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Há mais axé no Rock in Rio do que revelam as coreografias

Por Rodrigo Levino, da Cidade do Rock
30 set 2011, 09h11

A escalação de Claudia Leitte e Ivete Sangalo para shows no Rock in Rio despertou reações negativas em parte do público, algumas amplificadas pela performance confusa da ex-vocalista do Babado Novo no festival – na última sexta, ela mexeu Rolling Stones, Nação Zumbi e a própria lavra num mesmo vatapá sonoro. Ivete, que se apresenta nesta sexta no palco principal do festival, volta a deixar roqueiros melindrados. Há quem alegue desvirtuamento excessivo na proposta do evento, que, afinal carrega o rock no nome. Uma crítica que a história prova ser injusta. O aviso dado por Claudia Leitte, no início de seu show, de que desejava transformar a Cidade do Rock no carnaval de Salvador não difere muito da performance de Elba Ramalho cantando o frevo Banho de Cheiro, no Rock in Rio de 1985. Ou de Carlinhos Brown – hostilizado por uma plateia tradicionalista e sua chuva de garrafas – tentando entoar Água Mineral, na edição de 2001.

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Mais do que isso. A partir de uma análise nem tão mais acurada assim, elementos que caracterizam o axé, a começar pelas coreografias virais e a continuar com a postura de palco, as melodias aderentes e as letras rasantes, saltam dos shows mais insuspeitos do evento. Em outras palavras, há muita quinquilharia, de origens diversas, que não escapa às críticas direcionadas com tanto fervor à turma da Bahia. O que dizer, por exemplo, de Dinho Ouro Preto e Rogério Flausino, vocalistas das bandas Capital Inicial e Jota Quest, berrando “sai do chão”, grito de guerra típico de um trio elétrico, para depois cantar coisas como “às vezes é muito raro”, de Fácil? É como se Bel Marques, líder do Chiclete com Banana, fizesse uma incursão pelo que se diz rock ou pop rock.

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No quesito sensualidade, muito bem representado pelo rebolado e pelo samba de Claudia Leitte e pelas pernas descobertas de Ivete Sangalo, a colombiana Shakira não deixa por menos. Nem a caribenha Rihanna, para quem saracotear faz parte do show e da imagem pública que alimenta, desenvolta no ofício. Para completar a receita do requebrado, pegue a batucada do Monobloco, grupo que anima a burguesia folclórica com seu suingue carnavalesco e, bem, temos outro candidato a integrante da axé music, aí com o verniz intelectual da Zona Sul carioca.

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Do ponto de vista musical, há ainda mais interseções do que se imagina. Afinal de contas, é possível medir a distância entre Yellow, uma canção babosa e chata do Coldplay, e Se Eu Não te Amasse Tanto Assim, interpretada por Ivete Sangalo? Ou quanto há de diferença semântica entre Do seu Lado (“o amor é o calor / que aquece a alma”), dos mineiros do Jota Quest, e Sorte Grande (Poeira) (“a minha sorte grande / foi você cair do céu”), da mesma Ivete?

Além do mais, no chão, entre o público, não falta gente disposta a se divertir – e tirar o pé do chão – ao som de Natasha, do Capital Inicial, ou Beijar na Boca, de Claudia Leitte. São todas, em última instância, músicas talhadas para shows de arena, em que estilos e performances se confundem.

O que esperar de Ivete – Ao site de VEJA, a cantora Ivete Sangalo disse que apresentará no Rock in Rio um show com repertório coeso, composto por faixas que ela já gravou. Sem medo de ser feliz. “As críticas são compreensíveis. O Rock in Rio é originalmente do rock, mas houve um convite e quero crer que minha presença é bem vinda.” Sobre incluir rock no menu, como fez Claudia Leitte, Ivete dá uma declaração capaz de acalmar os metaleiros de plantão. Ou não: “O rock estará sutilmente mencionado em arranjos já concebidos e devidamente influenciados pelo gênero”.

É possível que apostar em repertório próprio seja a decisão mais acertada. Assumir o gênero a que pertence é uma forma de ganhar respeito do público. Ivete tentará.

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