Serra emperra negociações para convenção do PSDB
Ex-governador quer presidência de instituto, mas partido nega. Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin foram escalados para apagar o incêndio
“Quem cultiva rancor morre envenenado por si mesmo”, Marcus Pestana, presidente do PSDB de Minas Gerais
Na véspera da convenção nacional do PSDB, os tucanos têm um nó a desatar: o espaço que José Serra terá no comando do partido. Derrotado nas eleições de 2010, o paulista luta para ficar com a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV). O cargo, no entanto, está prometido para Tasso Jereissati, que tem apoio da bancada de senadores.
O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, delegou ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a tarefa de dissuadir Serra. FHC e Alckmin reúnem-se com Serra nesta sexta-feira em São Paulo. Tentarão convencê-lo a abrir mão do ITV em troca da presidência do conselho político do PSDB, que será criado na convenção de sábado.
A inovação tem como objetivo abarcar em cargos de destaque tucanos de todas as plumagens. O conselho terá sete integrantes: FHC, Guerra, Alckmin, Serra, Aécio Neves, Tasso Jereissati e Marconi Perillo. A presidência do grupo ficaria com Fernando Henrique, mas diante da insistência de Serra pelo ITV virou moeda de troca.
Leia também: Sérgio Guerra: “Não dividiremos o comando do PSDB em cotas”
Se Serra ceder – e, se ceder, será no último minuto -, o PSDB vai para a convenção deste sábado com um consenso. Os paulistas brigavam para emplacar Alberto Goldman na secretaria-geral e jogar para escanteio Rodrigo de Castro, indicado de Aécio. Mas acabaram cedendo. Goldman ficará com a primeira vice-presidência.
O acordo que se tem até agora: Sérgio Guerra reconduzido à presidência, Goldman na primeira vice-presidência, Rodrigo de Castro na secretaria-geral e Márcio Fortes, do grupo de Serra, na tesouraria do partido.
Caso Fernando Henrique e Alckmin falhem ao tentar convencer Serra, o último recurso do PSDB será postergar a escolha do presidente do Instituto Teotônio Vilela para alguns dias depois da convenção, por indicação da cúpula.
A resistência do PSDB em relação a Serra no ITV vem sobretudo do grupo ligado a Aécio Neves. “O instituto e a executiva têm de remar para o mesmo lado. Com Serra isso não aconteceria”, diz o presidente do PSDB de Minas Gerais, Marcus Pestana.
Tucanos de São Paulo veem a recusa como um insulto. “O ITV é um cargo até pequeno para quem obteve 44 milhões de votos na eleição passada”, retruca o presidente do PSDB-SP, Pedro Tobias. “Perdemos três eleições presidenciais por culpa de Minas. Se Aécio continuar provocando São Paulo isso vai acabar mal.”
À ameaça dos paulistas, o presidente do PSDB de Minas responde com as palavras de um conterrâneo, Tancredo Neves: “Quem cultiva rancor morre envenenado por si mesmo.”