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Condenado na Zelotes tem vínculos políticos e mais pendências na Justiça

Halysson Carvalho Silva havia sido sentenciado por apropriação indébita e mesmo assim ocupou cargo no governo do Piauí

Por Da Redação 12 mar 2016, 12h09

Primeiro réu a ser condenado na Operação Zelotes, o empresário piauiense Halysson Carvalho Silva, sentenciado por extorsão a quatro anos e três meses de prisão em regime semiaberto pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, já tinha outras pendências na Justiça Federal. Ele também é uma figura conhecida no meio político do Piauí.

Em 2012, ele foi condenado na 1ª Vara Federal do Piauí por apropriação indébita de centrais de ar-condicionado e do mobiliário quatro de agências dos Correios no Piauí. Uma empresa dele, a Serlinc Incorporações, tinha sido contratada pela estatal por 554.109,96 reais, por meio de uma concorrência de 2005, para obras em oito agências dos Correios. Conforme a denúncia, em 2007 Halysson “se aproveitou da confiança” de ser o prestador de serviços para subtrair os equipamentos. Os Correios ainda movem ação para cobrar indenização dele e da empresa.

Em sua defesa, ele disse que os Correios não cumpriram o contrato, o que fez com que a Serlinc acumulasse dívidas com fornecedores e não conseguisse entregar as obras – pela falta de pagamento, os fornecedores teriam retido os equipamentos. A pena foi de um ano e quatro meses de reclusão, convertidos em prestação de serviços comunitários. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região já negou um recurso do réu.

A Zelotes também encontrou mensagens de e-mail que indicam que ele pode ter se envolvido em outro episódio de extorsão, com cobrança de 1,5 milhões de dólares, da empresa árabe Wapco, que negociava combustível com a Petrobras. A Polícia Federal chegou a dizer que Halysson age como um “cobrador contumaz”.

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Halysson foi um dos dezesseis denunciados pelo Ministério Público Federal na Zelotes, que desvendou um esquema de corrupção montado por lobistas para aprovar medidas provisórias com benefícios fiscais em prol da indústria automotiva no fim do governo Lula. Eles também são acusados de pagar propina a integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), para anular multar da Receita a empresas. Apontado como um personagem menor na trama, Halysson ameaçou o principal acusado no esquema, Mauro Marcondes, e a mulher dele, Cristina Mautoni – o casal está preso. Halysson cobrava pagamentos que Mauro Marcondes recebeu da MMC (Mitsubishi), mas não repassou aos lobistas associados a ele, como José Ricardo da Silva, dono da consultoria SGR, e Alexandre Paes dos Santos, seu consorciado informal. O réu então ameaçou entregar um dossiê à imprensa e à oposição, com detalhes sobre o esquema de corrupção, e pediu 1,5 milhão de dólares.

O juiz Vallisney escreveu na sentença – da qual cabe recurso – o modus operandi de Halysson: ele usa a identidade, e-mails e telefones de pessoas próximas para tentar se encobrir nas extorsões. “O grau de censurabilidade de sua conduta é mais elevado que o normal, pois envolveu, de forma consciente, o nome e dados de pessoas próximas e conhecidas para perpetrar o delito e permanecer impune”, disse o magistrado.

Política – Halysson rechaçou ter envolvimento com o suborno de agentes públicos no governo federal e no Congresso, principal suspeita da Zelotes. Apesar disso, ele revelou ter contatos com parlamentares e dirigentes partidários. Ele ocupou no ano passado, por cerca de seis meses, o cargo de diretor na Fundação Cultural do Piauí (Fundac), vinculada ao governo de Wellington Dias (PT). Aos senadores da CPI do Carf, o réu declarou ter sido indicado pelo deputado estadual e cantor Francis Lopes (PRP). Ele também teve cargo em comissão na Câmara dos Deputados: foi nomeado em 2007 pelo então deputado pelo PTB Frank Aguiar, atualmente no PMDB e vice-prefeito de São Bernardo do Campo (SP). Na CPI, Halysson também revelou já ter sido filiado ao PFL (atual DEM), PSDB, PPS e por último ao PMDB, partido pelo qual tentou se eleger deputado federal em 2010.

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