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Amy Winehouse encerra turnê no Brasil com show vacilante

Depois de se apresentar em três capitais brasileiras, a cantora inglesa fechou a turnê com uma postura trôpega. Mayer Hawthorne e Janelle Monáe fizeram bons shows de abertura

Por Rodrigo Levino
16 jan 2011, 02h47

Amy ofereceu um espetáculo mal ajambrado, descompromissado e, pela postura vacilante, a certeza de que é permanentemente um corpo a beira de despencar.

A cantora inglesa Amy Winehouse encerrou neste sábado (15), em São Paulo, a turnê de cinco shows por quatro capitais brasileiras, iniciada no último dia 08. Como foi especulado pelo site de VEJA, a essa altura da carreira marcada por shows trôpegos, só duas coisas poderiam surpreender: uma apresentação impecável ou um colapso público.

Nem um nem outro. Amy ofereceu às 30 mil pessoas (segundo a assessoria do evento), com 25 minutos de atraso, um espetáculo mal ajambrado, descompromissado e, pela postura vacilante, a certeza de que é permanentemente um corpo a beira de despencar. Ou seja, cumpriu a praxe, enferrujada por dois anos de hiato dos palcos em que se dedicou basicamente ao uso recreativo de drogas e escândalos decorrentes do excesso.

Durante pouco mais de uma hora, à frente de uma enorme bandeira do Brasil que decorava o palco, a cantora desfiou um rol de 17 canções, das quais tentou cantar 14; deixou duas por conta de Zalon Thompson, um dos seus performáticos backing vocals; limpou o nariz repetidas vezes, bebericou numa caneca e massageou os cotovelos aparentando incômodo. Mal se mexeu, sequer ensaiou passos e manteve os olhos no vazio.

O vozeirão que ganhou meio mundo e rendeu ao disco Back to Black 30 milhões de cópias vendidas sumiu inclusive no maior hit da cantora, Rehab. Não estivesse amparada por uma banda competente e cantores afiados, Amy perderia qualquer concurso de calouros de quermesse interpretando a canção que a tornou uma estrela da música pop.

A voz ressurgiu no fim do show quando ela retornou ao palco para cantar Valerie, música original do grupo The Zutons que gravou no disco do seu produtor Mark Ronson. Uma lufada do timbre precioso pelo qual se notabilizou chegou a empolgar o público. Foi só.

Amy encerrou o show com sofreguidão cantando You know that i’m no good (concluída pela banda e o público em coro), Me & Mr. Jones e Love is a losing game. O repertório até ali se mostrou irregular, com uma sequência de seis baladas pouco recomendáveis para shows de arena e versões de músicas não muito conhecidas como I’m on the Outside Looking In (Little Anthony and the Imperials), Stagger Lee (Lloy Price) e Boulevard of broken dreams (Tony Bennett).

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Não que tenha faltado apoio do público, muito embora do meio para o fim a apatia falasse mais alto que os aplausos – mais fortes a cada bebericada. Um show para ser esquecido. Ou para ser lembrado como um número de comiseração com o suporte de uma boa banda.

Mayer e Janelle – As apresentações de abertura, a cargo dos americanos Mayer Hawthorne e Janelle Monáe, expoentes do renascimento da música soul nos Estados Unidos, serviram para formar plateia.

Praticamente desconhecidos no Brasil, os dois, ao longo da turnê por quatro cidades, tiveram a chance de se apresentar para quase 80 mil pessoas. Há sempre a possibilidade, talentosos como são, de despertarem a curiosidade do público sobre seus discos e músicas. Não causarão decepção.

Hawthorne, um branquelo de timbre negro e cara de nerd, cantou por 50 minutos músicas autorais com forte apelo dançante como Maybe so, maybe no, baladas grudentas como Just ain’t gonna work out e ainda arriscou Beautiful, do rapper Snoop Dogg, como música incidental.

Um ótimo show que se encaixaria melhor num espaço menor e com uma plateia menos dispersa. Justificável até, pois a principal estrela da noite se apresentaria dali a três horas e era só por isso que o público esperava.

Entre uma coisa e outra, houve Janelle Monáe, um furacão de 25 anos, 1,60 metro de altura, voz aguda de larga extensão, coque altíssimo e dança contagiante. Janelle arrasou de antemão Amy Winehouse em qualquer quesito técnico em que as duas pudessem ser comparadas.

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Afinada, exímia dançarina e carismática, a cantora mostrou em canções como Cold War, enquanto telões exibiam trechos de lutas do boxeador Muhammad Ali, e Tightrope porque foi a maior revelação da música americana em 2010. Não é impecável por causa dos excessos que precisam ser aparados e certamente a experiência tratará de fazê-lo.

Dançarinos, teatralidade, inclusive um número em que pinta um quadro no palco, e repertório de altos e baixos, com uma dispensável versão de Smile no começo do show, tiram o foco do principal: Janelle é um primor quando se permite apenas cantar e dançar. Que assim seja quando retornar ao Brasil.

Saiba mais:

– Os dois telões do palco falharam por quase dez minutos durante o show de Amy Winehouse. Ruim para quem estava distante e dependia sobretudo das imagens para sentir-se próximo da cantora.

– A área vip do show era desmedida em relação ao tamanho do lugar (Anhembi) em que foi realizado. Avançando pelo menos 30 metros em direção ao fundo, o espaço comprimiu os fãs que não puderam pagar valores que chegaram a 700 reais por um ingresso. Em alguns pontos o som mal chegava. É lastimável o quanto essa prática tem se perpetuado. E pior: cada vez mais vip apenas no nome e no valor da entrada. Tão desconfortável quanto a área comum, o “cercadinho” se tornou um máquina de fazer dinheiro e de enrolar desavisados, que são obrigados a se espremerem do mesmo jeito de quem pagou a metade.

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