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Subterrâneos da política: vídeo mostra como o PTN do Rio negocia candidaturas

Jorge Sanfins Esch, presidente estadual do partido, afirma em vídeo que está coligado ao PMDB por dinheiro. Candidato a vereador é investigado pelo MP por ligação com o tráfico na Rocinha

Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 10h33 - Publicado em 4 out 2012, 11h55

Grande parte dos partidos políticos se torna visível apenas no período eleitoral. O que não significa, no entanto, que seus integrantes não estejam “na ativa” – mas nem sempre trabalhando em favor da democracia. A proliferação de partidos políticos no Brasil atende, muitas vezes, a interesses pessoais, como mostra o registro de uma reunião recente na sede do PTN do Rio. Vale a pena assistir aos 30 minutos de uma breve conversa na sede partido. A gravação, revelada pelo Radar On-Line, é a mesma que mostrou a negociação do partido por 1 milhão de reais para apoiar o PMDB do prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição. A voz dominante no vídeo é de Jorge Sanfins Esch – o homem de barba e cabelos grisalhos -, presidente estadual da sigla. Ele admite sem pestanejar que sim, acertou com representantes peemedebistas os termos da coligação, em detrimento da candidatura própria à prefeitura.

Em seu habitat natural, Esch é uma metralhadora de exemplos de como funcionam os subterrâneos da política, com as práticas que a maioria do eleitorado desconhece. A venda de apoio ao PMDB é a ilegalidade mais flagrante, mas a fartura de práticas abusivas, ilegais ou, no mínimo, publicamente reprováveis é imensa. O vídeo foi gravado com uma microcâmera em junho deste ano, logo após a primeira convenção do PTN, que homologou, no dia 17 daquele mês, a candidatura própria do partido – como mostram os diálogos. A data que aparece na tela (15/03/2008) está desatualizada no equipamento.

Se é preciso preencher a cota de candidatas mulheres, Esch resolve da seguinte maneira: “Se vocês conhecerem uma candidata, policial, bombeira, que queira sair candidata para ficar quatro meses em casa, de bobeira, traz (sic). Tem que ser urgente. Faltam seis mulheres. Quatro meses de licença, remunerada. Pago tudo. Não vai gastar advogado, contador. Pago tudo. Precisam de oito”.

Assista ao vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=jvziawEXcHQ

Aos candidatos a vereador que têm recursos não declarados, o conselho é direto: “Todo dinheiro que você gastar, põe na conta bancária, como doação de alguém, parente ou CNPJ. E paga com cheque. Não adianta pagar no caixa. Isso dá o maior problemão”, ensina, para camuflar doações ilegais.

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O método do PTN para selecionar candidatos cria uma espécie de bomba relógio para o partido. Depois da revelação da negociata com o PMDB, outro escândalo bateu à porta de Jorge Esch e seus correligionários. Na noite de quarta-feira o partido foi o destaque do Jornal Nacional, da Rede Globo, com o candidato a vereador Léo Comunidade. Ele é acusado de trocar cestas básicas por votos na favela da Rocinha, a maior do país. Para garantir a ‘transação’, Léo organizava reuniões em que os participantes deveriam mostrar o título de eleitor. O Ministério Público do Estado do Rio pediu a cassação do registro de Léo Comunidade e enxerga, na influência nociva que ele exerce na favela, ligações com o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.

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A gravação está sendo analisada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, e pretende confrontar versões de Jorge Sanfins Esch, o presidente estadual, e de Paulo Memória, o presidente municipal. Os dois disputam poder no PTN e são inimigos declarados. Sanfins Esch não esconde que está na coligação por dinheiro – e afirma não gostar de Eduardo Paes. “Não adianta ficarmos malhando em ferro frio. Sabemos claramente: qual é o nome sem ser Eduardo Paes que temos? Quem pode, eventualmente, nos ajudar? Não gosto do cara não. O Eduardo me deve não é do tempo dele não. Passei os quatro anos no Eduardo fora do governo dele. Falando com ele, dizendo que ele me deve porque apoiei no segundo turno com Paulo e Jandira. Você me deve pelo menos meu salário de 10 mil milhas. Oitocentos paus quase”, afirma, citando a quantia que pretendia receber, referente a uma dívida dos tempos em que trabalhou na RioLuz, autarquia municipal.

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Sobre a relação com Paes, o interlocutor de Esch ainda afirma, em tom de ameaça: “Eu estou duro, ferrado, não tenho dinheiro. Mas não sei se vou ter estômago para olhar na cara do Eduardo Paes. Me dá vontade de dar um tiro na cara dele. Ele foi canalha e safado comigo”, diz. Esch responde: “Não tenho menor amor. Estou lá porque Picciani (Jorge Picciani, do PMDB) está na frente do trabalho. Cada um faz sua listinha reivindicação básica que vamos levar e pedir. A ideia é tirar o Paulo (Memória) da situação de presidência e fazer o mesmo que ele fez com Cabral: por dentro do barracão para coordenação e defesa dos nossos interesses para material de campanha”.

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