Simão Jatene: “Pará sai desse plebiscito mais maduro”
Para o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, a votação é um momento histórico que mostra a consolidação da democracia brasileira
O governador do Pará, Simão Jatene, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, concederam entrevistas simultâneas na capital do estado neste domingo. Jatene apareceu por volta das 11 horas para votar no Núcleo de Esportes da Secretaria de Educação do Pará. Ele não quis revelar o voto, mas, sorridente, insinuou ter votado contra a criação de Carajás e Tapajós.
“Acho que o povo do Pará sai desse plebiscito mais maduro”, disse o governador. “A sociedade paraense precisa estar mais unida em torno de debates pelo bem do estado, como, por exemplo, sobre a lei Kandir”. A lei Kandir desonera a exportação de minérios extraídos no sul do Pará, de maneira que o estado não arrecada ICMS sobre as exportações.
Em entrevista coletiva no colégio Paes Carvalho, na Cidade Velha, Lewandowski informou que, até agora, o plebiscito custou ao TSE cerca de 19 milhões de reais. E disse que a votação ocorre normalmente no estado. “Tudo está funcionando a contento, o clima está absolutamente pacífico, o povo está ordeiro”, afirmou. “É um momento histórico. Esse plebiscito mostra que a democracia brasileira está consolidada”. Segundo ele, o resultado da apuração dos votos deve sair rapidamente após do fechamento das urnas. “Nós esperamos ter o resultado matematicamente definido em poucas horas depois de fechar as urnas”.
Embora o clima no Pará esteja de fato pacífico, pelo menos uma ocorrência de anormalidade foi registrada até agora. “Não houve prisões até o momento”, informou Lewandowski. “Aconteceu apenas uma apreensão de material irregular de campanha”. De acordo com o Ministério Público Federal do Pará, uma caixa com panfletos e algumas bandeiras da campanha pró-divisão foram apreendidas às 9 horas em Umarizal, bairro da região central de Belém.
O MPF-PA disponibilizou um número de telefone (0800-0960007) e um e-mail (denunciaeleitoral@prpa.mpf.gov.br) para receber denúncias de irregularidades no plebiscito. Até agora, chegaram informações de que alguns presos de Marabá não puderam votar por falta de urnas eletrônicas instaladas nos presídios e que mesários estariam trabalhando, na mesma cidade, vestidos com uniformes de campanha, o que é proibido.
O plebiscito – A capital do Pará amanheceu com os colégios e escolas municipais e estaduais abarrotados de pessoas. Por volta das 8 horas, o movimento nas seções eleitorais era intenso. Embora os eleitores estivessem organizados em filas, esperando calmamente pelo momento da votação, o clima era de pressa. Todos não viam a hora de sair para aproveitar o domingo.
No Colégio Virginia Alves da Cunha, no bairro de Marambaia, a concentração de eleitores por volta das 9 horas levou o taxista Joaquim Soares Lima, de 46 anos, a desistir de votar. Pelo menos naquele momento. “Volto mais tarde”, afirmou Lima. “Todo mundo quer votar de manhã para depois curtir o fim de semana. O povo quer mesmo é se livrar logo desse compromisso”.
No prédio que abriga o núcleo de Esportes da Secretaria da Educação do Pará, onde votou Jatene, duas filas foram formadas por pessoas aparentemente impacientes. “Os eleitores entram rapidamente, votam e vão embora”, informou o mesário Norberto Santos, de 49 anos. Segundo ele, como todos em Belém votam no “não”, não houve discussões. “O clima está tranquilo”.
Até o fim da tarde deste domingo, os 4.842.286 eleitores paraenses irão às urnas responder a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Tapajós?” e “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Carajás?”. O plebiscito que pode ser o primeiro passo em direção à divisão do Pará e à criação dos estados de Carajás e Tapajós começou às 8 horas e segue até as 17 horas, no horário local.
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