê-iê, Reginaldo Rossi se consolidou como o “rei” do brega no Nordeste, onde o termo, longe de ter um significado pejorativo, designa um gênero de ampla difusão e poder comercial. Entre seus hits, se destacam Mon Amour Meu Bem Ma Femme, Eu Queria te Odiar, A Raposa e as Uvas e Garçom, talvez o mais conhecido em todo o país.
Reginaldo Rossi
Se o brega tem um rei, ele se chama Reginaldo Rossi. Mas não foi sempre assim, o pernambucano de 66 anos que hoje usa e abusa do que há de mais cafona, tanto no visual quanto nas letras de suas músicas, começou a carreira influenciado pelos Beatles e no embalo Iê Iê Iê da Jovem Guarda, na década de 60 – mesmo que seu disco O Quente já fosse um prenúncio do que ele se tornaria. Mas foi só 30 anos depois que a música Garçom o ajudou a conquistar a popularidade de norte a sul do país.
Sidney Magal
Tudo o que levou Sidney Magal ao sucesso até hoje é o mesmo que deixa as pessoas de bom gosto de queixo caído. Afinal, um homem alto, moreno e de lindos cabelos negros que não tem a menor vergonha de rebolar, requebrar e se vestir de maneira excêntrica consegue impressionar e assustar ao mesmo tempo. Mas é essa mistura latina-cigana-e-sem-vergonha-alguma que faz desse cantor de 57 anos o símbolo brega da música brasileira. Afinal, mesmo quem tem uma crítica na ponta da língua para soltar em referência a ele não consegue sair imune a Sandra Rosa Madalena, O Meu Sangue Ferve Por Você, Me Chama que Eu Vou ou Tenho (no clipe abaixo, com detalhe para a participação da – hoje cult – atriz Débora Falabella).
Gretchen
Gritinhos impagáveis e um bumbum generoso transformaram Gretchen em uma artista única. Ela não precisa que suas músicas façam sentido nem sequer que tenham letra compreensível – vê-se os sucessos Freak Le Boom Boom, Conga Conga Conga e Piripiripiri. Basta a cantora, hoje com 51 anos, pegar o microfone e fazer o que sabe melhor: sorrir e rebolar. E quem tem coragem de deixar o pudor de lado não consegue ficar parado. Só uma pergunta sobre suas músicas ainda permanece sem resposta: se as letras não precisam mesmo ter nexo, por que ela não canta em português?
Banda Calypso
Joelma e Chimbinha são a maior prova de que há uma parcela da população – muito maior do que você pensa – que ama a breguice. Nada mais explicaria o estouro da banda Calypso, que arrasta uma verdadeira multidão de fãs a seus shows por todo o Brasil e já vendeu mais de 10 milhões de álbuns. Do título da música que lançou o grupo ao estrelato – Cavalo Manco – às roupas bufantes e chamativas da vocalista Joelma passando pelo topete loiro de Chimbinha, tudo parece ter sido criado para ostentar o que há de mais extravagante no mundo.
https://youtube.com/watch?v=HWzpEqnxGVE
Waldick Soriano
Poucas coisas são mais bregas (e lindas, ok) do que o amor. Por isso, quem canta músicas românticas sempre acaba taxado de brega. Junte-se a isso um cantor de voz grave, estilo triste, sempre usando roupas pretas, chapéus e óculos escuros. Pronto, está pintado um retrato real do que é ser cafona: Waldick Soriano. Entre suas músicas dor-de-cotovelo, a que cai fácil na boca do povo ainda hoje é Eu Não Sou Cachorro Não. Morreu em 2008, aos 75 anos, após dois anos lutando contra um câncer de próstata.
https://youtube.com/watch?v=WwTXmoYRXqk
Cauby Peixoto
Ser considerado por revistas americanas “o Elvis Presley brasileiro” não é para qualquer um. Apenas Cauby Peixoto tem classe para sustentar tal título em cima de sapatos devidamente lustrados e dentro de ternos reluzentes e perfeitamente alinhados, sem arrepiar um único cacho de cabelo. Não se pode negar que o cantor de voz aveludada mantém sua elegância como prioridade, ainda aos 82 anos – 56 deles de carreira –, com a mesma vaidade do jovem aspirante a cantor que apostava que uma boa vestimenta o ajudaria a chegar ao sucesso.
Falcão
Ele nasceu no Ceará – reduto de comediantes brasileiros – e decidiu fazer do escrachado seu ganha-pão. Para isso, bastou juntar frases em inglês e português em canções sem pé nem cabeça. Garantia de sucesso ou, pelo menos, de boas gargalhadas. Assim, Falcão transformou em hit músicas como Holiday Foi Muito e deu um toque todo especial em verdadeiros hinos do brega, como Eu Não Sou Cachorro Não, de Waldick Soriano, e que em sua voz tornou-se I’m Not Dog No. E se é para ser cafona mesmo, que seja vestindo ternos bem coloridos e nada menos do que um girassol na lapela.
Ovelha
A pele branca e os cabelos encaracolados lhe renderam o apelido pelo qual ficou conhecido em todo o país. Foi Chacrinha quem transformou Ademir em Ovelha depois de uma das muitas participações do cantor em um show de calouros nos anos 1970 – bem melhor do que os apelidos que tentaram emplacar antes, como Rato Branco. Vendeu ao longo da carreira mais de 4 milhões de discos, a maioria graças a suas versões de sucessos internacionais como Oh, Carol. Natural de Recife, hoje tem 58 anos.
Luiz Caldas
Uma questão lógica simples: axé é brega; Luiz Caldas é o rei do axé; Logo, Luiz Caldas é brega. O cantor baiano fez sucesso antes mesmo do ritmo ganhar de vez o Brasil, nos anos 1980, bem antes do surgimento de É o Tchans e afins. Começou misturando reggae com ritmos caribenhos, frevo, samba e o que mais houvesse disponível para sacudir o esqueleto. Ganhou os carnavais brasileiros e atingiu o auge gravando a música-tema de uma das personagens mais marcantes da ficção brasileira: Tieta.
Rita Cadillac
Quando uma pessoa não tem amigos sinceros o suficiente para o impedir de pagar micos, acaba ficando como Rita Cadillac: alguém que acha que canta e acredita que faz sucesso. Não, música definitivamente não é a sua praia – pelo menos com o microfone na mão. Já dançando e rebolando, a história é outra. Afinal, foi de costas que ela se consagrou como a chacrete mais famosa e é dessa forma que permanece conhecida até hoje. Tanto é verdade que ela mesma disse que, quando morrer, deseja ser enterrada de bruços, para deixar à mostra sua parte preferida do corpo.
(Com Estadão Conteúdo)