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João Ubaldo Ribeiro preparava novo romance

Secretária diz que a rotina do escritor andava desgastante, mas ele se sentia bem de saúde. A notícia de sua morte pegou familiares e amigos de surpresa

Por Pollyane Lima e Silva, do Rio de Janeiro
18 jul 2014, 14h17

(Atualizado às 17h30)

João Ubaldo Ribeiro não se queixava de qualquer problema de saúde desde a última internação hospitalar, em maio deste ano. Por isso, a notícia de sua morte, na madrugada desta sexta-feira, pegou familiares e amigos de surpresa. “O médico havia pedido para que ele parasse de fumar. Ele reduziu bastante, não consumia mais de um maço por dia. E passou a se sentir muito bem”, conta Valéria dos Santos, secretaria do escritor há mais de dez anos.

No velório que acontece na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, ela revelou que o escritor preparava um novo romance, há pouco mais de um ano. “Ele não chegou a me falar do que se tratava. Disse que queria me proteger, pois as pessoas poderiam ficar em cima de mim, cobrando que eu dissesse alguma coisa”, lembra a secretária, que ficou com a missão de recusar a maior parte de convites que ele recebia para eventos em geral.

Para o filho Bento Ribeiro, ele chegou a adiantar alguma coisa. “Ele comentou que estava escrevendo sobre as inúmeras histórias de bar que viveu durante toda a vida. Mas queria contar sobre a boemia do Rio de Janeiro usando linguagem da Bahia, que foi onde ele nasceu”, explicou o ator, que quase não saiu de perto da mãe, Berenice, no velório. “Meu pai disse que estava no meio do livro. Vai ter de ficar pela metade mesmo”, acrescentou.

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A rotina de Ubaldo andava bastante desgastante, comenta Valeria. Colunista de jornal, ele se preocupava em escrever sempre sobre assuntos atuais. O período da manhã era o seu preferido para o trabalho. A secretária foi a primeira a chegar à casa do chefe, no Leblon, depois de saber que ele havia passado mal, por volta das 3h. “Ele estava com a mulher e a filha Francisca. Acordou passando mal. Elas ainda chamaram um médico, mas não havia mais nada a ser feito”, conta. De lembrança para Valéria, fica a imagem de um “gentleman”. “Ele tinha uma delicadeza muito grande para lidar com o ser humano.”

Viva o Povo Brasileiro A secretária adiantou ainda que a editora Objetiva preparava, para o fim do ano, uma festa em homenagem aos trinta anos de publicação do livro Viva o Povo Brasileiro. O diretor da empresa, Roberto Feith, confirmou a informação quando chegou ao velório, por volta das 16h. “Nada muda na nossa programação. Ao contrário: talvez seja o caso até de fazer um evento com uma amplitude maior, para ser uma celebração de toda a obra do João”, afirmou.

Uma edição especial da obra também está sendo produzida para marcar a data, com um novo projeto gráfico e prefácios escritos por autores convidados pelo próprio Ubaldo (os nomes não foram revelados). “Ele participou muito do projeto e estava feliz por celebrar esse livro que é singular, de uma envergadura única na literatura brasileira. É um pouco a história da criação da identidade brasileira, uma narrativa da evolução do nosso povo, nossas tragédias e paixões. E merece toda a comemoração.”

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