Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Vaccari vira réu por lavagem de dinheiro na gráfica do petrolão

Ex-tesoureiro nacional do PT pediu a Augusto Mendonça Neto, sócio da Toyo Setal, que direcionasse para empresa cerca de R$ 2,3 milhões desviados da Petrobras

Por Daniel Haidar
30 abr 2015, 16h30

O ex-tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, virou réu mais uma vez na Justiça Federal – agora, pelo uso da gráfica Atitude, investigada na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. Nesta quinta-feira, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia contra Vaccari, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o empresário Augusto Mendonça Neto, sócio da Toyo Setal. Os três são acusados de lavagem em operações que utilizaram uma gráfica de sindicatos ligados ao PT e à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

De acordo com a denúncia, Vaccari pediu a Augusto Mendonça Neto que direcionasse 2,3 milhões de reais para a gráfica como parte da propina devida por dois contratos da Petrobras com consórcios em que a Toyo Setal tinha participação. O dinheiro foi desviado de projetos da refinaria de Paulínia, em São Paulo, e de Araucária, no Paraná. No mesmo acerto, Duque exigiu que outros 4,2 milhões de reais de propina fossem pagos na forma de doações oficiais ao PT, o que já é tratado em outra ação penal.

Leia também:

​MP denuncia Vaccari e Duque por lavagem de R$ 2,4 milhões

Continua após a publicidade

TSE rejeita parcialmente contas do PT e multa legenda em R$ 4,9 mi

Cunha: ‘PT só ganha quando a gente fica com pena’

No despacho em que aceitou a denúncia, Moro determinou que sejam anexados ao processo alguns documentos. Deve ser juntado aos autos um relatório com todos os registros da entrada de Mendonça Neto em qualquer edifício da Petrobras de 2010 a 2013, esclarecendo qual a pessoa visitada. O juiz também cobrou que sejam informados quais os telefones utilizado por Duque no seu período como diretor.

Continua após a publicidade

A transação com a gráfica Atitude foi uma razões que fizeram Vaccari ter a prisão preventiva decretada. As empresas de Mendonça Neto realizaram 22 transferências bancárias que somam 2,25 milhões de reais (valor líquido, descontados impostos) para a Editora Gráfica Atitude. Em contrapartida, a gráfica emitiu dezoito notas fiscais frias para justificar os pagamentos. O MPF localizou o e-mail de uma funcionária da gráfica com cópia das notas.

Em 2010, os pagamentos à gráfica ocorreram meses antes e depois das eleições, quando a empresa veiculou uma edição da Revista do Brasil, com tiragem de 360.000 exemplares, de conteúdo favorável à presidente Dilma Rousseff e ofensivo ao senador José Serra (PSDB), então adversários na disputa da Presidência da República. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou a revista uma propaganda irregular e multou a gráfica em 15.000 reais.

Para os procuradores da República, há indícios de que os pagamentos de propina da Toyo Setal, dissimulados como compra de anúncios, financiaram a edição de número 52 da Revista do Brasil, de outubro de 2010, justamente a multada pela Justiça Eleitoral por propaganda pró-Dilma. O MPF indicou que parcelas do contrato fictício foram pagas naquele mês, bem como antes e depois das eleições.

Continua após a publicidade

A gráfica Atitude é uma sociedade mantida por dois sindicatos umbilicalmente ligados ao PT: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Os sindicatos são sócios na empresa e indicam seus diretores – quase todos filiados ao PT e sempre dirigentes sindicais. Um deles, Teonílio Barba (Metalúrgicos do ABC), elegeu-se deputado estadual em São Paulo no ano passado. Outra diretora, Ivone Maria da Silva (Sindicato dos Bancários), foi uma defensora de Vaccari durante a gestão do ex-tesoureiro petista na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Por causa de irregularidades na Bancoop, o ex-tesoureiro responde criminalmente na Justiça paulista.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.