William da Rocinha é exonerado do cargo de assessor na Câmara dos Vereadores do Rio

O líder comunitário aparece em um vídeo recebendo dinheiro do traficante Nem. A vereadora Andrea Gouveia Vieira o exonerou após descobrir a existência das imagens

Por Cecília Ritto e Leslie Leitão
2 dez 2011, 15h59

**1/9** William, à esquerda, o traficante Nem, de boné, e Perninha, segurando um fuzil: líder comunitário é acusado de vender arma para o bandido *(Reprodução/Polícia Civil/VEJA)*

**2/9** William da Rocinha, Ashton Kutcher e Luciano Huck: imagem de "amigo das comunidades" *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

**3/9** William da Rocinha e Gustavo Kuerten, em uma visita à favela depois da ocupação policial *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

**4/9** O panfleto de campanha da William *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

**5/9** William da Rocinha e o ex-presidente Lula *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

**6/9** William da Rocinha e Dilma Rousseff, antes da eleição *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

**7/9** William da Rocinha e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

**8/9** William da Rocinha e Rafael Cortez, do programa CQC *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

**9/9** William da Rocinha e seu padrinho no PRB, o senador Crivella *(Reprodução/Facebook/VEJA)*

A vereadora Andrea Gouveia Vieira, do PSDB, exonerou na tarde desta sexta-feira William de Oliveira, o William da Rocinha, do cargo de assessor na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada após a Polícia Civil informar sobre a existência de um vídeo com William recebendo dinheiro do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem. Andrea, na manhã desta sexta-feira, pôs em dúvida a investigação da polícia e afirmou que confiava no morador da Rocinha. À tarde, ao saber que há imagens comprometedoras, a tucana voltou atrás e disse encarar o ocorrido como uma traição. Alegando que uma pessoa sob suspeita não pode receber dinheiro do contribuinte, Andrea optou por pedir a exoneração de William.

A vereadora afirma não saber de qualquer envolvimento de seu funcionário com o tráfico. William, ex-presidente da Associação de Moradores da Rocinha, disse que o dinheiro recebido por Nem seria destinado à sua campanha a deputado estadual, em 2010. E assegurou que a quantia foi devolvida depois. O motivo de tê-la aceitado naquele momento foi o fato de, segundo ele, Nem estar embriagado.

Andrea disse não saber de qualquer envolvimento de William com o tráfico. O líder comunitário, inclusive, se dizia ameaçado por Nem e sua quadrilha na época da campanha. “Disseram (o tráfico) que se eu entrasse no caminho dele (Nem), ele ia me destruir”, afirmou William nesta sexta-feira, em uma tentativa de defesa. Os policiais não queriam que William, algemado, falasse durante a coletiva de imprensa. Com pouco espaço para contar a sua versão, não explicou como Nem deu o dinheiro para a sua campanha e, ao mesmo tempo, o ameaçava.

VÍDEO: Líder comunitário acusado de vender fuzil para o traficante Nem

No curto tempo que teve, William disse que sua família e a vereadora nada sabiam sobre as imagens. Andrea confirma. O vídeo mostra o líder comunitário; o segurança do Palácio Guanabara Alexandre Leopoldino Pereira da Silva, o ‘Perninha; e Nem em uma mesa. De acordo com delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), o chefe do tráfico aparece pagando a William e a Perninha uma grande quantia de dinheiro por uma arma. “William de Oliveira não é exemplo para ninguém”, afirmou Mendonça. A vereadora Andrea preferiu não discordar.

‘Perninha’– Alexandre Leopoldino Pereira da Silva, o Perninha, foi exonerado de seu cargo na Casa Civil do Governo do Rio. Em vídeo, ele aparece sentado à mesa com Nem e William. As imagens mostram Perninha segurando uma arma e depois, junto com William, recebendo dinheiro de Nem. Para o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), a cena gravada configura que a dupla estava vendendo o fuzil AK 47 para o então chefe do tráfico da Rocinha.

Após a divulgação da existência do vídeo, o governo decidiu exonerar seu funcionário. A função de Perninha, segundo nota da assessoria de imprensa do governador Sérgio Cabral, era de auxiliar de manutenção (zelador), na Superintendência de Engenharia e Manutenção (Supem) da Casa Civil do governo do Rio de Janeiro. Ele exercia esse trabalho desde o dia 6 de setembro de 2011. A exoneração será publicada no Diário Oficial na próxima segunda-feira.

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A nota informa que Perninha foi contratado por indicação do seu chefe, o supervisor de manutenção, Ronald de Jesus Cardoso. Ronald, por sua vez, está contratado desde o dia 26 de outubro de 2010 e é ex-cunhado de Perinha. Segundo a assessoria do governo do estado, a apuração da relação familiar entre os dois foi feita nesta sexta pela Casa Civil. Isso não foi informado no tempo em que Perninha ficou contratado. Por isso, Ronald também foi exonerado. Perninha se entregou na noite desta sexta-feira.

(Atualizada às 20h40)