Vereadora desaparece após posse no PR, polícia trata caso como sequestro
Motorista de parlamentar de Ponta Grossa foi preso na manhã desta quarta; vereadores boicotam eleição de mesa diretora
A Polícia Civil do Paraná está tratando o desaparecimento da vereadora Professora Ana Maria (PT), de Ponta Grossa, cidade de 311.000 habitantes da região central do estado, como um sequestro. A parlamentar não foi mais vista desde que foi empossada na terça-feira à tarde.
Segundo a polícia, ela chegou a entrar em contato com o filho, por meio um telefone com número desconhecido. Na ligação, ela teria informado que havia sido sequestrada, mas que estava bem e sem ferimentos.
Vereadora reeleita em 2012 para o terceiro mandato, Ana Maria, de 60 anos, saiu do Cine-Teatro Ópera, onde foi realizada a cerimônia de posse, por volta de 18 horas. Em seguida, ela deveria ter ido até a Câmara Municipal, onde seria realizada a eleição da mesa-diretora. Contudo, desde então, não foi mais vista.
Segundo assessores da vereadora, o motorista responsável por levar Ana Maria do local da cerimônia de posse até a Câmara relatou que o veículo foi parado por homens armados e que a vereadora foi forçada a acompanhá-los.
Nesta quarta-feira, o mesmo motorista foi levado algemado para uma delegacia da cidade. Assessores da vereadora confirmaram a prisão, mas a Polícia Civil não quis comentar o caso.
O carro de Ana Maria foi encontrado abandonado e com os pneus furados. O Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (TIGRE) foi chamado pelo delegado Josimar Antônio da Silva, da 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa, para auxiliar nas investigações.
Crime político – O desaparecimento da vereadora provocou o cancelamento da eleição para a mesa-diretora da Câmara. O grupo do qual faz parte a vereadora, formado por 12 vereadores tem se recusado a participar da eleição até que o caso seja esclarecido. Ao todo, a Câmara de Ponta Grossa tem 23 vereadores. A presença dos outros onze vereadores é insuficiente para garantir o quórum mínimo para a eleição.
Ana Maria é prima do deputado estadual Péricles Mello (PT), que foi o segundo colocado na disputa pela Prefeitura de Ponta Grossa, tendo perdido por apenas 1.682 votos. Seu grupo anunciou que pretende fazer oposição ao novo prefeito, Marcelo Rangel (PPS).
Em redes sociais, o vereador Aliel Machado (PC do B) levantou a suspeita de que o sequestro da vereadora pode ter motivação política.
“Atenção, para você terem uma ideia da guerra que estamos enfrentando. Sequestraram a vereadora Ana Maria do PT, nosso colega do grupo de independentes para impedir nossa vitória na eleição na mesa executiva. (…) Nunca imaginei que enfrentaríamos esse tipo de situação!”, escreveu o vereador em sua conta no Facebook.
Segundo o assessor da vereadora Ismael de Freitas, o grupo de 12 vereadores da oposição tinha maioria para eleger o presidente da Casa. Sem a presença da vereadora, o resultado segue indefinido.