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Tiros que mataram menino e dona de casa no Complexo do Alemão partiram de armas da PM

Divisão de Homicídios, que investiga casos, já não tem dúvidas de que Eduardo de Jesus, de 10 anos, e Elizabete de Moura, de 41, foram mortos por policiais que deviam pacificar favela

Por Leslie Leitão 7 abr 2015, 18h45

As investigações das mortes de dois inocentes, vítimas de balas perdidas semana passada, no Complexo do Alemão, revelam mais uma vez o despreparo de uma polícia que vem sendo formada às pressas para a inauguração de novas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o principal projeto político do governo estadual. A Divisão de Homicídios (DH), de acordo com informações obtidas pelo site de VEJA, já não tem mais dúvidas de que os tiros que mataram o menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, e a dona de casa Elizabete de Moura Francisco, de 41, partiram das armas de soldados que integram as equipes que ocupam o Alemão, considerado pacificado pela Secretaria de Segurança desde 2010.

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A Polícia Civil ouviu 16 testemunhas até a tarde desta terça-feira, entre parentes das vítimas, quatro policiais das UPPs e sete do Batalhão de Choque, que também estiveram na favela e participaram de confrontos armados. No primeiro crime, ocorrido no dia 31 de março, Elizabeth foi atingida na boca, dentro de casa, na localidade conhecida como Alvorada. Além dela, a filha M., de 14 anos, foi ferida no braço, mas passa bem. Uma reprodução simulada (espécie de reconstituição do momento do confronto) deve ser feita até o fim da próxima semana. Já o caso do menino Eduardo, as suspeitas recaem sobre dois policiais da UPP Alemão. No final da tarde do dia 1º de abril, ambos estavam em patrulhamento na região do Areal. “Em depoimento, os dois disseram ter efetuado disparos com seus fuzis. Temos uma suspeita maior sobre um deles, mas vamos concluir isso rapidamente”, afirma um investigador.

No caso Eduardo também deverá ser feita uma reprodução simulada e a mãe do menino – que foi enterrado no Piauí – será ouvida quando voltar ao Rio. Outra dificuldade dos investigadores é o fato de que, no dia do crime, peritos da DH não encontraram o projétil nem cápsulas de fuzil deflagradas no local, o que faz a polícia suspeitar de que elas tenham sido recolhidas para atrapalhar a apuração. Na manhã desta terça-feira, lideranças comunitárias do Complexo do Alemão estiveram reunidas com o diretor da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, que prometeu uma apuração rigorosa e isenta, como no Caso Amarildo, em julho de 2013, quando policiais da UPP da Rocinha sequestraram, torturaram, mataram e esconderam o corpo do pedreiro.

Outro caso que está nas mãos da DH e que revela a imperícia dos policiais dessas UPPs também foi revelado por VEJA, em janeiro. O capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos, comandante da Nova Brasília, foi morto em setembro do ano passado com um tiro que entrou pela parte lateral das costas e atravessou o peito, durante um patrulhamento. O caso ainda não foi concluído, faltando exatamente uma reprodução simulada, mas a Secretaria de Segurança e a própria PM já foram informados que a morte deveu-se a um disparo acidental, popularmente chamado de “tiro amigo”.

A situação caótica das quatro UPPs que integram o Complexo do Alemão fez com que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o secretário José Mariano Beltrame admitissem o óbvio descontrole da situação e determinassem uma reocupação da região, a mesma que foi celebrada, em novembro de 2010, como maior conquista das forças de segurança do Rio de Janeiro. De 2012 pra cá, 88 policiais foram feridos e outros nove morreram nas áreas dominadas por estas UPPs. Somente nos três primeiros meses deste ano foram 22 feridos e um morto. Na manhã desta terça, homens do Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) assumiram o patrulhamento das favelas por tempo indeterminado. Enquanto isso, soldados das UPPs começaram um curso de aperfeiçoamento.

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