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Vem aí a ‘comissão da verdade’ de Pablo Capilé

Imposição de ideias do Fora do Eixo irrita representantes de movimentos sociais, que não concordam com a forma nada democrática como está sendo criada uma ‘república autônoma’ na Cinelândia durante a Copa do Mundo

Por Pâmela Oliveira
30 Maio 2014, 11h48

As cenas de vandalismo, as ocupações de prédios públicos e o fechamento de vias públicas são provas suficientes de que o conceito de democracia de alguns dos capitães dos protestos de rua não é exatamente democrático. Mas ainda há, apesar dos resultados, quem dê crédito a Pablo Capilé e aos cooptados que integram o grupo Fora do Eixo – autodenominado um “coletivo cultural” que está no cerne da “mídia ninja”.

Nem tudo está perdido – ou não está perdido para todos.

A credibilidade de Capilé e os projetos mirabolantes de ocupações bolados pelo grupo começaram a levantar suspeitas também entre os seguidores. A discórdia do momento está plantada no centro de uma tal “república autônoma”, que consiste, em resumo, em ocupações programadas para ocorrer durante a Copa do Mundo, tendo como “capital” a Cinelândia, no Rio de Janeiro. Nesses locais, além de manifestações, funcionaria também uma espécie de “comissão da verdade” dos protestos – sabe-se lá com que objetivo.

Representantes de outros coletivos, de diferentes orientações políticas, começaram a suspeitar que a república não é tão autônoma, e se parece mais com uma ditadura do Fora do Eixo. O motivo: o projeto está sendo imposto pela turma de Capilé, sem que outros “coletivos” tenham voz. O objetivo do encontro, que convoca moradores de favelas, representantes de movimentos sociais e partidos de esquerda, é dizer mais um “não” à Copa do Mundo, e estabelecer uma espécie de constituição da nova república. Por enquanto, não há artigo escrito dessa nova carta magna, mas uma decisão já foi tomada: haverá uma conta bancária para receber doações que serão administradas pelo Fora do Eixo.

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O formato da república foi apresentado a ativistas e representantes de outros grupos em reuniões iniciadas em março, em frente à Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia, como um fato concreto – o que irritou os que estavam no encontro. O objetivo seria repetir no local a estrutura do Fora do Eixo. Ao longo dos encontros, foram sendo colhidas sugestões para ações durante a Copa. Entre elas estão a tal comissão da verdade, a criação do banco, formas de dar visibilidade aos protestos e até o apoio à PEC 51, que reforma as polícias. O tom dos encontros invariavelmente inclui críticas a toda cobertura jornalística dos protestos que não seja a deles próprios.

Na república dos capilés, há dois tipos de imprensa: “a mídia vendida”, a saber, todos os veículos de comunicação; e a “independente”, que são as que publicam o que querem os radicais. E a nova república já surge com uma forma objetiva de distinguir as duas imprensas na hora dos protestos. Para a Copa do Mundo, há a orientação de que integrantes da mídia ninja passem a atuar com identificação em capacetes, gravadores, câmeras, computadores e celulares. Assim, quem não estiver com esse tipo de identificação é expulso dos locais, como ocorreu com uma repórter da Rede Globo em um protesto de professores, na semana passada.

A orientação aos “independentes” não para por aí. Em reuniões e trocas de mensagens nas redes sociais, os cinegrafistas e fotógrafos alinhados com o Fora do Eixo, o Anonymous e o Black Bloc são orientados a evitar imagens que permitam identificar os mascarados, principalmente nos momentos de quebra-quebra.

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