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‘Vândalo do sapatênis’ é preso por depredar a prefeitura de SP

Homem que teria começado o quebra-quebra na entrada do Edifício Matarazzo, em São Paulo, gosta de ler Paulo Coelho e pratica musculação diariamente; no YouTube, ele mistura artes marciais com imagens de animais marinhos

Por Mariana Zylberkan
19 jun 2013, 23h38

O estudante de arquitetura das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Pierre Ramon Alves de Oliveira, 20 anos, foi para a Praça da Sé na tarde da última terça-feira, de onde partiu a sexta manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, como quem vai para uma balada na Vila Olímpia: camisa justa, calça jeans e relógio de grife, sapatênis e, claro, uma requintada máscara respiratória, cujo modelo semelhante é vendido por cerca de 50 reais na Internet. Antes de sair em marcha pelo centro de São Paulo, ele posou para fotos ao lado de amigos. Um deles carregava um cartaz com os seguintes dizeres: “Larga o ‘Candy Crush’ e vem para a rua”, em alusão ao jogo on-line que faz sucesso no Facebook.

Mais do que um tipo engomadinho e musculoso – raro em manifestações populares -, Oliveira ficou marcado pela voracidade de seus atos. Bem disposto e com “sangue nos olhos”, ele demonstrava uma vontade incomum para a depredação. Oliveira investiu violentamente contra a porta principal do Edifício Matarazzo, sede da prefeitura de São Paulo, ameaçou e chamou para a briga a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e quebrou vidros com as grades de ferro que tinham sido usadas para manter os manifestantes afastados do prédio público. Pela selvageria registrada em rede nacional, Pierre Ramon Alves de Oliveira passou a ser chamado de o “vândalo do sapatênis” nas redes sociais.

Se antes da terça-feira ,18, Oliveira não tinha antecedentes criminais, com a máscara de “vândalo do sapatênis” preencheu uma enorme ficha corrida. Ele foi detido nesta quarta-feira por ter jogado grades de ferro e pedras contra um edifício tombado pelo Patrimônio Histórico, por ter confrontado a GCM e por ser suspeito de ter ateado fogo num carro de transmissão de imagens da TV Record. A Polícia Civil levou à Justiça um pedido de prisão temporária do manifestante por formação de quadrilha e dano ao patrimônio público, mas ainda aguarda a decisão do juiz.

Força e delicadeza – Pierre Ramon é vaidoso e usa o Youtube como vitrine para suas habilidades marciais. Ele mantém atualizado um canal no YouTube em que coleciona mais de vinte vídeos em que aparece lutando muay thai — ele vence a luta em todos. O excesso de testosterona é balanceado por vídeos em que ele demonstra seu amor pelos animais, especialmente os marinhos. Ele postou longas sequências em que acompanha os movimentos de um siri dentro do aquário.

O “vândalo do sapatênis” é corintiano e adepto de esportes radicais. Em 2009, pulou de paraquedas na cidade de Boituva, no interior de São Paulo, famoso destino de praticantes de voo livre.

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Reprodução/Orkut

Pierre Ramon, o vândalo do sapatênis
Pierre Ramon, o vândalo do sapatênis (VEJA)

Vigor – A forma física de Oliveira é esculpida em sessões diárias de musculação, pela manhã, em uma academia na Penha. Nos treinos, ele já chegou a levantar 80 quilos no supino, exercício voltado para os músculos peitorais. Avaliado como “amigável” na academia que frequenta há cinco anos, o “vândalo do sapatênis” ganhou apoio dos seus colegas frequentadores, que avaliam como revolta legítima o ato de vandalismo atribuído a ele pela Polícia Civil.

Segundo pessoas que frequentam a mesma academia, seu porte físico e boa educação costumam atrair a atenção das garotas. Mas, desde que foi filmado depredando o prédio da Prefeitura, os suspiros apaixonados viram que por trás do Dr. Jekyll existe um Mr. Hyde. “Esse Pierre Ramon é gatinho, pena que as aparências enganam”, escreveu a estudante Rhaianny Oscar em sua página no Twitter.

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Redes sociais – Consciente das possíveis reações ao ato de depredação, Pierre Ramon tratou logo de apagar seu perfil no Facebook logo que as imagens da depredação se espalharam como pólvora pela Internet. Mas seu rastro cibernético foi recuperado, ainda que apenas a primeira página. Nela, constam informações sobre a formação intelectual do estudante. Entre os livros que leu, figuram títulos de Paulo Coelho e o bestseller de autoajuda O Segredo. O cantor Renato Russo e o ator Arnold Schwarzenegger ganharam seu clique na seção “personalidades que o inspiram”.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) do estado e o Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) ainda não confirmaram a prisão do manifestante. Oliveira também não estaria ligado ao Movimento Passe Livre. Procurado pela reportagem do site de VEJA, o advogado de Pierre Ramon, Gerson Bellani, não atendeu o celular.

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