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Temer recebe sindicalistas – mas não firma compromissos

Integrantes da UGT, CSB, Nova Central e da Força Sindical propuseram medidas para diminuir o déficit público e aumentar a arrecadação do governo

Por Da Redação 26 abr 2016, 15h39

Em reunião com o vice-presidente Michel Temer nesta terça-feira, as centrais sindicais UGT, CSB, Nova Central e Força Sindical sugeriram ao peemedebista, como forma de aumentar a arrecadação e diminuir o déficit público, a taxação de grandes fortunas e de remessa de lucros do exterior, restrições à evasão de divisas e tributação de bens de luxo de transporte como aviões, lanchas, helicópteros e jet skis.

A classe teme a proximidade de Temer com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, filiado ao partido com a bênção do vice-presidente. Eles pediram ao vice que articule no Senado a derrubada do projeto de lei da terceirização, apoiado pelas entidades industriais. Logo após a reunião com os sindicalistas, Temer recebeu no Jaburu presidentes das federações de indústrias de Estados do Nordeste.

Os dirigentes das centrais avaliam que Temer abrirá espaço para que eles possam sugerir nomes para o Ministério do Trabalho. Não agrada aos líderes que Temer escolha um dirigente de uma central sindical específica. Eles querem que a pasta seja um espaço que vocalize no governo propostas da classe trabalhadora e sirva de contrapeso à influência de empresários por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “O ministro do Trabalho não pode fazer política de umbigo, validar mais sindicatos de uma central do que de outra. Seria um desserviço transformá-lo em um feudo e o tornaria dispensável”, criticou um dos quatro que se reuniram com Temer.

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, filiado ao PSD, levou a Temer a proposta de retomar antigas regras do seguro-desemprego. Para ele, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) dispõe de verbas para garantir a renda e assistência médica aos desempregados. Dirigentes das quatro centrais também aconselharam Temer a usar o dinheiro das reservas internacionais em dólar (estimadas em 370 bilhões de dólares) para estimular investimentos e pagar a dívida – essa tese chegou a ser proposta pelo PT, mas terminou rejeitada pela presidente Dilma Rousseff.

Ao fim do encontro no Palácio do Jaburu, eles relataram que Temer discursou e ouviu as reivindicações dos trabalhadores, mas não firmou compromisso em adotá-las. “O presidente Michel é um jogador de pôquer excelente. Ele tem uma cara que você não sabe o que ele está pensando”, disse Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). “Mas ele ouve. O mais importante neste momento é encontrar interlocutores que nos ouçam, porque nós podemos não ajudar em algumas coisas, mas também podemos atrapalhar bastante.”

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Segundo o deputado Paulinho da Força (SD-SP), presidente da Força Sindical, Temer discursou por cerca de 40 minutos e disse que precisará de apoio dos trabalhadores, empresários e para obter a “unidade nacional”. Um dos principais articuladores pró-impeachment, o parlamentar afirmou que Temer se comprometeu a não mudar programas sociais e a abrir espaços de debates sobre as propostas de lei em tramitação no Congresso Nacional. Paulinho sugeriu que o peemedebista realize um recadastramento dos beneficiários do Bolsa Família, como forma de encontrar pagamentos indevidos.

“Ele deixou uma tranquilidade com relação aos direitos dos trabalhadores, aos programas sociais como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e Pronatec. Ele disse que nós podemos ficar tranquilos que ele não mexerá porque precisa da unidade nacional”, disse Paulinho depois do encontro. “Se eu for guindado à Presidência da República vou procurar fazer um papel que sempre cumpri na minha vida, que é o da conciliação. Vou montar mesas de trabalhador, mesa de empresário e fechar junto com o Congresso”, disse Temer, conforme relato de Antonio Neto.

As centrais também aconselharam Temer a não mudar a fórmula de reajuste do salário mínimo, em vigor até 2018, ou a mudar regras de aposentadoria na Reforma da Previdência. No entendimento dos sindicalistas, Temer teria “desgastes desnecessários” ao propor mudanças. Eles propuseram um corte mais amplo em cargos comissionados e até de ministérios.

Uma das principais pautas dos sindicalistas, levadas ao vice, é a redução imediata das taxas de juros. “Ninguém aguenta taxa de 14,5%”. Daqui a quarenta dias, quando o Copom se reunirá de novo, a presidência estará nas mãos do Michel Temer. Tem que pensar em como baixar a taxa de juros para quem tem dinheiro investir na produção, na economia e não nos bancos”, disse Paulinho da Força. Ele também disse que o vice precisa garantir, por meio dos acordos de leniência, que as empresas envolvidas na Operação Lava Jato sejam preservadas – o que evitaria mais desemprego -, em que pese a punição aos executivos implicados criminalmente.

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Racha – As quatro centrais vão tentar que duas outras, a CUT e a CTB, assinem as propostas entregues ao vice. Mais alinhadas ao governo Dilma e ao PT, é pouco provável que elas participem de formulações a convite de Temer. O PT planeja abrir trincheiras, com sindicalistas, movimentos sociais e estudantis, para não reconhecer o governo interino do vice.

O presidente da UGT, que já havia se posicionado de forma contrária ao impeachment, agora afirma, de maneira resignada, que a questão mais urgente é resolver o desemprego e que o debate sobre a constitucionalidade do impeachment “não tem volta”. “Tem que dar um basta no desemprego, porque tem muita gente na informalidade e na precariedade”, disse. Para ele, as centrais alinhadas ideologicamente ao PT vão ter que se agregar caso Temer assuma a Presidência. “Vamos estar juntos num futuro porque nossas pautas são as mesmas e todas as centrais estarão empunhando as mesmas bandeiras, independente de torcida agora e da ótica distinta hoje em relação ao impeachment.”

“Duvido que a CUT, a CTB e o próprio MST possam ser contra qualquer uma das teses apresentadas aqui. As castanhas dos trabalhadores são as mesmas há muitos anos. Nós estamos a favor do Brasil. Qualquer que seja o governo, Michel ou Dilma, teremos que exigir que tome atitudes imediatas sobre o problema principal que é o desemprego, seguido pela retomada do crescimento e a inclusão social. Nós queremos um país pujante, crescendo e incluindo. Se os outros querem não deixar governar, não sou eu quem vou dizer”, criticou Antonio Neto, da CSB.

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