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Sem cumprir metas, Kassab se dá nota 10 em autoavaliação

Apresentação de realizações de seu governo em auditório repleto de apoiadores acontece a um dia do início da campanha eleitoral

Por Carolina Freitas e Marina Pinhoni
5 jul 2012, 18h42

O prefeito Gilberto Kassab convocou a imprensa no início da tarde desta quinta-feira para divulgar o balanço de sua gestão até o momento, apesar do fato de seu mandato só terminar em dezembro. Curiosamente, o anúncio acontece a apenas um dia do início da campanha para as eleições municipais e em meio a um desentendimento com a Rede Nossa São Paulo, entidade que propôs e ajudou a prefeitura a implantar seu plano de metas. Durante o evento que lotou de secretários e apoiadores um dos auditórios do Edifício Matarazzo, sede da prefeitura no centro de São Paulo, Kassab apresentou apenas os aspectos positivos de seu governo. Em um vídeo bem produzido e de aproximadamente uma hora de duração, a prefeitura destacou aqueles que considera os principais projetos implantados durante o período, sem citar as metas que não foram cumpridas. Coberturas de eventos como a Virada Esportiva e depoimentos satisfeitos de mães atendidas pelo “Mãe Paulistana” foram intercalados com animações que apontavam melhorias em diversas áreas. Em alguns momentos, como quando aparecem as entrevistas feitas com crianças com necessidades especiais atendidas pelo programa “Inclui”, o material chegou a ser aplaudido enfaticamente pela plateia. Leia também Gilberto Kassab: a política pela política Reinaldo Azevedo: A prefeitura e a ONG petista Questionado sobre a avaliação de seu desempenho, Kassab atribui nota 10 para sua gestão. “Essa nota é o simbolismo para que se possa reconhecer o trabalho de centenas de pessoas envolvidas, um trabalho carregado de muito idealismo e muito espírito público”, afirmou Kassab. “Dez pela dedicação, pela seriedade, pela eficiência, pela equipe.” O prefeito, entretanto, esquivou-se de falar sobre as promessas não cumpridas, mas admitiu não ter conseguido atacar todos os problemas da cidade. “Em relação aos outros aspectos de investimentos necessários na cidade de São Paulo, nem tudo pode ser feito. Nós temos a humildade de informar o que está em andamento e o que vai ficar para ser feito.” Kassab reconheceu que a falta de creches é uma das questões mais graves de São Paulo no momento. Disse, no entanto, ter priorizado a demanda: “Mais de 146 mil vagas foram criadas. Nosso sucessor precisa manter esse ritmo de crescimento”. Sobre a meta de entregar 70 quilômetros de corredores de ônibus até o fim do mandato, reconheceu que não será cumprida a tempo. “Muitos ainda estão sendo construídos e possivelmente ao longo do ano que vem ficarão prontos”. Ao falar sobre os hospitais prometidos, Kassab demonstrou esperança em algo improvável: a conclusão das unidades, ainda em licitação, num prazo de seis meses. “O plano não deu errado. Até o final da gestão, se eles não estiverem concluídos, faltará pouco.” Embate – Kassab vem travando uma queda de braço com a Rede Nossa São Paulo, entidade que propôs e ajudou a prefeitura a implantar o plano de metas. Nos bastidores, o prefeito acusa o presidente da entidade, Oded Grajew, de traição. Kassab esperava poder tirar proveito político do programa de metas. Não calculou que poderia não cumprir boa parte do que ele próprio se propôs a fazer quando eleito em 2008. E ser cobrado por isso. Na quinta-feira passada, a Nossa São Paulo apresentou um balanço do cumprimento das metas. Segundo a entidade, 81 das 223 metas foram cumpridas, 141 estão em andamento e uma não foi iniciada. A prefeitura apressou-se a apresentar a sua versão para o andamento das metas. No mesmo dia, convocou a imprensa para um evento em que apresentou 84 metas como concluídas, 138 em andamento e uma não iniciada. Na apresentação, Kassab criticou o trabalho da Nossa São Paulo: “Eles agem de má fé, não levam em consideração que as metas em andamento e os investimentos em uma região devem ser analisados como um todo. Essa instituição se julga dona, acha que o plano de metas só existe por causa dela.” A prefeitura disse que 73% das metas foram cumpridas. Para a Nossa São Paulo, esse porcentual fica em 63%. A entidade divulgou também nesta quinta nota intitulada “Mais transparência e menos desinformação oficial”, em que rebate as críticas do prefeito. Um dos exemplos da diferença de metodologia para cálculo do cumprimento das metas é a construção de um hospital municipal, que ainda está em fase de licitação. Para a prefeitura, a meta está 40% cumprida, quando para a Nossa São Paulo está em andamento. Para a população, a unidade não saiu do papel e provavelmente não será entregue ainda na gestão de Kassab. “Kassab fica ofendido quando questionado sobre o assunto porque sentiu o peso político de não cumprir as metas”, afirmou nesta quinta-feira o presidente da Nossa São Paulo, Oded Grajew. “Trabalhamos com dados oficiais e metodologia clara. Para nós e para a população, o importante é se a meta foi cumprida ou não. O prefeito está tentando ajustar os dados para fazer marketing da gestão.” Sob pressão, a entidade enviou um ofício ao presidente da Câmara dos Vereadores, Police Neto (PSD), sugerindo que a Casa acompanhe o cumprimento do Plano de Metas da prefeitura com balanços periódicos. “A Câmara, aproveitando sua numerosa e excelente equipe técnica, deveria ir a campo fazer uma avaliação de cada uma das metas, incluindo as consideradas cumpridas e o estágio real daquelas ditas em andamento”, propõe o documento.


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