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Carly Rae Jepsen, o pop da nova (e colorida) geração

Como o hit 'Call Me Maybe', da garota canadense de 27 anos lançada por Justin Bieber, tornou-se uma verdadeira obsessão pop e ajudou a comprovar que a homossexualidade já não é mais um tabu tão grande entre adolescentes

Por Carol Nogueira
30 jun 2012, 18h47

Da janela do quarto, uma menina vê seu novo vizinho aparar a grama do jardim. Ele tira a camisa e mostra a barriga sarada, para deleite da garota. Mas as cenas dos próximos capítulos não são exatamente românticas. Para chamar a atenção do rapaz, a menina arma um plano de conquista infalível: de shorts curtinhos, ela lava um carro de forma bem sensual, e anota seu número de telefone em um papelzinho que planeja entregar ao recém-chegado. Seus sonhos se desmancham quando ela vê o rapaz flertando com… outro. As cenas bem humoradas são parte do clipe de Call Me Maybe, da cantora Carly Rae Jepsen. Aos 27 anos, a canadense apadrinhada por Justin Bieber, 18, já conta mais de 130 milhões de visualizações no YouTube e três semanas no topo da Billboard, a principal parada de sucessos dos Estados Unidos. E simboliza uma geração que lida sem grilos com a sexualidade alheia.

Cena do clipe da música 'Call Me Maybe', da cantora canadense Carly Rae Jepsen
Cena do clipe da música ‘Call Me Maybe’, da cantora canadense Carly Rae Jepsen (VEJA)

Hoje, a reviravolta do fim do clipe não choca ninguém. Se o mesmo vídeo tivesse sido lançado há dez ou quinze anos, certamente teria um peso diferente. Carly Rae tem um público formado por adolescentes e pré-adolescentes, para quem a homossexualidade já não parece ser um tabu tão grande. “Eu cresci sabendo que é assim que as coisas são. É normal”, disse a garota à revista Time em maio. Seu clipe e sua atitude são sintomáticos, porque refletem uma nova era do entretenimento em que os fãs não veem problema em descobrir que ídolos são gays.

Na semana passada, o assunto foi abordado pela revista americana Entertainment Weekly, em reportagem de capa intitulada “A nova arte de sair do armário”. Nela, a publicação fala sobre os astros que se deram muito bem ao assumir a homossexualidade, como Jim Parsons, o Sheldon da série The Big Bang Theory, e o cantor porto-riquenho Ricky Martin. Se há alguns anos sair do armário era um movimento que provocava alarde e estampava capas de revistas, hoje desperta cada vez mais uma (merecida) reação de naturalidade. Os gays estão mais livres do julgamento dos heteros e dos próprios gays: antes, um homossexual assumido devia levantar bandeiras e defender seus direitos. Hoje os gays podem apenas comentar seus relacionamentos, sem a necessidade de militar por eles. Parsons, por exemplo, saiu do armário contando simplesmente que tinha um relacionamento de dez anos com outro homem. Já Martin publicou em seu site um comunicado em que dizia que era um “homossexual muito sortudo.”

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No caso de Parsons, a notícia não alterou em nada a audiência de Big Bang, que segue como a série mais vista da televisão americana. Mas, em alguns casos, sair do armário pode até ajudar a celebridade a conquistar público e contratos (veja mais no quadro abaixo). Estrela do seriado How I Met Your Mother, em que interpreta um mulherengo convicto, o ator Neil Patrick Harris andava meio sumido quando, em 2006, passou a falar abertamente sobre a sua sexualidade e sobre seu noivo, David Burtka. Além de não comprometer sua credibilidade como ator – ele frequentemente interpreta heterossexuais -, Harris viu sua carreira voltar a crescer. Desde então, ele já apresentou três cerimônias do Tony, o principal prêmio do teatro americano.

Paródia com a música de Carly Rae, Call Me Maybe
Paródia com a música de Carly Rae, Call Me Maybe (VEJA)

Esse tipo de levada bem humorada com um assunto antes visto de forma mais séria deu certo para Carly Rae, que, embora já tivesse participado de uma versão canadense de American Idol e lançado um disco em 2008 (Tug of War), só fez sucesso ao ser apadrinhada pelo cantor Justin Bieber, oito anos mais novo. Em janeiro deste ano, o rapaz estava no Canadá com a namorada Selena Gomez quando ouviu a contagiante Call Me Maybe, lançada três meses antes, no rádio. Afoito em descobrir novos talentos, o músico ligou para seu agente, Scooter Braun, e pediu que ele a contratasse. Não demorou até que a música, com versos divertidos e fáceis de decorar, se tornasse o hit do verão americano, temporada em que são lançadas as músicas que se espalham no mundo.

O que aconteceu depois a Carly Rae é semelhante ao que houve com a garota Rebecca Black, da terrível Friday, no início de 2011. Call Me Maybe virou uma espécie de obsessão pop e apareceu em centenas de paródias, algumas feitas por celebridades – o próprio Bieber fez uma com a namorada Selena. A mais divertida delas contou com o apresentador Jimmy Fallon e os integrantes do grupo The Roots tocando somente instrumentos encontrados em escolas (veja acima). Surgiram ainda quadros engraçadinhos que misturam trechos da letra da música a cenas de filmes tiradas do contexto, e até cartões de visita com o refrão: “Oi, eu acabei de te conhecer, e isso é loucura. Mas aqui está o meu número, então, me ligue, talvez.”

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https://youtube.com/watch?v=lEsPhTbJhuo

A música é boa – Carly tem uma voz bonita, que é embalada por um pop competente, de levada dançante e contagiante. Mas, em tempos de aceitação da “diferença”, é difícil não apostar que a surpresa do vizinho gay tenha contribuído para a popularidade da canção. E da cantora. É difícil, hoje, saber qual opção está correta: se a personagem de Carly no clipe revelou o seu vizinho gay ou se foi ele quem tirou a canadense do armário.

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