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Russomanno é sócio de empresário que defendeu

Ex-deputado promoveu audiências na Câmara sobre disputa entre a Coca-Cola e a Dolly, marca pertencente a Laerte Codonho, sócio do hoje candidato do PRB

Por Da Redação
28 jul 2012, 10h23

O candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, usou o seu mandato quando era deputado federal para defender o empresário Laerte Codonho, que foi condenado à prisão pela Justiça por crime contra a ordem tributária e hoje é o seu sócio.

Dono da marca de refrigerantes Dolly, Codonho foi o principal doador de Russomanno na campanha eleitoral de 2010, quando o então deputado disputou o governo paulista. Deu R$ 250 mil ao candidato, por meio da empresa Tholor do Brasil. Também patrocinou o Programa Celso Russomanno, exibido pela TV Gazeta entre 2006 e 2008, com a marca Guaraná Dolly.

Em 2004, quando era deputado pelo PP, Russomanno apresentou à Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados, o requerimento de número 301, no qual pedia para que fossem investigadas denúncias sobre suposta concorrência desleal da Coca-Cola contra a Dolly.

Em 2007, quase três anos depois da ação no Congresso, Codonho comprou uma participação na empresa de comunicação do candidato, a ND Comunicação e Publicidade, fundada em 1986. A produtora é responsável por fazer os programas políticos e atrações na TV que foram comandadas por Russomanno.

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Codonho foi protagonista de uma guerra contra a Coca-Cola, com acusações de espionagem empresarial, arapongagem e até agressões físicas. O litígio foi parar nos tribunais e nos órgãos governamentais de defesa da concorrência. O empresário acusava a Coca-Cola de querer quebrar sua empresa, por meio de pressão em fornecedores e distribuidores. Também dizia que a multinacional plantara um suposto contador na Dolly com o intuito de prejudicá-lo e colher informações confidenciais da empresa.

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Fórmula – Além de solicitar a audiência no Congresso para ouvir a Dolly, Russomanno interveio a favor da empresa ao defender que a Coca-Cola deveria informar se havia na composição do refrigerante extrato vegetal feito a partir da folha de coca – Codonho alegava que as substâncias derivadas da coca eram usadas e feriam normas brasileiras, além de causarem dependência.

“O consumidor final precisa ter o direito de escolher no mercado de consumo o melhor e mais barato. Toda vez que tiramos uma empresa do mercado, seja nacional, seja estrangeira, estamos impedindo que o consumidor tenha opção”, disse o deputado no plenário da Comissão. “São pilhas de documentos que podemos trazer à audiência pública desta comissão. Quero saber também se existe realmente algum derivado (da folha de coca)”, afirmou o parlamentar na época. Russomanno também questionou a multinacional sobre denúncias de caixa 2, propagadas por Codonho. “Quero saber da Coca-Cola se existe o caixa 2.”

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Na audiência, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) disse que Russomanno “tentou ser o juiz arbitral” do litígio entre a Coca-Cola e a Dolly. “Mas as cifras pedidas foram altas demais, não se podia falar, e a denúncia chegou a esta comissão. Essa é a verdade. Há grandes interesses envolvidos nisso, e nós também estamos sendo envolvidos”, declarou o parlamentar, segundo as notas taquigráficas da Câmara. Russomanno reagiu. “O que vossa excelência citou é muito grave, muito sério”, afirmou contra Araújo. Disse ter “tentado” um acordo, mas sem relação com a tentativa de venda da Dolly.

Na época, executivos ligados à multinacional disseram que Codonho queria vender a empresa para a Coca-Cola por US$ 100 milhões. Por isso, estaria encabeçando a campanha contra a companhia. Codonho negou que quisesse vender a sua indústria.

Diante da série de acusações entre as empresas, Russomanno chegou a fazer um desabafo: “Nesse mercado de cerveja e de refrigerante, assunto já discutido na Comissão de Defesa do Consumidor várias vezes, absolutamente ninguém é santo”.

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‘É crime’ Antes da audiência na Câmara, o candidato do PRB já havia defendido Codonho. Em 2003, quando os dois se conheceram em Brasília, participou do programa 100% Brasil, da Rede TV!, patrocinado pela Dolly. “No refrigerante, especificamente a Coca-Cola, você não sabe o que está bebendo. Há 62 anos ninguém sabe o que está bebendo”, disse na atração. “É crime não informar corretamente ou fazer publicidade e não dizer o que é que está compondo o xarope da Coca-Cola. Queremos saber o que estamos consumindo.”

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou Codonho e a Rede TV! a pagarem indenização de R$ 2 milhões por danos morais à Coca-Cola. Cabe recurso.

Outro lado – Russomanno relatou que tentou “mediar uma solução” entre a Dolly e a Coca-Cola antes da audiência na Câmara, mas disse que a tentativa foi “infrutífera”. “Houve reuniões em lugares pré-estabelecidos pela própria Coca-Cola a fim de que ela pudesse tomar ciência do que a Pananco (que depois se transformou em Femsa, engarrafadora do refrigerante) estava fazendo contra a Dolly em São Paulo”, disse.

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O candidato sustentou que durante anos manteve “bom relacionamento e amizade” com a direção da Coca-Cola e declarou que, antes do caso da Dolly, mediou e resolveu dois casos envolvendo a multinacional. Ele afirmou que tomou conhecimento pela reportagem da condenação judicial de Codonho e disse que só se manifestará quando o processo for concluído.

O empresário defendeu Russomanno e destacou a “coragem” do sócio. Questionado se o então deputado atuou como árbitro no litígio contra a Coca, Codonho afirmou: “Não tenho conhecimento de que ele atuou como árbitro. Ele simplesmente teve coragem de defender uma indústria brasileira contra os interesses e o massacre da Coca-Cola”. O empresário acrescentou que nunca pediu ao então deputado que fizesse o requerimento solicitando a audiência na Comissão de Defesa do Consumidor, da Câmara dos Deputados.

Codonho contou que conheceu Russomanno em 2003, em Brasília – mesma versão apresentada pelo candidato -, e que resolveu patrocinar o programa na TV do então deputado “por ser um excelente comunicador”. O empresário sustentou que entrou como sócio na produtora do então deputado para “reduzir custos de publicidade”.

Codonho diz que sua condenação judicial “é um equívoco por não ser sócio da empresa”. Ele alega não ter relação com a Ragi Refrigerantes, que engarrafava e comercializava a Dolly. “Fui declaro impedido de ter acesso ao processo justamente por não ser sócio e, portanto, não ser parte interessada. Tenho a convicção de que, prevalecendo Justiça, a condenação não vai prosperar”.

(Com Agência Estado)

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