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Em Veneza, filme retrata polêmico caso de eutanásia

'La Bella Addormentata ', de Marco Bellocchio, relembra história real de Eluana Englaro, jovem que permaneceu 17 anos em estado de coma após um acidente

Por Da Redação
6 set 2012, 12h15

Marco Bellocchio resolve mexer no vespeiro em seu brilhante La Bella Addormentata (A Bela Adormecida), filme que foi consagrado pelos aplausos em Veneza e que faz um retrato da história real de Eluana Englaro, jovem que permaneceu 17 anos em estado de coma após um acidente. O caso ficou popular na Itália porque, quando seu estado foi dado como irreversível, o pai entrou com processo junto à justiça para desligar os aparelhos que a nutriam, causando uma grande controvérsia entre os católicos do país.

Só que Bellocchio não faz um retrato simplista do caso Englaro. A história verídica fica na contraluz, formando um quadro de referência para que várias tramas paralelas possam se desenvolver. Numa delas, um senador (Toni Servillo) está votando uma lei, pela qual seu partido fechou questão, mas da qual não se sente convencido. Sua filha (Alba Rohrwacher) é uma militante pró-vida que conhece um rapaz (Michele Riondino) que pensa diferente. Uma famosa atriz (Isabelle Huppert) trata sua filha em coma como uma boneca, a veste, penteia e enfeita. Uma garota bonita (Maya Sansa) é autodestrutiva e tenta dar fim à vida, mas é salva pela dedicação de um médico jovem.

As tramas cruzadas estão aí não para cozinhar o prato feito do multiplot, que andou na moda. É uma estrutura flexível, que visa dar voz a vários lados da questão. Não porque Bellocchio queira ser jornalista e “ouvir o outro lado”. Ou os outros lados. Não. A ideia é dar tratamento polifônico a uma questão que tem a ver com a vida e com a morte. Nada menos. Claro que o diretor tem a sua posição pessoal: “Não me converti”, diz Bellocchio, brincando. “A minha é sempre uma posição laica. Posso até me colocar no lugar de quem tem fé. Não quero condenar. Ou achar que sou dono da verdade.”

Desse modo, Bellocchio faz um filme que não pode ser usado como bandeira por um lado ou por outro. É uma obra multifacetada, que expõe os vários lados da questão ao espectador e deixa de colocar ele mesmo firme convicção a respeito. É o que se poderia chamar de obra dialética, no sentido antigo. De diálogo, pontos de vista diferentes que se afrontam no mesmo espaço de discussão. Isso sob uma forma dramática e não discursiva. Não se ouvem teses durante o filme. Ele apenas acompanha um punhado de dramas humanos.

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“Não queria usar o filme como bandeira, embora eu tenha minhas ideias sobre tudo isso. Não se trata de defender uma posição, mesmo que você a considere justa”, diz Bellocchio. “Por isso recuso aquele tipo de pergunta jornalística sobre eu ser a favor ou contra a eutanásia. Não se trata disso.”

(Com Agência Estado)

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