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Paul faz apresentação antológica em SP

Em quase três horas de show, músico toca clássicos dos Beatles, homenageia ex-parceiros e encanta os 64 mil fãs que lotaram o Morumbi

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 nov 2010, 01h32

A voz de McCartney impressiona ao vivo. Ela está praticamente impecável, com exceção de um ou outro deslize (o Beatle não grita mais com tanto entusiasmo em I’ve Got a Feeling e dá uma pequena escorregada em My Love)

Em entrevista publicada esta semana em VEJA, o roqueiro inglês Paul McCartney disse ter sido o mais desbravador dos Beatles. Pois bem, se havia alguma dúvida nessa declaração, ela foi dissipada após a antológica performance de sir Paul McCartney neste domingo no estádio do Morumbi. Ali, em frente a um público estimado em 64 000 pessoas, o cantor, baixista e pianista mostrou o melhor de sua produção em 50 anos de carreira: das canções inocentes e românticas que fizeram parte do início dos Beatles à chegada da maturidade; da bem-sucedida carreira com os Wings, grupo que formou com a mulher, Linda, e com o guitarrista Denny Laine no início dos anos 1970, às criações da última década, que incluem até parceria com o baixista Youth, do grupo pós-punk Killing Joke (o projeto se chama The Fireman). E, acima, de tudo, Paul, o grande performer, que ao lado de músicos de primeira linha – a saber, o guitarrista Rusty Anderson, o guitarrista e baixista Ray West (que é a cara de Steven Tyler, do Aerosmith), o tecladista Wix Wickens (o único que esteve nas duas vindas anteriores de McCartney, em 1990 e 1993) e o soberbo baterista Abe Laboriel Jr. – tocou por quase três horas sem dar o mínimo sinal de cansaço ou tornar a apresentação enfadonha.

Paul McCartney disse que não existe nada pior do que transformar uma canção de sucesso. Acha que soa como banda cover. Por isso, as músicas que interpreta são tocadas no tom original e com arranjos semelhantes. All My Loving, por exemplo, soou tão fresca quanto a da apresentação dos Beatles no programa Eddie Sullivan, em 1963 – que desencadeou a Beatlemania nos Estados Unidos. O mesmo se pode dizer de And I Love Her e Drive My Car, esta última, de Rubber Soul, disco que inaugurou a fase adulta dos Beatles. A voz de McCartney impressiona ao vivo. Ela está praticamente impecável, com exceção de um ou outro deslize (o Beatle não grita mais com tanto entusiasmo em I’ve Got a Feeling e dá uma pequena escorregada em My Love). O ritmo de seu show também é notável. Não há um momento para dispersão, nem mesmo quando sobe ao piano para interpretar baladas ou mostra canções que não fazem parte da memória afetiva do público – caso de Highway, do projeto Fireman. E mesmo nessas horas, conta com momentos divertidos do seu grupo (a dança de Laboriel Jr. em Dance Tonight) ou com sua simpatia irradiante. McCartney dedicou música para a ex-mulher, Linda, morta de câncer em 1998, chamou o público de “galiera” e puxou um coro de “ê São Paulo” com uma batida que emulava o estilo do roqueiro Bo Diddley.

McCartney tocou músicas de todas as suas fases. Porém, deu um maior destaque a Band on the Run, que lançou em 1973. Há dois bons motivos para tanto. Primeiro porque se trata de um clássico irretocável, um dos melhores de sua carreira. Dali saíram Jet, Band on the Run, Mrs. Vandebilt e Let Me Roll It, um dos muitos recados carinhosos que ele passou para John Lennon. Segundo, o álbum está sendo relançado em dois formatos especiais – um contendo um CD bônus e um DVD e outro, com três CDs e um DVD. Portanto, nada mais natural que privilegiar este grande lançamento. Mas ainda há espaço para boas surpresas, como I’ve Just Seen a Face, do disco Help!, uma espécie de country rock, e Obla Di Obla Da, que teve seu lado reggae bastante acentuado. E não há como não se emocionar com Here Today, homenagem a Lennon, um dos muitos bons segredos do disco Tug of War, de 1982. Lennon foi ainda lembrado no refrão de Give Peace a Chance, que foi unida a Day in the Life. O outro homenageado da noite foi George Harrison, que ganhou uma linda versão de Something – e cujo solo, um dos melhores da carreira do ex-Beatle, foi recriado com fidelidade por Rusty Anderson.

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McCartney encerrou a apresentação com Hey Jude. Depois, voltou para mais dois bis: o primeiro, trazia Day Tripper, Lady Madonna e Get Back. Yesterday, Helter Skelter (um proto-heavy metal) e Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foram executadas quando parte da platéia estava indo embora – com a certeza de ter presenciado uma das melhores apresentações de um artista estrangeiro em solo brasileiro.

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