A autora de Harry Potter, J.K. Rowling, passou uma semana praticando uma assinatura para o pseudônimo Robert Galbraith, que criou para assinar uma série de livros policiais iniciada com The Cuckoo’s Calling, cuja autoria foi desmascarada há dez dias. Apesar da revelação, a escritora manteve os planos de continuar a história, sobre um detetive particular que investiga o aparente suicídio de uma modelo. A confirmação dos planos foi anunciada em um site criado para Galbraith. Na página, Rowling disse ter acabado de concluir a sequência do livro, que ser lançado no ano que vem.
Só não se sabe ainda quem assinará o próximo livro, agora que a verdadeira personalidade de Robert Galbraith, descrito originalmente pela editora como um ex-membro da Polícia Militar Real que vinha trabalhando na indústria de segurança civil desde a década passada, foi descoberta. As vendas de Cuckoo’s Calling dispararam desde que se descobriu a autoria. Na semana passada, por exemplo, a alta foi de 41 000% por cento, de acordo com dados divulgados pela Nielsen BookScan.
Rowling, que vendeu mais de 450 milhões de cópias dos livros de Harry Potter, foi acusada de planejar a revelação da autoria como um golpe publicitário, mas insiste que queria permanecer em segredo. “Se alguém tivesse visto os planos mirabolantes que elaborei para esconder minha identidade, perceberia que eu não queria ser descoberta”, escreveu a autora de 47 anos. Ela contou como passou os dias trabalhando na assinatura de Galbraith. “Minha assinatura para Robert Galbraith é peculiar e consistente. Gastei uma semana inteira praticando até ter certeza de como seria”, disse.
A empresa britânica Russells pediu desculpas após descobrir que um de seus colaboradores foi quem revelou o segredo. O homem contou a identidade real de Galbraith à melhor amiga da mulher, mas teria “pedido sigilo”. Porém, Rowling disse que Galbraith não precisou de sua ajuda — suas vendas iniciais teriam sido favoráveis em comparação com o sucesso de J.K. Rowling no começo da carreira. Duas emissoras de TV já tinham se interessado em adaptar o romance aclamado pela crítica, mesmo antes de a autoria real ter sido revelada, acrescentou Rowling.
Caso pensado — Não foi apenas a assinatura em que J.K. Rowling pensou. A autora seguiu um roteiro elaborado para criar seu pseudônimo. Dizer que ele era um ex-membro da Polícia Militar Real que vinha trabalhando na indústria de segurança civil foi uma forma, por exemplo, de não precisar publicar fotos dele no livro, nos sites de divulgação ou na imprensa. A autora disse, ainda, que escolheu o primeiro nome do pseudônimo por causa do seu herói: Robert F. Kennedy, o político americano que foi assassinado em 1968. O sobrenome, porém, foi escolhido por uma razão aleatória: “Quando era criança, eu queria muito ser chamada de ‘Ella Galbraith’ e eu não tenho a menor ideia da razão”, afirmou.
Rowling disse, ainda, que escreveu escondida por esse pseudônimo porque, por ser uma das autoras mais famosas do mundo, queria trabalhar “sem exageros ou expectativas para receber um retorno totalmente verdadeiro em relação ao trabalho”.
O policial The Cuckoo’s Calling é o segundo livro adulto de JK Rowling, que no ano passado lançou o enfadonho Morte Súbita (tradução e edição de Izabel Aleixo e Maria Helena Rouanet, Nova Fronteira, 512 páginas), a sua primeira investida na chamada alta literatura.