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Os livros e leitores criados por Harry Potter

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 nov 2010, 15h34

A editora Fundamento, de Curitiba, é símbolo das transformações operadas por Harry Potter no mercado editorial. Na última década, a empresa desviou o seu foco dos livros de autoajuda, que ainda edita, para o nicho juvenil, hoje a sua principal frente de atuação. No segmento, publica inúmeras séries, como A Lenda dos Guardiões, Diário Secreto de Sara Swan e As Chaves do Reino, títulos que são resultado do espaço aberto no mercado pela britânica J.K. Rowling. Mas não foram apenas novas séries de livros e legiões de leitores que Harry Potter criou. O menino bruxo da escritora britânica J.K. Rowling engendrou também um mercado que gira em torno de si mesmo.

São títulos como o dicionário Harry Potter de A a Z, o divertido Quadribol através dos Séculos, sobre o esporte praticado no universo de Rowling, e Harry Potter Pop-Up, com imagens dos cenários de filmes da série. Ou Harry Potter e a Filosofia, em que estudiosos de filosofia discutem os segredos da fictícia escola Hogwart, e O Destino de Harry Potter, recheado de teorias sobre o que acontecerá com a comunidade de Hogwart após o fim da saga estrelada pelo menino mago.

A saga, por sinal, pode ter continuidade. A hoje bilionária J.K. Rowling já admitiu mais de uma vez que pode escrever um novo livro para a série. Mas prefere não firmar uma data, como maneira de não se comprometer com os leitores. “Se em dez anos eu quiser fazer outro, provavelmente vou fazer”, declarou por ocasião da première de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1.

Os leitores, no entanto, não devem esperar um outro Harry Potter para encarar uma nova leitura. Quem começa a ler ou toma gosto por livros com as linhas da escritora britânica costuma buscar outros títulos depois de encerrar – ou de reler – a série. “Harry Potter forma leitores e a leitura não é um hábito que se perde tão fácil”, diz Jorge Oakim, editor da Intrínseca. “Acredito que o adolescente fique por um tempo no mesmo campo literário, procurando algo que se conecte com a sua faixa etária, mas segue alimentando o hábito de ler, até encarar obras para adultos”, diz Adão Dias Paz, gerente de produtos editoriais da Fnac Porto Alegre.

A formação de leitores por Potter faz, inclusive, com que estudiosos como a literata Heloísa Buarque de Hollanda defendam a adoção do hit pelas escolas. “O hábito de literatura como entretenimento é algo fantástico, que propicia a alguns o interesse por outros tipos de literatura”, diz Heloísa. “A gente não tem esse hábito de ler best-seller na educação, quando se induz um aluno ou um filho a ler, é Machado de Assis que se oferece a ele. O problema é que essa ideia de introduzir apenas grandes autores não cria hábito de leitura, a garotada gosta de ler Harry Potter, que, aliás, tem uma qualidade literária inquestionável. Mas há um preconceito no Brasil, país ainda muito aristocrata, contra livros de entretenimento.”

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Confira abaixo alguns casos de leitores que foram impulsionados pela saga de J.K Rowling.

Verônica Mancini, 21, designer

“Eu leio Harry Potter desde os 11 anos. Ele também tinha 11 no primeiro livro e eu costumo dizer que a gente cresceu junto. Harry Potter e a Pedra Filosofal foi o primeiro livro que eu li por vontade própria, depois de ouvir um primo meu elogiar. A partir daí, fiquei viciada. Depois que terminei de ler a série, passei para Crepúsculo, Orgulho e Preconceito, da Jane Austen, que eu conheci pelo filme, e Percy Jackson. Alice no País das Maravilhas está na minha fila. Até Harry Potter, eu achava que não conseguiria ler livros grandes. A série me fez perder o medo.”

A publicitária Gabriela Hesz é fã de Harry Potter
A publicitária Gabriela Hesz é fã de Harry Potter (VEJA)
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Gabriela Hesz, 22, publicitária

“Na quinta série, uma amiga me contou que estava lendo e adorando Harry Potter. A gente estava na aula de educação física, conversando em uma roda de meninas, e uma delas disse também recomendou. Eu comprei os dois primeiros números da série de uma vez, e li em duas semanas. A partir do terceiro, passei a encomendar e comprar no dia do lançamento. E, a partir do quinto, comecei a comprar em inglês, para ler antes da tradução em português, que eu também comprava, meses depois. Este ano, já li pelo menos vinte livros, como Crime e Castigo, A Insustentável Leveza do Ser, O Cortiço e Ensaio sobre a Lucidez, este pela segunda vez.”

O estudante Francisco Neto, fã de Harry Potter
O estudante Francisco Neto, fã de Harry Potter (VEJA)

Francisco Neto, 18, estudante

“Quando a minha irmã começou a ler a saga, eu não tinha muito interesse, porque era novo, não tinha nem dez anos. Cheguei a começar o primeiro livro, Harry Potter e a Pedra Filosofal, várias vezes, mas acabava abandonando. Aos 12, fui até o fim e então não consegui parar mais. O hábito de ler me ajudou a encarar os livros de escola. Mesmo quando eu achava a obra chata, como Ana Terra, tinha paciência de ir até o final. Mas, quando é para ler para mim mesmo, escolho. Tentei ler Crepúsculo, mas não gostei, achei maçante. Senhor dos Anéis eu também não gostei, é descritivo demais. A (escritora) J. K. Rowling pega mais leve com a descrição.”

Livros inspirados em Harry Potter

'Harry Potter de A a Z'
‘Harry Potter de A a Z’ (VEJA)

Dicionário dedicado aos fãs do menino bruxo, com descrição detalhada de personagens, lugares, maldições e criaturas presentes nas milhares páginas da saga de J. K. Rowling. Livra o leitor da necessidade de consultar outros livros para entender aquele que está lendo.

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Quadribol através dos Séculos
Quadribol através dos Séculos (VEJA)

Quadribol através dos Séculos foca o fictício quadribol, esporte tão popular entre os bruxos como o futebol entre os não-bruxos. Aqui, os jogadores entram em campo montados em suas vassouras, em times de sete jogadores: um goleiro, três artilheiros, dois batedores e um apanhador.

Harry Potter Pop-Up
Harry Potter Pop-Up (VEJA)

Harry Potter Pop-Up reúne momentos e cenários dos filmes inspirados na série de J. K. Rowling. Os cenários “explodem” em pop-ups, construções feitas de papelão, quando o livro é aberto. Para crianças ou fãs obcecados.

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Harry Potter e a Filosofia
Harry Potter e a Filosofia (VEJA)

Em Harry Potter e a Filosofia, estudiosos discutem os segredos da fictícia escola Hogwart e se lançam em elucubrações sobre as teorias que permeiam o universo do aprendiz de feiticeiro. Pode-se dizer inútil, mas nunca para um fã.

O Destino de Harry Potter
O Destino de Harry Potter (VEJA)

Para quem não se conforma com o fim da série, a obra traz rumores do futuro de Harry Potter e seus colegas. É assinada pelos jornalistas Ivan Finotti e Juliana Calderari, que passaram meses analisando filmes e livros e fazendo entrevistas com fãs e escritores.

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