PM revê procedimentos após policiais matarem publicitário
Simulação com instruções sobre a forma correta de abordagem foi filmada e será repassada para batalhões da Região Metropolitana
Depois de policiais militares matarem o publicitário Ricardo Prudente de Aquino, de 39 anos, em uma ação desastrosa na noite de quarta-feira em São Paulo, o comando da corporação passou a orientar os batalhões sobre os procedimentos a tomar em casos de abordagem de carros pela frente. A situação foi simulada na sexta-feira no Quartel General da PM, no Bom Retiro, região central. O exercício foi filmado e as orientações serão repassadas aos batalhões da Região Metropolitana.
Leia também:
“Abordagem da polícia foi desastrosa”, diz secretário de segurança
Imagens mostram ação da PM em morte de publicitário
Depois do erro, oito policiais passaram a tarde de sexta-feira simulando formas de ação em casos como o do publicitário, com a viatura da polícia abordando o carro suspeito pela frente. Policiais que participaram da encenação chegaram a usar um escudo da Força Tática para se aproximar do suspeito. Outro policial, sem farda, manteve um celular na mão o tempo todo – policiais que atiraram no publicitário disseram ter confundido celular com arma. Na simulação, o homem foi convencido a sair do veículo. Depois, foi imobilizado e revistado, assim como o carro.
O coronel Marcos Roberto Chaves, comandante do Comando de Policiamento da Capital, diz que o procedimento esperado dos policiais quando param um carro suspeito é estacionar a viatura atrás do carro. Se a viatura fechar o carro suspeito, tendo de fazer uma abordagem frontal, o treinamento determina que os PMs esperem a chegada de outra viatura por trás. A abordagem seria feita por este outro carro.
“Por incrível que pareça, a abordagem pela frente até acontece, já aconteceu. Mas foi em circunstância que o agressor não fugiu”, disse ele, ao justificar a falta de modelos de ação para a abordagem de frente. “Nesse caso em particular, por qualquer motivo, a abordagem foi feita ao contrário. Então gera um estresse, porque o PM está de frente para o agressor e não sabe do que se trata – porque, se o suspeito fugiu, tem algum motivo para isso. Nesse momento, o policial tem de saber qual é a melhor técnica de abordagem sem fazer uso da arma.”
O coronel disse acreditar que a falta desse treinamento específico, o fato de estar de noite e de as luzes do carro de Aquino atrapalharem a visão dos policiais contribuíram para o desfecho trágico. “Tudo isso influenciou. Quando o policial está sob adrenalina, embora ele seja muito treinado, pode ficar em uma situação em que não sabe o que fazer. E ele não pode improvisar, tem de agir sob as técnicas.” Por isso, disse ele, será feito esse novo treinamento.
(Com Agência Estado)