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Vargas, agora, diz que usar jato de doleiro ‘foi equívoco’

Em discurso na Câmara, o deputado tentou minimizar a relação com Alberto Youssef, preso durante a Operação Lava Jato, da Polícia Federal

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 abr 2014, 20h49

Apesar de o notório doleiro Alberto Youssef ter sido investigado pelas CPIs do Banestado e dos Correios, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), afirmou, nesta quarta-feira, em discurso no Plenário da Casa, que não conhecia as recentes atividades do empresário, preso durante a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e apontado como um dos protagonistas de um esquema que lavou 10 bilhões de reais nos últimos anos. Vargas resumiu sua parceria com Youssef como “uma relação de 20 anos com o proprietário do maior hotel de Londrina [base eleitoral do petista]”. Com essas explicações, o petista tenta evitar a abertura de um processo no Conselho de Ética.

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A operação da PF apontou que o deputado é sócio oculto do doleiro. Youssef providenciou um avião para que Vargas voasse com a família de Londrina (PR) a João Pessoa (PA). A viagem custou 100.000 reais. “No [caso do] avião, fui imprudente. Foi um equívoco. Deveria ter exigido contrato. Peço desculpas por ter exposto a minha família. É o que me machuca nessa hora”, afirmou o petista, citando projetos de sua atuação parlamentar, em uma tentativa de se descolar das atividades criminosas do doleiro paranaense.

Conforme revelou VEJA, a operação da Polícia Federal desmonta a alegação do vice-presidente da Câmara de que sua relação com Youssef é superficial. Em quase cinquenta mensagens interceptadas pela PF, Vargas recebe orientações do doleiro, combina reuniões e relata informações de conversas que, como parlamentar do PT, mantinha com integrantes do governo. Segundo apuração dos policiais, Vargas utiliza sua influência em benefício do parceiro, como atestam conversas sobre o laboratório Labogen Química Fina e Biotecnologia no Ministério da Saúde — apontadas como empresas do esquema do doleiro.

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“Reitero que, se equívoco cometi, foi por me fiar em uma relação de 20 anos com uma pessoa da minha cidade, que trabalhava até então com tranquilidade na minha cidade e no meu país. Fui surpreendido com as investigações. Tenho coragem, determinação e humildade para reconhecer erros”, disse Vargas em plenário.

O rosário de justificativas de Vargas é comparável, até entre petistas, às desculpas apresentadas pelo senador cassado Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que perdeu o mandato sob acusação de defender os interesses do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ao tentar se defender, Torres admitia conhecer Cachoeira, mas negava saber de suas atividades ilícitas.

Estratégia – Durante os nove minutos em que permaneceu na tribuna da Câmara, Vargas adotou estratégia similar. “Conheço Alberto Youssef há 20 anos. Ele é hoje o proprietário do maior hotel da minha cidade [o Blue Tree Towers]. Conheço o processo pelo qual passou e [sei] que se transformou em testemunha do Ministério Público Federal em um processo de lavagem de dinheiro. Não conheço e não conhecia até duas semanas atrás o motivo pelo qual estava sendo investigado”, argumentou.

Apesar das provas colhidas pela Polícia Federal, o deputado petista negou ter se reunido no Ministério da Saúde para tratar do laboratório Laborgen, apontado como uma das empresas do esquema do doleiro, e afirmou que apenas “orientou” Youssef – como, diz ele, teria orientado qualquer sindicalista, empresário ou prefeito que o procurasse.

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