Relatora da Comissão de Ética mantém decisão sobre Lupi
Conselheira Marília Muricy diz que não mudará relatório encaminhado na quarta-feira a Dilma Rousseff. Presidente decidiu manter o ministro no cargo
A conselheira da Comissão de Ética Pública da Presidência Marília Muricy afirmou nesta quinta-feira que não irá mudar o relatório que recomendou a demissão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. A partir do documento, elaborado por Marília, o grupo decidiu, por unanimidade, pedir a exoneração de Lupi. “Não há absolutamente nenhuma hipótese de mudança no relatório”, afirmou Marília. “Também não acredito que a presidente Dilma pretenda isso, não está em cogitação”.
A presidente Dilma Rousseff encaminhou um ofício ao grupo pedindo os argumentos completos em que ele se baseou para sugerir a saída do ministro. Segundo o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, em tese, o grupo pode rever a decisão. “Se a comissão entender que a força dos meus argumentos já não é mais a mesma e mudar de posição, isso será decisão da comissão”, disse a relatora do caso.
Marília disse que a situação faz parte do jogo institucional e que não se sente desconfortável com o pedido de Dilma. “Não me surpreende, nem me deixa desestabilizada a situação em que nos encontramos”, disse. Para ela, a comissão precisa prestar contas à sociedade e preservar a imagem das instituições públicas, como os ministérios.
A Comissão de Ética Pública só deve se reunir novamente no ano que vem. Pertence disse que não tem pressa em encaminhar tudo o que embasou a decisão do grupo para a presidente Dilma. “É um fato novo que deve ser examinado com muito cuidado e sem passionalismo”, disse.
Pertence também rebateu as acusações do PDT contra a decisão da comissão: “Não pretendemos perseguir ninguém”. Essa é a segunda vez que o grupo pede exoneração de Lupi. A primeira ocorreu em 2007, porque ele acumulava os cargos de ministro e de presidente do PDT, o que não é permitido. Na época, ele abriu mão da presidência do partido.