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‘Lope’ conta – muito bem – a história do maior nome do teatro espanhol

Por Ulisses Mattos, do Rio de Janeiro
7 out 2010, 13h37

Se não fossem as participações de dois brasileiros no elenco, Selton Mello e Sonia Braga, jamais se levantaria suspeitas sobre a nacionalidade do diretor

Um dos maiores nomes do teatro espanhol, Lope de Vega, ganhou um filme para contar o início de sua carreira e suas primeiras aventuras amorosas. Nada demais se essa produção não fosse dirigida por um brasileiro ainda sem projeção internacional: Andrucha Waddington. A coprodução de Brasil e Espanha, com patrocínios de empresas dos dois países e recursos da Lei do Audiovisual, chegou a causar certo desconforto entre compatriotas do poeta que não gostaram de ver o mito nacional nas mãos de um estrangeiro.

Poderia ser pior, se Andrucha tivesse ousado fazer algum malabarismo estilístico. Ao invés disso, o cineasta partiu para a realização de um filme clássico. E se não fossem as participações de dois brasileiros no elenco (Selton Mello como um nobre português e Sonia Braga como a mãe do dramaturgo), jamais se levantaria suspeitas sobre a nacionalidade do diretor. A superprodução de 13 milhões de euros chegou a ser cogitada para representar a Espanha no Oscar, mas acabou de fora com a escolha de También la Lluvia, de Iciar Bollaín, com Gael García Bernal. Andrucha entrou no projeto de Lope quando o roteirista, depois de assistir a Casa de Areia, quis mostrar seu texto a ele. O brasileiro gostou do que leu e correu atrás do financiamento da obra.

Lope tem a intenção de mostrar um artista em formação, acompanhando o jovem voltando da guerra, depois de servir à Armada Espanhola, e se estabelecendo em Madri, onde tenta, quase desesperadamente, ganhar a vida escrevendo peças. É interessante ver, ainda no final do século XVI, aquele que se tornaria o segundo maior nome das letras espanholas tendo que convencer poderosos a lhe dar uma chance. Sim, Lope não é o autor mais conhecido da Espanha, cabendo o posto a Miguel de Cervantes, que chamava o colega de “monstro da natureza”, por sua impressionante capacidade de produção. O autor deixou 3 mil sonetos, três romances, nove poemas épicos e cerca de 1.800 peças, sendo que pelo menos 80 destas últimas são consideradas trabalhos de excelência, tendo também estabelecido o modelo de teatro da época e sendo o primeiro a mesclar drama e comédia.

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O dramaturgo foi também conhecido por escândalos com mulheres, embora o filme não mostre toda a lista de amantes que teve, já que aborda seus primeiros anos de carreira. Na trama, Lope, interpretado pelo argentino Alberto Ammann, se envolve com a filha do dono da companhia de teatro para quem trabalha, mas logo se apaixona por uma moça de família cobiçada por um nobre a quem vendeu versos que usava para tentar conquistá-la. É a partir do relacionamento com as duas mulheres, interpretadas respectivamente por Pilar López de Ayala e Leonor Watling, que Lope complica sua vida, desafiando o poder local.

Andrucha dá conta do desafio de rodar uma superprodução de época, filmada em um país estranho e toda falada em uma língua que não é a dele. Lope tem tudo para agradar ao público que vai atrás de uma história contada de forma tradicional e que mexe com amor, ego e contestação à hipocrisia.

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