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Julgamento do goleiro Bruno terá confronto de versões dos acusados de matar Eliza Samudio

Envolvidos no sequestro e no assassinato da jovem serão levados a júri popular em Contagem no próximo dia 19. Saiba como serão as audiências

Por Da Redação
3 nov 2012, 09h16

Os envolvidos na morte da jovem Eliza Samudio, desaparecida em 2010, ficarão novamente frente a frente a partir do dia 19 deste mês. O Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, será a sede do júri que promete movimentar o país. Bruno Fernandes, o goleiro que até 2010 era ídolo do Flamengo e chegou a ser cotado para a Seleção Brasileira, encabeça a lista de réus acusados de sequestrar e matar Eliza – a ex-amante com quem o atleta teve o menino Bruninho.

A expectativa é de que, por 10 dias, a repetição dos detalhes macabros do crime cause uma nova onda de comoção. E finalmente, diante da Justiça e dos jurados, os acusados devem se pronunciar. O histórico recente de manifestação das defesas indica que o véu de silêncio que reveste o caso pode se desfazer: Bruno e seu braço direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, não compartilham mais a mesma linha de defesa, e as teses convergentes podem ajudar a depurar a verdade sobre o que ocorreu em junho de 2010 entre o Rio de Janeiro e o sítio do jogador, em Esmeraldas, onde Eliza e o bebê ficaram em cárcere privado.

Entre as conclusões da Polícia Civil mineira, está a de que o plano inicial incluía o assassinato do bebê. Até hoje o corpo de Eliza não foi encontrado, e o Ministério Público terá trabalho para conseguir, sem esta prova material, dar aos jurados a certeza de que a jovem foi assassinada.

Apesar da convicção da acusação – e do público – de que Eliza foi brutalmente executada, parte dos advogados dos réus ainda sustenta que simplesmente não houve crime. Bruno nega ter tramado o sequestro, e diz que apenas deu dinheiro a Eliza – através de Macarrão – para que ela viajasse. Já Macarrão afirma ter deixado a jovem em um ponto de táxi, de onde ela partiu para nunca mais ser vista. O passado de Eliza, que atuou em filmes eróticos, alimentou ainda uma ‘hipótese’ formulada por Macarrão: segundo ele, Eliza teria deixado o filho recém-nascido para trás porque queria ganhar a vida trabalhando na indústria da pornografia.

Bruno e Macarrão no início negaram a existência do crime. Mas passaram a admitir que houve o assassinato. Os advogados de Bruno recentemente levantaram a hipótese de Macarrão ter agido “por ciúme” e por conta própria. A revelação, feita por VEJA, de uma carta escrita por Bruno para o amigo escancarou uma estratégia combinada previamente entre os dois: para livrar o goleiro, Macarrão poderia assumir toda a culpa. Dessa forma, Bruno voltaria a jogar e sustentaria a defesa dos demais envolvidos no caso.

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A acusação tem esperança de, a partir dos acusados em segundo plano, obter mais detalhes do caso. Durante muito tempo foi Bruno quem sustentou advogados de defesa, o que garantiu o silêncio dos demais envolvidos no crime, em favor da proteção do atleta. No banco dos réus, na iminência da condenação por sequestro e cárcere privado, personagens menos importantes na hierarquia das orgias e churrascos do sítio em Esmeraldas podem revelar detalhes esclarecedores para salvar a própria pele.

Serão julgados a partir das 9h do dia 19 os réus Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão (Macarrão), o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos (Bola), Dayanne de Souza (ex-mulher de Bruno) e Fernanda Gomes Castro (ex-namorada do goleiro). A previsão é de que as audiências caminhem até perto das 19h diariamente. Os outros dois acusados pelo crime, Elenílson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza, serão julgados em outra data, ainda a ser definida – ambos conseguiram o desmembramento do processo.

Jorge Luiz Sales, primo do jogador, apreendido na época do crime com 17 anos, já foi julgado e cumpriu medida socioeducativa em BH até setembro deste ano. Considerado peça fundamental nas investigações da Polícia Civil, o jovem está em liberdade e foi incluído no programa de proteção à testemunha. Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também acusado pela trama, foi morto em agosto, num crime que a Polícia Civil vê motivação passional, apesar de ele ter sido considerado pela Justiça um “arquivo vivo”, pelas contribuições que deu às investigações.

Testemunhas – Cada réu poderá apresentar até cinco testemunhas, mesmo número válido para a acusação, comandada pelo Ministério Público (MP). Ao todo serão ouvidas 30 pessoas, entre defesa e acusação. As autoridades policiais responsáveis pelas investigações do caso também poderão ser interrogadas, mas somente para esclarecimentos sobre o inquérito. Depõem primeiro as testemunhas e, em seguida, os acusados.

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O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que serão convocadas 25 pessoas, residentes em Contagem, maiores de 18 anos e sem antecedentes criminais para compor o júri. Sete delas serão escolhidas por sorteio para participar do julgamento. Os advogados de defesa e a acusação podem recusar até três delas, o que levará a um novo sorteio, até que todos estejam de acordo. As demais serão dispensadas.

A juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que presidirá o júri, ficará em uma área delimitada. Ao lado esquerdo dela estará o escrivão, à direita, o promotor Henry Wagner Vasconcelos e o assistente da acusação José Arteiro Cavalcante de Lima. A defesa ocupará uma mesa de frente para a magistrada. Na lateral, ficarão as sete cadeiras para os jurados.

Custo – A previsão é de que o julgamento tenha duração de dez dias e o custo de cerca de 35.000 reais. O montante sairá dos cofres da Justiça de Minas Gerais. As despesas incluem a hospedagem dos sete jurados e dos réus, que não retornarão à prisão ou para suas casas até o fim do julgamento – todos serão mantidos confinados em um hotel de Contagem. A alimentação dos réus, jurados e testemunhas durante as sessões também está incluída na conta.

As testemunhas permanecem no local somente durante o depoimento, de costas para a plateia. A capacidade do público é de 100 pessoas. O TJMG determinou a distribuição de 50 senhas para a imprensa e outras 50 para familiares que pretendem assistir às sessões.

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