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‘É uma época incrível para a TV’, diz William Harper, roteirista de ‘Grey’s Anatomy’

William Harper conta um pouco da rotina da equipe de produção de uma série de TV, meio que vive o seu auge nos Estados Unidos, e os desafios de escrever sobre um tema tão específico e técnico como o da medicina

Por Rafael Costa
7 out 2013, 07h24

No ar há oito anos, narrando o dia a dia de cirurgiões de um hospital da cidade de Seattle, Estados Unidos, Grey’s Anatomy faturou cinco prêmios Emmy e foi personagem e testemunha da explosão de uma transformação na TV americana, marcada por séries como Breaking Bad, que bateu recorde de audiência em seu último episódio, quando foi vista por 10,3 milhões de espectadores. “É uma época incrível para a televisão”, diz William Harper, roteirista de Grey’s Anatomy, de passagem pelo Brasil esta semana para comandar um workshop no Rio Content, evento voltado para o conteúdo da televisão que começou no último dia 27 e segue até quarta-feira, dia 9. Uma época incrível, que tende a durar. “A maioria vai se tornando mais fiel aos programas da TV paga à medida que esses vão melhorando.”

William Harper
William Harper (VEJA)

Em entrevista ao site de VEJA, Harper falou sobre os desafios de escrever uma série com um enredo baseado em uma área tão específica e técnica como a da medicina. Para que não haja nenhuma informação falsa, ou dado técnico errado, a equipe de roteiristas se une a especialistas da área para criar as tramas e os diálogos entre os atores Justin Chambers, Ellen Pompeo e Chandra Wilson, no elenco desde o início da série, além de Sandra Oh, que vai deixar o seriado a partir da próxima temporada.

Ao longo da entrevista, ele também contou sobre a rotina da equipe de produção de uma série de TV e como funciona o processo de criação de um episódio. “Nenhum roteiro é jogado fora, os que não parecem interessantes em uma primeira leitura são em geral reescritos, é um processo comum entre os roteiristas de televisão”, conta. Grey’s Anatomy é exibida pelo canal Sony no Brasil e pela ABC nos Estados Unidos, onde os doze primeiros episódios da décima temporada começaram a ser exibidos em setembro. A segunda metade tem estreia prevista para fevereiro de 2014. Confira abaixo a entrevista de William Harper:

Quais as dificuldades de escrever um roteiro de séries que relatam um universo específico e profissional, como Grey’s Anatomy? A responsabilidade é grande, pois não podemos colocar informações falsas ou enganosas a respeito do mundo médico. Por isso, nos cercamos de especialistas. Trabalha conosco, entre outros, uma médica de Pronto Socorro, que checa a lealdade do roteiro, se ele conta com informações precisas, e que nos ajuda com a linguagem mais técnica. Nosso primeiro objetivo é entreter, mas, como estamos lidando com uma temática médica, a responsabilidade é maior, é preciso muita apuração.

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Como as pesquisas médicas influenciam o desenvolvimento dos personagens e o roteiro dos episódios de Grey’s Anatomy? Vocês aprendem muita coisa no processo? Nós aprendemos muito escrevendo esses roteiros. Temos um time de pesquisadores, incluindo um diretor de pesquisas médicas que está sempre atento a novas descobertas na medicina e histórias interessantes da área. Então, quando decidimos a história que queremos contar, ele nos coloca em contato com doutores ou profissionais da área médica que podem nos dar a informação de que precisamos para que tudo que for escrito seja verdade. Além disso, fazemos nossas próprias pesquisas, nos baseamos em notícias que lemos no jornal e até experiências pessoais para ter as ideias dos episódios.

Você já usou alguma experiência sua? Todas as vezes que vou ao médico, procuro perguntar quais foram as coisas mais estranhas e interessantes que ele já viu. Normalmente, eles gostam muito de dividir as experiências com os pacientes. É difícil lembrar de alguma experiência específica minha que eu tenha levado para a sala de roteiristas, pois, geralmente, trata-se de algo que eu presenciei ou ouvi falar. Por exemplo, quando você vive a situação de estar no hospital com um membro da família, essa experiência e a maneira como você reagiu a ela terão influência direta na hora de escrever um diálogo na história.

Quantas pessoas trabalham na produção de um roteiro? A sala de roteiristas tem entre 10 e 12 escritores. Eles trabalham em grupo para escrever e criar as histórias daquele episódio específico, depois tudo vai para as mãos de Shonda Rhimes (criadora da série).

Quanto tempo se leva para escrever o roteiro de um episódio? Algum roteiro é jogado fora no meio do processo? Nenhum roteiro é jogado fora, os que não parecem interessantes em uma primeira leitura em geral são reescritos, é um processo comum entre os roteiristas de televisão. Nós criamos 24 roteiros por ano, uma média de dois por mês, pois levamos cerca de duas semanas para criar e escrever um episódio, depois de oito a dez dias para filmá-lo.

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Como manter o padrão das histórias e dos personagens apesar das mudanças de roteiristas e produtores ao longo dos anos? Acredito que a voz e a mensagem principal do seriado nunca mudam, assim como a visão da criadora, Shonda Rhimes. É um mundo no qual as histórias falam de vida e morte, não importa com quem seja, e Shonda consegue inserir personagens que se encaixam com a série e ajudam a contar suas histórias sem sobressaltos. Nesse momento, não há sinais de que a série terá mudanças, tanto no elenco, como nos bastidores.

Como você vê o atual boom de séries de boa qualidade? É uma época incrível para a televisão, tanto para os canais abertos, como para os pagos ou os virtuais. É como um novo mundo onde as pessoas podem assistir às programações no lugar e na hora que quiserem. Mas percebi que a maioria vai se tornando mais fiel aos programas da TV paga à medida que esses vão melhorando em relação aos da TV aberta.

De que maneira a greve dos roteiristas ocorrida em 2007 e 2008 mudou a TV americana? Bom, foi parte de uma negociação com as produtoras de TV na qual os escritores sentiram que deveria haver algumas mudanças importantes naquele momento, como uma recompensa salarial maior. Coisas que esperávamos que mudassem na televisão e acabaram acontecendo, sempre para melhor (como melhores salários). Podemos ver ainda essas mudanças acontecendo até os dias de hoje.

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