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‘Mafalda’ completa 50 anos sem perder a relevância

Personagem do cartunista argentino Quino completa meio século ainda atual

Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 09h56 - Publicado em 30 jan 2014, 22h41

Mafalda, a menina anticonformista criada por Quino em 1964, chega aos 50 anos famosa no mundo inteiro e sem perder a atualidade. Segundo seu criador, seus temas e preocupações continuam relevantes porque muito do que ela questionava continua sem solução na Argentina e no mundo.

“Às vezes fico surpreso como algumas tiras desenhadas há mais de 40 anos ainda podem ser aplicadas a questões de hoje”, declarou o roteirista e desenhista argentino de 81 anos.

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Quino, que mora parte do ano em Madri e o restante do tempo em Buenos Aires, apresentou, através do olhar crítico da menina de classe média, a própria visão do mundo. Mafalda não gosta de sopa e critica o mundo dos adultos. Seus temas favoritos são os problemas econômicos e sociais, as desigualdades, a injustiça, a corrupção, a guerra e o meio ambiente.

“Sem ir muito longe, ano passado saiu na Itália um livro sobre Mafalda. O mais incrível é como muitas histórias pareciam fazer referência direta à campanha de Berlusconi”, comenta.

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O autor, cujo nome verdadeiro é Joaquín Salvador Lavado Tejón, publicou seu primeiro trabalho em 1963, mas foi a pequena menina de cabelo preto e fita vermelha que o levou à fama em 1964. Quino havia esboçado a personagem um ano antes, em uma tira de publicidade de uma marca de eletrodomésticos que não prosperou. “Adaptei a tira. Como não tinha que elogiar as virtudes de nenhum aspirador, a fiz reclamar, carrancuda.”

Quino encerrou as aventuras da personagem em 1973. Ele afirma que acabou com a série porque “estava cansado de fazer sempre a mesma coisa”. “A decisão passou até por áreas conjugais, porque minha mulher estava chateada de não saber se podíamos ir ao cinema, convidar pessoas para jantar, porque eu ficava até as dez da noite com as tiras. Além disso, era muito difícil não repetir.”

“Havia um professor da minha geração, Oski, e ele nos disse que nunca tivéssemos um personagem fixo”, continua. “E que, se tivéssemos, deveríamos pegar a tira e tapar o último quadrinho com a mão. Se o leitor adivinhasse como terminaria, deveríamos parar de fazê-lo. Me pareceu um bom momento e não imaginei que 40 anos depois continuaria vigente”.

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Sem censura – Em 1976, com o golpe militar na Argentina, Quino se exilou em Milão, mas Mafalda continuou a habitar o país. “Acredito que aconteceu porque a arte das tiras era considerada um gênero menor, que não representava uma ameaça como voz histórica. Os desenhos não aparentavam ser uma arte altamente intelectual e eram percebidos como entretenimento”.

Mafalda é muito popular em vários países e Quino diz que fica surpreso com o fato de ser uma das 10 figuras argentinas mais famosas do século XX. “Acredito que a temática é comum a todos os grupos familiares humanos, estejam na China, na Finlândia ou na América Latina”.

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Alguns comparam a menina argentina de classe média a Charlie Brown, personagem criado pelo americano Charles Schulz. Para Quino, “Mafalda pertence a um país denso de contrastes sociais, que apesar de tudo queria integrá-la e fazê-la feliz, mas ela se nega e rejeita todas as ofertas. Charlie Brown vive em um universo infantil próprio, do qual estão rigorosamente excluídos os adultos, com a diferença de que as crianças querem virar adultos. Mafalda vive em um contínuo diálogo com o mundo adulto, mas o rejeita, reivindicando o direito de continuar sendo uma criança”.

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De acordo com o autor, Schulz criou personagens antipáticos, simpáticos, bons, maus, invejosos e isto foi uma revolução. “Eu peguei bastante dele, mas, como não sou americano, fiz uma adaptação muito argentina da coisa”.

Ao ser questionado sobre como vê a Argentina e o mundo de hoje, Quino mantém a postura. “Nossa obrigação é acreditar que o futuro vai ser melhor, mas no fundo sabemos que tudo continuará sendo como até agora”.

https://www.youtube.com/watch?v=yUESlPGIEHM

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(Com agência France-Presse)

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