O Vaticano negou categoricamente neste sábado ter “criado obstáculos” nas investigações realizadas na Irlanda sobre atos de pedofilia cometidos até 2009 na diocese de Cloyne, mas reconheceu “graves faltas” da igreja local, em sua resposta às autoridades irlandesas.
O subsecretário para Relações com os Estados, monsenhor Ettore Balestrero, entregou na manhã deste sábado à encarregada de negócios da Irlanda, Helena Keheler, uma longa resposta oficial do Vaticano ao chefe de governo Enda Kenny.
Em julho, o primeiro-ministro havia acusado o Vaticano de atrapalhar as investigações, após a publicação de um informe sobre atos de pedofilia cometidos em 1996 e 2009 por 19 sacerdotes da diocese rural de Cloyne (sul do país).
O documento “deseja esclarecer que de nenhuma maneira criou obstáculos ou tentou interferir em uma investigação sobre os crimes de abuso sexual contra crianças na diocese de Cloyne”, destacou a resposta do Vaticano.
Também quis “esclarecer” que em “nenhuma etapa fez comentários sobre as medidas de proteção das crianças adotadas pelo Estado irlandês, e menos ainda tentou prejudicá-las”.
Por sua vez, a Santa Sé declarou-se “profundamente preocupada” pelas conclusões da comissão de investigação, publicadas no dia 14 de julho sobre graves faltas” constatadas na administração eclesiástica da diocese de Cloyne.
O Vaticano havia anunciado uma resposta moderada às graves acusações de Enda Kenny, que estimou que “o estupro e a tortura de crianças foram subestimados ou ‘geridas’ para manejar a instituição, seu poder e sua reputação”.
A Igreja da Irlanda está amplamente desacreditada desde a publicação, em novembro de 2009, de outro informe, que revelou abusos sexuais cometidos contra crianças durante décadas por sacerdotes e religiosos, silenciados pela hierarquia na região de Dublin.
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