Região serrana do Rio terá que esperar mais um ano pela reconstrução
Governador Sérgio Cabral reconhece que só dois anos depois da tragédia será possível entregar casas e obras de recuperação dos estragos de 2011
O governador do Rio, Sérgio Cabral, reconheceu que a população afetada pelas chuvas na região serrana do Rio terá de enfrentar mais um ano difícil. O cenário é desanimador para os moradores de cidades como Santo Antônio de Pádua, Laje de Muriaé, Campos e Italva, no Norte e no Noroeste do estado, que acabam de entrar para a lista de cidades devastadas pela chuva. Segundo Cabral, só no segundo ano os investimentos em reconstrução de estrutura, criação de moradias e contenção das chuvas vão gerar resultados.
“Já houve uma melhora (na região serrana). Mas é evidente que no segundo ano nós teremos vitórias mais efetivas, com a construção das residências. Semana que vem, vou lançar um pacote de 300 milhões de reais de obras”, disse Cabral, durante o lançamento do programa Zico 10, de escolinhas de futebol, na favela da Mangueira.
O governador citou o exemplo de Angra dos Reis e da Ilha Grande, onde ocorreu a tragédia no primeiro dia de 2010, para comparar o tempo necessário para recuperação das cidades. “Em Angra, por exemplo, o primeiro ano foi muito difícil. Mas dois anos após a tragédia do ano novo as pessoas estão morando em casas construídas pelo governo do estado, estão todas satisfeitas”, disse.
Com as autoridades do estado e dos municípios em alerta permanente para o risco de uma nova tragédia no período das chuvas, o governador pede ajuda a Deus. “O estado está em alerta permanente. Todas as secretarias estaduais trabalhando, apoiando os municípios. Mas nós pedimos a Deus que, sobretudo nas encostas, não ocorram os mesmos dramas que vivemos no passado”.
Diante da incapacidade do poder público para garantir tranqüilidade aos moradores, o pedido do governador dirigido aos céus faz sentido. Nesta quarta-feira, uma vistoria do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do estado do Rio (CREA-RJ) no município de Nova Friburgo – o que está em situação mais crítica na serra – encontrou novos riscos de deslizamento. “A prevenção deve ser feita na estiagem”, afirmou o engenheiro Adacto Ottoni, que percorreu áreas da cidade.
Esta foi a terceira vistoria do CREA em Nova Friburgo. E uma das conclusões foi a de que as recomendações feitas em janeiro e agosto do ano passado não foram seguidas.
O governador pediu que a população siga as orientações das defesas civis municipais e estadual para reduzir o risco de novas mortes. “Nós vimos na serra um processo de alerta funcionando muito bem. Infelizmente, no noroeste fluminense, um senhor voltou a sua residência para buscar um pertence que ele achava importante e acabou morrendo porque o Rio estava em um nível elevado. Uma senhora morreu de infarto”, disse, em relação aos óbitos registrados nos primeiros dias do ano.
Para justificar a demora na reconstrução das cidades, Cabral citou Nova Orleans e a tragédia do furacão Katrina. “Sempre dou Novar Orleans como exemplo. Seis anos depois, ainda há marcas do desastre. Estamos falando do país mais rico do mundo”, justificou.