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Testemunha contesta consultores do cartel de trens

Um dos executivos delatores do cartel afirmou nunca ter visto os relatórios de consultoria contratada pela Siemens

Por Da Redação
16 jan 2014, 10h07

O engenheiro eletricista, funcionário da Siemens, Peter Andreas Gölitz – um dos seis executivos delatores do cartel no metrô e trens de São Paulo -, contradisse a consultoria, contratada pela multinacional, de Arthur Teixeira, apontado como lobista das empresas do cartel e intermediário no pagamento de propina a agentes públicos.

Teixeira, que controla a empresa de consultoria Procint, afirma que prestou consultoria no setor metroferroviário e nunca fez lobby. Entretanto, Gölit – que já foi consultor da divisão de transportes da multinacional em 2011 – declarou, em depoimento sob condição de sigilo, que estranhou nunca ter tido acesso a nenhum relatório de serviços prestados pela consultoria.

“O depoente não tomou conhecimento de nenhum relatório de serviço de consultoria prestado pelas referidas empresas de Teixeira. Também causou estranheza ao depoente o fato de que a consultoria deve envolver assuntos técnicos e o depoente, na condição de técnico, não se recorda de ter tido conhecimento de relatórios técnicos de consultoria destas empresas”, anotaram os investigadores a respeito do depoimento prestado no ano passado.

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A Polícia Federal indiciou Teixeira por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, crime financeiro e quadrilha. Também foi indiciado na Suíça por lavagem de dinheiro. Gölitz saiu em 2011 da divisão de transportes e foi convidado para trabalhar no setor de compliance – área que disciplina os padrões internos de conduta. É o único a permanecer na Siemens entre os seis que assinaram o acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O engenheiro disse ter desconfiado também de informações frequentes em uma nota fiscal emitida pela MGE Transportes para a multinacional. De acordo com autoridades, a MGE, subcontratada pela multinacional alemã em projetos de metrô e trens, era rota de propina entre pagamentos da Siemens a autoridades brasileiras.

As descrições nas notas destacavam o serviço “treinamento, atualização contínua e despesas de administração” não pareciam corretas, desconfiou o engenheiro ao ser confrontado. Essa suspeita se deve ao fato de o serviço prestado pela MGA à Siemens ser de “manutenção dos trens da série 3000 da CMPTM”.

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O criminalista Eduardo Carnelós é a favor do consultor Arthur Teixeira e rebate o depoimento de Gölitz. “Causa-em espécie que uma pessoa (Gölitz) que ocupou cargo tão elevado numa empresa multinacional demonstre desconhecer que a atividade de consultoria não se expressa necessariamente por meio de relatórios escritos.”

Ele afirma ainda que Teixeira “já explicou que, em muitas oportunidades, participou de reuniões para intermediar conflitos e que isso não era objeto de relatório”. “Além disso, na Polícia Federal ele (Gölitz) foi taxativo ao declarar que o Sr. Arthur não teve participação no suposto cartel.”

A Siemens não quis comentar “por questões de confidencialidade”. A MGE confirmou saber “de uma investigação das autoridades governamentais do Brasil sobre a indústria ferroviária”. “A investigação está em andamento, não temos comentários neste momento”, afirmou a empresa em nota.

(Com Estadão Conteúdo)

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