Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

29ª Bienal de SP abre com polêmica sobre obras de Gil Vicente e clima de renovação

Na série ‘Inimigos’, artista recifense desenha a si mesmo matando Lula, FHC e outras oito personalidades políticas

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 set 2010, 20h11

Que pichadores, que nada. A cinco dias da abertura para o grande público da 29ª Bienal de São Paulo, só se fala em Gil Vicente, o artista recifense que desenhou a si mesmo matando Lula, Fernando Henrique Cardoso, a rainha da Inglaterra e outras sete personalidades políticas. A polêmica se deve sobretudo à seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), que emitiu nota de repúdio ao que considera incitamento ao crime e encaminhou ofício ao Ministério Público pedindo que avalie se cabe inquérito. “É uma atitude mesquinha, que só vai dar publicidade ao artista”, disse Agnaldo Farias, um dos curadores-chefes desta bienal, ao lado de Moacir dos Anjos. A declaração de Farias, dada durante coletiva de imprensa nesta segunda, não deixa de transparecer o otimismo que cerca esta edição do evento. Após a “Bienal do Vazio”, como foi rotulada a edição de 2008, obstaculizada por uma grave crise financeira, a Fundação Bienal espera dar novo ânimo ao maior evento de artes do país.

A meta de público é ambiciosa: 1 milhão de visitantes – contra os 161.000 da edição passada. Para atrair tanta gente, a mostra reúne até 12 de dezembro, no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, cerca de 850 obras de 159 artistas. O investimento é de 30 milhões de reais, retirados dos 45 milhões arrecadados por Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal, junto a doadores – o valor restante será aplicado em reformas no Pavilhão da Bienal. Deve-se a Martins, um profissional de perfil executivo que é sócio-diretor da consultoria McKinsey, parte da brisa que sopra sobre o evento. Quando assumiu a presidência da fundação, em maio de 2009, a instituição somava dívidas de 4 milhões de reais. Agora, parece renovada. Assim como o evento.

Neste ano, diferentemente da Bienal de 2008, que teve o segundo andar totalmente desocupado, a exposição tem todos os níveis preenchidos. Com uma seleção de trabalhos focada em arte e política, a mostra terá polêmicas como os quadros de Gil Vicente, a presença dos pichadores ou a instalação do argentino Roberto Jacoby, uma verdadeira ode a Dilma e ao petismo (saiba mais abaixo). Mas também terá nomes de peso como Lygia Pape, Nelson Leirner, Cildo Meireles, Nuno Ramos e Hélio Oiticica, do Brasil, além dos indianos do Raqs Media Collective, da nigeriana Nnenna Okore, da alemã Isa Genzken, do chinês Ai Weiwei e do francês Jean-Luc Godard.

A 29ª Bienal de São Paulo abre ao público de 25 de setembro a 12 de dezembro, das 9h às 19h (de segunda a quarta-feira e aos sábados e domingos) e das 9h às 22h (às quintas e sextas-feiras). A entrada é gratuita. No sábado 25, excepcionalmente, o evento terá início às 10h. Confira abaixo alguns dos destaques da exposição e aqui o catálogo completo da mostra.

Inimigos

Continua após a publicidade

Série de desenhos do artista recifense Gil Vicente (leia entrevista com ele), que retratou a si mesmo matando personalidades que considera de poder político: o presidente Lula, o ex-presidente FHC, o papa, a rainha da Inglaterra, o ex-presidente americano George W. Bush, o israelense Ariel Sharon, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o senador Jarbas Vasconcelos.

O artista plástico Gil Vicente ao lado do desenho em que ele mata o presidente Lula
O artista plástico Gil Vicente ao lado do desenho em que ele mata o presidente Lula (VEJA)

A Alma nunca Pensa sem Imagem

Site specific – nome que recebe uma obra pensada sob medida para um determinado local – do argentino Roberto Jacoby, faz uma defesa escancarada do petismo, do qual o artista se diz fã. “Podem criticar e dizer que é propaganda, não tem problema”, disse ele a VEJA.com. O argentino (na foto abaixo, entre membros da sua equipe) vai distribuir broches com estrelas do PT feitos por sua equipe. “O PT não pôde colaborar por questões jurídicas.”

Continua após a publicidade
Roberto Jacoby e equipe
Roberto Jacoby e equipe (VEJA)

Je Vous Salue, Sarajevo

A partir de uma única foto do conflito em Sarajevo e uma série de enquadramentos e cortes diferentes, o vídeo traz um discurso do cineasta francês Jean-Luc Godard, com voz em off, sobre a função política da arte.

'Je Vous Salue, Sarajevo', de Jean-Luc Godard
‘Je Vous Salue, Sarajevo’, de Jean-Luc Godard (VEJA)
Continua após a publicidade

Metade da Fala no Chão – Piano Surdo

Com um derramamento de cera líquida sobre as cordas de um piano de cauda, a paulista Tatiana Blass cala as notas musicais. A peça faz parte de uma série da artista que está em andamento, feita por meio de intervenções em instrumentos musicais.

'Metade da Fala no Chão', instalação de Tatiana Blass
‘Metade da Fala no Chão’, instalação de Tatiana Blass (VEJA)

Plateia

Uma plataforma de cimento, tijolos e cadeiras é uma forma do português Pedro Barateiro falar de relações de poder e de significação em espaços de exibição – discussão que se encaixa no tema da Bienal, arte e política.

'Plateia', de Pedro Barateiro
‘Plateia’, de Pedro Barateiro (VEJA)

O Tríptico: o Guardião, a Guarda, as Circunstâncias

Obra do recém-falecido artista brasileiro Wesley Duke Lee, considerado um dos pioneiros da Pop Art no Brasil.

Continua após a publicidade
Tríptico de Wesley Duke Lee
Tríptico de Wesley Duke Lee (VEJA)

Arroz e Feijão

Obra de 1979 da italiana Anna Maria Maiolino, em que os grãos germinam nos pratos durante a exposição. A instalação é tida como um dos principais trabalhos da artista.

'Arroz e Feijão', da italiana Anna Maria Maiolino
‘Arroz e Feijão’, da italiana Anna Maria Maiolino (VEJA)
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.